Em Portugal o fenómeno OVNI manifestou-se e manifesta-se com poucas diferenças relativamente ao resto do mundo. E provavelmente já muito antes de 1947. É só a partir desta data no entanto que se populariza o termo “disco voador”. Há documentação que demonstra que já se vêem luzes e objectos estranhos nos céus portugueses muito antes dessa data, nos séculos XVII, XVIII e XIX, muita dessa informação investigada e compilada da imprensa portuguesa pela investigadora e historiadora, Fina D`Armada (Os OVNIs em Portugal, Joaquim Fernandes, 1984, DISCOLIVRO, Editores e Distribuidores, Lda., pág. 17). Em Portugal existem, actualmente, alguns centros que se ocupam da investigação do fenómeno OVNI. Um desses centros é o CTEC – Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência, antigo CEAFI, cuja coordenação é levada a cabo pelo Prof. Dr. Joaquim Fernandes, professor de História da Universidade Fernando Pessoa.
É louvar a criação deste tipo de centros dedicados à investigação científica séria e honesta dos fenómenos paranormais. O CTEC é formado por especialistas em várias áreas científicas que procuram abordar estes fenómenos honestamente e construir as mais diversas hipóteses para os explicar. O CTEC também organizou um programa de televisão de grande qualidade sobre OVNIs chamado Encontros Imediatos. Nesse programa foram debatidos alguns dos casos mais interessantes de OVNIs ocorridos em Portugal. Vamos apresentar e analisar alguns, embora não com demasiada precisão, dado que esse trabalho já foi feito – e bem feito – pelo Dr. Joaquim Fernandes e por Fina D`Armada nas suas obras.
O Caso Ilha Terceira (31 de Janeiro de 1968)
Serafim Vieira Sebastião, 36 anos (na altura do ocorrido) e guarda das instalações militares “Azores Air Station” na Base das Lajes da Ilha Terceira, nos Açores, estava no posto daquelas instalações a guardar o depósito de munições, tranquilo, no que era, aparentemente, uma noite igual às outras, preparando-se inclusive para ouvir no rádio um jogo de futebol Setúbal-Sporting quando, de repente, o rádio deixou de funcionar normalmente. Eram aproximadamente 23 horas da madrugada quando os seguintes factos ocorreram. O aparelho transístor que Serafim usava para ouvir o relato começou a fazer interferências e o guarda tentou averiguar se era um problema de sintonização o que não parecia ser o caso pois o rádio continuava a não funcionar apesar das suas tentativas de repará-lo. Serafim tentou ligá-lo e desligá-lo e nada. Continuava a não dar sinal. Nisto, Serafim ouviu um estranho zumbido vindo do exterior e saiu para ver o que era. Viu surgir, à sua frente, junto ao depósito de munições um estranho e brilhante objecto voador que apontava um foco para o depósito. Assustado, voltou a entrar no posto e tentou usar o telefone para informar os colegas da presença daquele estranho objecto. A claridade aumentou vinda de fora pela janela e tendo origem no invulgar objecto. Serafim deduziu que o objecto se aproximava. Voltou a sair do posto e constatou que o objecto se aproximava do paiol de munições do posto, no qual incidia a luz do que parecia ser um poderoso holofote. O objecto que Serafim viu era oval, tinha uma torre de vidro no centro e, à volta dela, um corrimão ao qual pareciam encostar-se dois homens ou dois seres. Dentro da torre estavam outros dois homens. Mais uma vez Serafim voltou a entrar no posto trazendo consigo uma lanterna que apontou para o foco produzido pelo objecto e, no instante em que o fez, pareceu-lhe ter-se levantado do solo uma estranha poeira que o fez perder os sentidos.
Foi encontrado por um colega e levado para o Hospital Regional onde veio a recuperar-se e onde contou a estranha história. O médico determinou que nada havia de fisicamente errado com ele pelo que “deve ter desmaiado do susto”. O Projecto Blue Book, então activo, meteu o bedelho neste assunto e saiu mais tarde uma explicação disparatada – para variar! – de que o que Serafim tinha realmente visto fora “um curto-circuito causado pelo choque de um balão meteorológico nuns cabos de alta tensão”, que ademais nem existiam nas redondezas. Existiam, sim, cabos telefónicos.
De qualquer forma, Serafim Sebastião, insistiu que não tinha visto curto-circuito nenhum, nem “helicóptero, nem avião, nem balão meteorológico”; que o que tinha visto mesmo foi o tal objecto oval com os quatro seres lá dentro e, mais tarde, cansado de toda a publicidade gerada à sua volta pediu para o “deixarem em paz!” e recusou-se a fazer mais declarações acerca do assunto!
Devemos insistir em que este é um dos tais casos em que existe o tal abuso da chamada “navalha de Occam”. A explicação mais “simples” serviu para os supostos cientistas meterem a cabeça na areia. Mas o Projecto Blue Book havia sido construído para isso mesmo, para “desdramatizar” a questão dos OVNI perante a população. Para os governos, mesmo os que se dizem mais “democráticos” parece ser importante que as pessoas “não pensem”. Embora talvez os governos não pensem por sua vez nos efeitos que isso possa ter a longo prazo. Julgo que os indivíduos contribuem melhor para a sociedade se lhes for permitido o acesso à informação tal-como-ela-é e se forem ensinados (não doutrinados) a reflectir sobre os assuntos sem medos nem tabus, sempre desnecessários, que aumentam o medo, a desconfiança, e mesmo a charlatanice, ao invés de os diminuir.
O Projecto Blue Book já foi bastante analisado e dissecado noutras obras principalmente pelo homem que fez parte dele e que acabou por retirar-se, decepcionado e reconhecendo as suas falhas, o grande investigador de OVNIs dos Estados Unidos, o Prof. Allen J. Hynek. De resto, a Força Aérea Portuguesa sempre tendeu a fornecer toda a informação possível sobre os seus casos aos especialistas de OVNI, procurando encontrar em conjunto com estes uma explicação, como o confirma, por exemplo, o seguinte caso, existente nos arquivos do CTEC e mencionado no livro OVNIs em Portugal do Dr. Joaquim Fernandes, e que vamos “dissecar” a seguir.
O Caso do General Lemos Ferreira (4 de Novembro de 1985)
A 4 de Novembro de 1985, o General Lemos Ferreira mais três sargentos pilotos aviadores da Força Aérea Portuguesa saíram em esquadrinha nos seus aviões F-84 num voo de rotina de navegação nocturna com destino a Córdoba e regresso em direcção a Portalegre, Coruche e novamente à OTA. Já de retorno de Córdoba e em direcção a Cáceres viram a norte um corpo que perceberam como uma esfera esquisita “parecendo um corpo celeste anormal”. O General Lemos sublinhou posteriormente que não fez confusão com Vénus que tinham inclusive identificado.
O objecto encontrava-se então à frente dos aviões, bastante longe, mas mais ou menos à mesma altitude (8000-8500 metros). Extraordinariamente o objecto muda de tamanho reduzindo-se a um ponto “umas 20 ou 30 vezes menor que a dimensão primitiva” e começa a repetir isso. O objecto fez essa operação, de aumento e diminuição de tamanho, várias vezes à medida que mudava também de cor.
Quinze minutos depois, estando a esquadrilha perto de Cáceres e pronta para seguir para Coruche, os pilotos começam a distinguir melhor a forma do objecto. “Do tamanho de um dedo, com uma ligeira curva, tendo nos bordos uma espécie de dentes” disse o General Lemos. Sublinhe-se que o objecto era “do tamanho de um dedo” VISTO ÀQUELA DISTÂNCIA dado que não puderam calcular as dimensões reais do objecto por não saberem do que se tratava. O objecto começa então a mudar de posição, a descer mais para baixo e para a esquerda relativamente à esquadrilha. Um dos sargentos, no avião que se encontrava à direita do General Lemos descobre então dois pontos luminosos destacados do objecto. Pouco depois outro piloto descobre outro, até que finalmente a esquadrilha pode observar distintamente quatro objectos para além daquele que tem a forma de dedo.
Os quatro pequenos objectos que agora se distinguiam “eram bastante menores que o outro e tinham uma forma esférica, uma espécie de disco” referiu o General Lemos. Apresentavam uma coloração amarelo-esbranquiçado ao passo que o objecto grande apresentava cor amarelo-encarniçado. A posição dos cinco corpos variava. A certo ponto o General Lemos ficou com a impressão que os objectos menores eram comandados pelo maior. Começou a suspeitar de um comportamento inteligente. Teve a sensação que os objectos eram comandados. Isto porque, segundo o General Lemos, na volta dos F-84 para a esquerda, entre Cáceres e Badajoz, volta que envolvia 70 a 80º para a esquerda, a posição dos objectos relativamente à esquadrilha manteve-se.
Já perto de Coruche um dos sargentos repara que os objectos vêm na sua direcção e dá o alarme. Os F-84 desviam-se. Evitou-se por pouco uma colisão. Um dos objectos tinha vindo na direcção da esquadrilha obrigando os caças a afastarem-se, cada qual para o seu lado. Depois disto, os objectos não mais foram vistos. O General Lemos contou o sucedido ao Dr. Joaquim Fernandes e foi inclusive autorizado a redigir um relatório o que fez e que foi assinado pelos quatro sargentos que participaram com ele daquela aventura. O relatório terá seguido para a NATO.
OVNIs no Algarve
Nesta secção vou narrar alguns casos ocorridos no Algarve. É importante referir que, seja em que região for, em Portugal ou no mundo, existem casos que não são reportados às autoridades seja porque as testemunhas não dão demasiada importância ao assunto, seja porque têm medo do ridículo, seja por outra razão qualquer. Pessoalmente conheço diversos em que isso acontece: as testemunhas “retraem-se” até porque muitas vezes aquilo que viram podia não ser necessariamente uma nave extraterrestre mas sim algo que ficou apenas no plano do “não identificado” o que já não é pouco. Por ser algarvio, dei prioridade, nesta secção, a casos ocorridos no Algarve. Os casos são extraídos do livro Ovnis em Portugal (1978) de Joaquim Fernandes da editora Nova Crítica, Porto.
Algoz, Concelho de Silves 10/06/1960
O Sr. Carlos Sabino, alfaiate de profissão, dirigiu-se a Algoz, como era seu costume, assistir à emissão de televisão, que poucas pessoas possuíam na altura, sendo mais comum existir nos sítios públicos: sociedades recreativas e cafés. Despreocupado com as horas na conversa com os amigos, quando deu por si já eram três e meia horas da madrugada e pôs-se a caminho de Silves. Acompanhado por um cão, de nome “Filipe”, fez-se à estrada naquela noite de Lua Cheia. No sítio de Peras, a pouca distância da povoação, viu o que a princípio supôs ser um automóvel. Logo se alarmou devido à intensa luminosidade que se desprendia do objecto, um disco voador, e agachou-se, cheio de medo atrás de uma moita, observando as manobras de seis pequenos humanóides, «homúnculos» como lhes chamou o Diário de Notícias do dia 13/06/60, à volta do aparelho. Quanto ao “Filipe”, o rafeiro que o acompanhava, “fugiu a bom fugir!”, assustado com o que presenciara.
Minutos depois o estranho objecto elevou-se na vertical e desapareceu. Carlos Sabino aproveitou essa oportunidade para correr para casa, mas a cerca de 50 m da sua habitação foi outra surpreendido por um objecto voador, talvez o mesmo, que vasculhava o solo com um feixe de luz intensa, finalmente, o objecto desapareceu para não mais voltar.
Durante muito tempo as pessoas da região comentaram esta estranha história, até porque, segundo diziam, Carlos Sabino, sempre se mostrou uma pessoa séria, “amiga da verdade” e, inclusive, nunca gostou de desenvolver muito o assunto acerca do que vira naquela noite. O seu pavor era real e foi testemunhado por muita gente.
Rio Alvor, Concelho de Portimão
Agosto de 1976
João Marçano, pescador, e Jorge Vidal Marçano, estudante, remavam na Ria de Alvor, ao romper do dia, quando viram surgir um estranho objecto que ao deslocar-se emitia um zumbido, sendo esse zumbido o que primeiro lhes chamou a atenção. O objecto deslocava-se de Noroeste para Este, tinha cor verde, forma de disco com diâmetro estimado entre oito e dez metros, encimado por uma cúpula e com “luzes intermitentes à volta”, deixava atrás um rasto de chamas.
O objecto deslocava-se a muito baixa altitude e dava a impressão de estar a contornar o terreno. As testemunhas ficaram com medo à passagem do objecto e até baixaram-se no barco quando aquele passou por cima deles. A duração total da observação foi de 20 a 30 segundos e terminou com o objecto a afastar-se a grande velocidade.
Praia da Quarteira 25/08/1976
Várias pessoas cujas identidades permaneceram anónimas referiram ter observado cerca da uma hora da madrugada do dia 25 de Agosto de 1976 um objecto luminoso que se deslocava a grande velocidade e a baixa altitude em direcção a sul nesta praia algarvia.
O OVNI, segundo disseram, apresentava muitas cores, sendo a mais frequente ou visível de todas, o vermelho e expelia jactos luminosos. Depois da passagem do objecto voador, uma das testemunhas resolveu telefonar para o Aeroporto de Faro para indagar se havia ali conhecimento da aterragem ou descolagem de qualquer avião à hora em que o objecto foi visto. Responderam que não, dado que as aeronaves que ali aterraram e descolaram o fizeram apenas até as 22 horas.
Alguns Casos Que Me Foram Relatados Pessoalmente
Uma senhora que conheço contou-me que viu um OVNI quando ainda era criança. Era de aspecto metálico e tinha a forma clássica de disco com cúpula. Vi que ela me descrevia aquilo que o Dr. Hynek chamava “objecto diurno” (é geralmente nesse tipo de visões que os objectos tendem a se apresentar “metalizados” sendo que à noite tendem a aparecer mais sob a forma de objectos luminosos). Perguntei-lhe “você viu esse objecto de dia, não foi?” o que confirmou. Ela tinha seis anos, viu o objecto e disse ao pai mas o pai não o viu a tempo ou não ligou. O objecto desceu para uma quinta perto da casa deles e ela foi ver. Teve que dar uma volta grande para entrar na quinta por causa de uma cerca e o objecto já não estava lá. Perguntei-lhe se tinha deixado marca de aterragem. Ela disse-me que sim e fez um reparo interessante: achou que o objecto era pequeno. Respondi-lhe que o tipo de nave que ela viu – o clássico objecto discóide, comum em 38% das observações segundo o Catalogo Poher (Scornaux e Piens, 1978) costuma ser de pequenas dimensões pois são, ou parecem sugerir, naves de reconhecimento; distinguem-se das “naves-mãe” das quais, por vezes, são vistos a sair, e que, geralmente, apresentam-se cilíndricas ou em “forma de charuto” sendo por isso frequentemente chamadas na ovnilogia de objectos em forma de charuto ou objectos-charutoides. No tempo dela, e isto foi outra observação interessante que ela fez, utilizava-se pouco a palavra ovni. “As pessoas usavam mais frequentemente a expressão disco voador”, realçou.
Numa das circunstâncias citadas acima uma senhora, mãe de um amigo meu, o seu marido, já falecido, entretanto, e amigos viram discos voadores. Digo “discos voadores” porque em duas dessas circunstâncias os objectos TINHAM MESMO a forma de discos ou, como a senhora (não vou citar o nome dela) disse “pratos”. Ela viu OVNIs em, pelo menos, três circunstâncias diferentes e da primeira vez o seu marido não acreditou nela pois não tinha partilhado a observação mas depois ficou surpreendido porque a notícia acabou por sair no jornal. Em Portimão, a mãe e a irmã de um amigo meu viram, através da janela da sua casa, um objecto voador em forma de disco pairando por cima de um prédio vizinho e quase a aterrar em cima do mesmo. Eram pessoas que nunca se interessaram muito pelo assunto dos OVNIs, antes e depois do acontecimento!
Estas são as verificações, que cada um pode fazer. Se nos interessarmos o suficiente pelo assunto, e se formos intelectualmente honestos, as pessoas sentem-se à vontade para nos contarem as suas observações ou experiências com OVNIs. Elas não vão contar – e compreende-se o porquê! – a quem não quiser acreditar nelas, estiver predisposto a negar ou a fazer troça do assunto. A “troça”, diga-se de passagem, é um mecanismo de formação reactiva. Significa que a pessoa que está a ser “espirituosa” sobre certo assunto está a deixar que o lado emocional tome conta do assunto. No fundo, as supostas implicações do assunto a incomodam. Insisto em que existência de testemunhas reais e fidedignas permite que o fenómeno OVNI não possa ser encaixado na categoria dos boatos, rumores ou mitos urbanos, como o pretenderam certos autores que, no fundo, demonstram um conhecimento superficial da ovnilogia. Tudo parece indicar, portanto, que “eles”, sejam quem forem e venham de onde vierem, andam aí (!) Existe “qualquer coisa”, há um fenómeno a ser estudado. Agora, resta saber o que é.OVNIS – CASOS PORTUGUESES
Em Portugal o fenómeno OVNI manifestou-se e manifesta-se com poucas diferenças relativamente ao resto do mundo. E provavelmente já muito antes de 1947. É só a partir desta data no entanto que se populariza o termo “disco voador”. Há documentação que demonstra que já se vêem luzes e objectos estranhos nos céus portugueses muito antes dessa data, nos séculos XVII, XVIII e XIX, muita dessa informação investigada e compilada da imprensa portuguesa pela investigadora e historiadora, Fina D`Armada (Os OVNIs em Portugal, Joaquim Fernandes, 1984, DISCOLIVRO, Editores e Distribuidores, Lda., pág. 17). Em Portugal existem, actualmente, alguns centros que se ocupam da investigação do fenómeno OVNI. Um desses centros é o CTEC – Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência, antigo CEAFI, cuja coordenação é levada a cabo pelo Prof. Dr. Joaquim Fernandes, professor de História da Universidade Fernando Pessoa.
É louvar a criação deste tipo de centros dedicados à investigação científica séria e honesta dos fenómenos paranormais. O CTEC é formado por especialistas em várias áreas científicas que procuram abordar estes fenómenos honestamente e construir as mais diversas hipóteses para os explicar. O CTEC também organizou um programa de televisão de grande qualidade sobre OVNIs chamado Encontros Imediatos. Nesse programa foram debatidos alguns dos casos mais interessantes de OVNIs ocorridos em Portugal. Vamos apresentar e analisar alguns, embora não com demasiada precisão, dado que esse trabalho já foi feito – e bem feito – pelo Dr. Joaquim Fernandes e por Fina D`Armada nas suas obras.
O Caso Ilha Terceira (31 de Janeiro de 1968)
Serafim Vieira Sebastião, 36 anos (na altura do ocorrido) e guarda das instalações militares “Azores Air Station” na Base das Lajes da Ilha Terceira, nos Açores, estava no posto daquelas instalações a guardar o depósito de munições, tranquilo, no que era, aparentemente, uma noite igual às outras, preparando-se inclusive para ouvir no rádio um jogo de futebol Setúbal-Sporting quando, de repente, o rádio deixou de funcionar normalmente. Eram aproximadamente 23 horas da madrugada quando os seguintes factos ocorreram. O aparelho transístor que Serafim usava para ouvir o relato começou a fazer interferências e o guarda tentou averiguar se era um problema de sintonização o que não parecia ser o caso pois o rádio continuava a não funcionar apesar das suas tentativas de repará-lo. Serafim tentou ligá-lo e desligá-lo e nada. Continuava a não dar sinal. Nisto, Serafim ouviu um estranho zumbido vindo do exterior e saiu para ver o que era. Viu surgir, à sua frente, junto ao depósito de munições um estranho e brilhante objecto voador que apontava um foco para o depósito. Assustado, voltou a entrar no posto e tentou usar o telefone para informar os colegas da presença daquele estranho objecto. A claridade aumentou vinda de fora pela janela e tendo origem no invulgar objecto. Serafim deduziu que o objecto se aproximava. Voltou a sair do posto e constatou que o objecto se aproximava do paiol de munições do posto, no qual incidia a luz do que parecia ser um poderoso holofote. O objecto que Serafim viu era oval, tinha uma torre de vidro no centro e, à volta dela, um corrimão ao qual pareciam encostar-se dois homens ou dois seres. Dentro da torre estavam outros dois homens. Mais uma vez Serafim voltou a entrar no posto trazendo consigo uma lanterna que apontou para o foco produzido pelo objecto e, no instante em que o fez, pareceu-lhe ter-se levantado do solo uma estranha poeira que o fez perder os sentidos.
Foi encontrado por um colega e levado para o Hospital Regional onde veio a recuperar-se e onde contou a estranha história. O médico determinou que nada havia de fisicamente errado com ele pelo que “deve ter desmaiado do susto”. O Projecto Blue Book, então activo, meteu o bedelho neste assunto e saiu mais tarde uma explicação disparatada – para variar! – de que o que Serafim tinha realmente visto fora “um curto-circuito causado pelo choque de um balão meteorológico nuns cabos de alta tensão”, que ademais nem existiam nas redondezas. Existiam, sim, cabos telefónicos.
De qualquer forma, Serafim Sebastião, insistiu que não tinha visto curto-circuito nenhum, nem “helicóptero, nem avião, nem balão meteorológico”; que o que tinha visto mesmo foi o tal objecto oval com os quatro seres lá dentro e, mais tarde, cansado de toda a publicidade gerada à sua volta pediu para o “deixarem em paz!” e recusou-se a fazer mais declarações acerca do assunto!
Devemos insistir em que este é um dos tais casos em que existe o tal abuso da chamada “navalha de Occam”. A explicação mais “simples” serviu para os supostos cientistas meterem a cabeça na areia. Mas o Projecto Blue Book havia sido construído para isso mesmo, para “desdramatizar” a questão dos OVNI perante a população. Para os governos, mesmo os que se dizem mais “democráticos” parece ser importante que as pessoas “não pensem”. Embora talvez os governos não pensem por sua vez nos efeitos que isso possa ter a longo prazo. Julgo que os indivíduos contribuem melhor para a sociedade se lhes for permitido o acesso à informação tal-como-ela-é e se forem ensinados (não doutrinados) a reflectir sobre os assuntos sem medos nem tabus, sempre desnecessários, que aumentam o medo, a desconfiança, e mesmo a charlatanice, ao invés de os diminuir.
O Projecto Blue Book já foi bastante analisado e dissecado noutras obras principalmente pelo homem que fez parte dele e que acabou por retirar-se, decepcionado e reconhecendo as suas falhas, o grande investigador de OVNIs dos Estados Unidos, o Prof. Allen J. Hynek. De resto, a Força Aérea Portuguesa sempre tendeu a fornecer toda a informação possível sobre os seus casos aos especialistas de OVNI, procurando encontrar em conjunto com estes uma explicação, como o confirma, por exemplo, o seguinte caso, existente nos arquivos do CTEC e mencionado no livro OVNIs em Portugal do Dr. Joaquim Fernandes, e que vamos “dissecar” a seguir.
O Caso do General Lemos Ferreira (4 de Novembro de 1985)
A 4 de Novembro de 1985, o General Lemos Ferreira mais três sargentos pilotos aviadores da Força Aérea Portuguesa saíram em esquadrinha nos seus aviões F-84 num voo de rotina de navegação nocturna com destino a Córdoba e regresso em direcção a Portalegre, Coruche e novamente à OTA. Já de retorno de Córdoba e em direcção a Cáceres viram a norte um corpo que perceberam como uma esfera esquisita “parecendo um corpo celeste anormal”. O General Lemos sublinhou posteriormente que não fez confusão com Vénus que tinham inclusive identificado.
O objecto encontrava-se então à frente dos aviões, bastante longe, mas mais ou menos à mesma altitude (8000-8500 metros). Extraordinariamente o objecto muda de tamanho reduzindo-se a um ponto “umas 20 ou 30 vezes menor que a dimensão primitiva” e começa a repetir isso. O objecto fez essa operação, de aumento e diminuição de tamanho, várias vezes à medida que mudava também de cor.
Quinze minutos depois, estando a esquadrilha perto de Cáceres e pronta para seguir para Coruche, os pilotos começam a distinguir melhor a forma do objecto. “Do tamanho de um dedo, com uma ligeira curva, tendo nos bordos uma espécie de dentes” disse o General Lemos. Sublinhe-se que o objecto era “do tamanho de um dedo” VISTO ÀQUELA DISTÂNCIA dado que não puderam calcular as dimensões reais do objecto por não saberem do que se tratava. O objecto começa então a mudar de posição, a descer mais para baixo e para a esquerda relativamente à esquadrilha. Um dos sargentos, no avião que se encontrava à direita do General Lemos descobre então dois pontos luminosos destacados do objecto. Pouco depois outro piloto descobre outro, até que finalmente a esquadrilha pode observar distintamente quatro objectos para além daquele que tem a forma de dedo.
Os quatro pequenos objectos que agora se distinguiam “eram bastante menores que o outro e tinham uma forma esférica, uma espécie de disco” referiu o General Lemos. Apresentavam uma coloração amarelo-esbranquiçado ao passo que o objecto grande apresentava cor amarelo-encarniçado. A posição dos cinco corpos variava. A certo ponto o General Lemos ficou com a impressão que os objectos menores eram comandados pelo maior. Começou a suspeitar de um comportamento inteligente. Teve a sensação que os objectos eram comandados. Isto porque, segundo o General Lemos, na volta dos F-84 para a esquerda, entre Cáceres e Badajoz, volta que envolvia 70 a 80º para a esquerda, a posição dos objectos relativamente à esquadrilha manteve-se.
Já perto de Coruche um dos sargentos repara que os objectos vêm na sua direcção e dá o alarme. Os F-84 desviam-se. Evitou-se por pouco uma colisão. Um dos objectos tinha vindo na direcção da esquadrilha obrigando os caças a afastarem-se, cada qual para o seu lado. Depois disto, os objectos não mais foram vistos. O General Lemos contou o sucedido ao Dr. Joaquim Fernandes e foi inclusive autorizado a redigir um relatório o que fez e que foi assinado pelos quatro sargentos que participaram com ele daquela aventura. O relatório terá seguido para a NATO.
OVNIs no Algarve
Nesta secção vou narrar alguns casos ocorridos no Algarve. É importante referir que, seja em que região for, em Portugal ou no mundo, existem casos que não são reportados às autoridades seja porque as testemunhas não dão demasiada importância ao assunto, seja porque têm medo do ridículo, seja por outra razão qualquer. Pessoalmente conheço diversos em que isso acontece: as testemunhas “retraem-se” até porque muitas vezes aquilo que viram podia não ser necessariamente uma nave extraterrestre mas sim algo que ficou apenas no plano do “não identificado” o que já não é pouco. Por ser algarvio, dei prioridade, nesta secção, a casos ocorridos no Algarve. Os casos são extraídos do livro Ovnis em Portugal (1978) de Joaquim Fernandes da editora Nova Crítica, Porto.
Algoz, Concelho de Silves 10/06/1960
O Sr. Carlos Sabino, alfaiate de profissão, dirigiu-se a Algoz, como era seu costume, assistir à emissão de televisão, que poucas pessoas possuíam na altura, sendo mais comum existir nos sítios públicos: sociedades recreativas e cafés. Despreocupado com as horas na conversa com os amigos, quando deu por si já eram três e meia horas da madrugada e pôs-se a caminho de Silves. Acompanhado por um cão, de nome “Filipe”, fez-se à estrada naquela noite de Lua Cheia. No sítio de Peras, a pouca distância da povoação, viu o que a princípio supôs ser um automóvel. Logo se alarmou devido à intensa luminosidade que se desprendia do objecto, um disco voador, e agachou-se, cheio de medo atrás de uma moita, observando as manobras de seis pequenos humanóides, «homúnculos» como lhes chamou o Diário de Notícias do dia 13/06/60, à volta do aparelho. Quanto ao “Filipe”, o rafeiro que o acompanhava, “fugiu a bom fugir!”, assustado com o que presenciara.
Minutos depois o estranho objecto elevou-se na vertical e desapareceu. Carlos Sabino aproveitou essa oportunidade para correr para casa, mas a cerca de 50 m da sua habitação foi outra surpreendido por um objecto voador, talvez o mesmo, que vasculhava o solo com um feixe de luz intensa, finalmente, o objecto desapareceu para não mais voltar.
Durante muito tempo as pessoas da região comentaram esta estranha história, até porque, segundo diziam, Carlos Sabino, sempre se mostrou uma pessoa séria, “amiga da verdade” e, inclusive, nunca gostou de desenvolver muito o assunto acerca do que vira naquela noite. O seu pavor era real e foi testemunhado por muita gente.
Rio Alvor, Concelho de Portimão
Agosto de 1976
João Marçano, pescador, e Jorge Vidal Marçano, estudante, remavam na Ria de Alvor, ao romper do dia, quando viram surgir um estranho objecto que ao deslocar-se emitia um zumbido, sendo esse zumbido o que primeiro lhes chamou a atenção. O objecto deslocava-se de Noroeste para Este, tinha cor verde, forma de disco com diâmetro estimado entre oito e dez metros, encimado por uma cúpula e com “luzes intermitentes à volta”, deixava atrás um rasto de chamas.
O objecto deslocava-se a muito baixa altitude e dava a impressão de estar a contornar o terreno. As testemunhas ficaram com medo à passagem do objecto e até baixaram-se no barco quando aquele passou por cima deles. A duração total da observação foi de 20 a 30 segundos e terminou com o objecto a afastar-se a grande velocidade.
Praia da Quarteira 25/08/1976
Várias pessoas cujas identidades permaneceram anónimas referiram ter observado cerca da uma hora da madrugada do dia 25 de Agosto de 1976 um objecto luminoso que se deslocava a grande velocidade e a baixa altitude em direcção a sul nesta praia algarvia.
O OVNI, segundo disseram, apresentava muitas cores, sendo a mais frequente ou visível de todas, o vermelho e expelia jactos luminosos. Depois da passagem do objecto voador, uma das testemunhas resolveu telefonar para o Aeroporto de Faro para indagar se havia ali conhecimento da aterragem ou descolagem de qualquer avião à hora em que o objecto foi visto. Responderam que não, dado que as aeronaves que ali aterraram e descolaram o fizeram apenas até as 22 horas.
Alguns Casos Que Me Foram Relatados Pessoalmente
Uma senhora que conheço contou-me que viu um OVNI quando ainda era criança. Era de aspecto metálico e tinha a forma clássica de disco com cúpula. Vi que ela me descrevia aquilo que o Dr. Hynek chamava “objecto diurno” (é geralmente nesse tipo de visões que os objectos tendem a se apresentar “metalizados” sendo que à noite tendem a aparecer mais sob a forma de objectos luminosos). Perguntei-lhe “você viu esse objecto de dia, não foi?” o que confirmou. Ela tinha seis anos, viu o objecto e disse ao pai mas o pai não o viu a tempo ou não ligou. O objecto desceu para uma quinta perto da casa deles e ela foi ver. Teve que dar uma volta grande para entrar na quinta por causa de uma cerca e o objecto já não estava lá. Perguntei-lhe se tinha deixado marca de aterragem. Ela disse-me que sim e fez um reparo interessante: achou que o objecto era pequeno. Respondi-lhe que o tipo de nave que ela viu – o clássico objecto discóide, comum em 38% das observações segundo o Catalogo Poher (Scornaux e Piens, 1978) costuma ser de pequenas dimensões pois são, ou parecem sugerir, naves de reconhecimento; distinguem-se das “naves-mãe” das quais, por vezes, são vistos a sair, e que, geralmente, apresentam-se cilíndricas ou em “forma de charuto” sendo por isso frequentemente chamadas na ovnilogia de objectos em forma de charuto ou objectos-charutoides. No tempo dela, e isto foi outra observação interessante que ela fez, utilizava-se pouco a palavra ovni. “As pessoas usavam mais frequentemente a expressão disco voador”, realçou.
Numa das circunstâncias citadas acima uma senhora, mãe de um amigo meu, o seu marido, já falecido, entretanto, e amigos viram discos voadores. Digo “discos voadores” porque em duas dessas circunstâncias os objectos TINHAM MESMO a forma de discos ou, como a senhora (não vou citar o nome dela) disse “pratos”. Ela viu OVNIs em, pelo menos, três circunstâncias diferentes e da primeira vez o seu marido não acreditou nela pois não tinha partilhado a observação mas depois ficou surpreendido porque a notícia acabou por sair no jornal. Em Portimão, a mãe e a irmã de um amigo meu viram, através da janela da sua casa, um objecto voador em forma de disco pairando por cima de um prédio vizinho e quase a aterrar em cima do mesmo. Eram pessoas que nunca se interessaram muito pelo assunto dos OVNIs, antes e depois do acontecimento!
Estas são as verificações, que cada um pode fazer. Se nos interessarmos o suficiente pelo assunto, e se formos intelectualmente honestos, as pessoas sentem-se à vontade para nos contarem as suas observações ou experiências com OVNIs. Elas não vão contar – e compreende-se o porquê! – a quem não quiser acreditar nelas, estiver predisposto a negar ou a fazer troça do assunto. A “troça”, diga-se de passagem, é um mecanismo de formação reactiva. Significa que a pessoa que está a ser “espirituosa” sobre certo assunto está a deixar que o lado emocional tome conta do assunto. No fundo, as supostas implicações do assunto a incomodam. Insisto em que existência de testemunhas reais e fidedignas permite que o fenómeno OVNI não possa ser encaixado na categoria dos boatos, rumores ou mitos urbanos, como o pretenderam certos autores que, no fundo, demonstram um conhecimento superficial da ovnilogia. Tudo parece indicar, portanto, que “eles”, sejam quem forem e venham de onde vierem, andam aí (!) Existe “qualquer coisa”, há um fenómeno a ser estudado. Agora, resta saber o que é.
https://ovniologia.pressbooks.com
É louvar a criação deste tipo de centros dedicados à investigação científica séria e honesta dos fenómenos paranormais. O CTEC é formado por especialistas em várias áreas científicas que procuram abordar estes fenómenos honestamente e construir as mais diversas hipóteses para os explicar. O CTEC também organizou um programa de televisão de grande qualidade sobre OVNIs chamado Encontros Imediatos. Nesse programa foram debatidos alguns dos casos mais interessantes de OVNIs ocorridos em Portugal. Vamos apresentar e analisar alguns, embora não com demasiada precisão, dado que esse trabalho já foi feito – e bem feito – pelo Dr. Joaquim Fernandes e por Fina D`Armada nas suas obras.
O Caso Ilha Terceira (31 de Janeiro de 1968)
Serafim Vieira Sebastião, 36 anos (na altura do ocorrido) e guarda das instalações militares “Azores Air Station” na Base das Lajes da Ilha Terceira, nos Açores, estava no posto daquelas instalações a guardar o depósito de munições, tranquilo, no que era, aparentemente, uma noite igual às outras, preparando-se inclusive para ouvir no rádio um jogo de futebol Setúbal-Sporting quando, de repente, o rádio deixou de funcionar normalmente. Eram aproximadamente 23 horas da madrugada quando os seguintes factos ocorreram. O aparelho transístor que Serafim usava para ouvir o relato começou a fazer interferências e o guarda tentou averiguar se era um problema de sintonização o que não parecia ser o caso pois o rádio continuava a não funcionar apesar das suas tentativas de repará-lo. Serafim tentou ligá-lo e desligá-lo e nada. Continuava a não dar sinal. Nisto, Serafim ouviu um estranho zumbido vindo do exterior e saiu para ver o que era. Viu surgir, à sua frente, junto ao depósito de munições um estranho e brilhante objecto voador que apontava um foco para o depósito. Assustado, voltou a entrar no posto e tentou usar o telefone para informar os colegas da presença daquele estranho objecto. A claridade aumentou vinda de fora pela janela e tendo origem no invulgar objecto. Serafim deduziu que o objecto se aproximava. Voltou a sair do posto e constatou que o objecto se aproximava do paiol de munições do posto, no qual incidia a luz do que parecia ser um poderoso holofote. O objecto que Serafim viu era oval, tinha uma torre de vidro no centro e, à volta dela, um corrimão ao qual pareciam encostar-se dois homens ou dois seres. Dentro da torre estavam outros dois homens. Mais uma vez Serafim voltou a entrar no posto trazendo consigo uma lanterna que apontou para o foco produzido pelo objecto e, no instante em que o fez, pareceu-lhe ter-se levantado do solo uma estranha poeira que o fez perder os sentidos.
Foi encontrado por um colega e levado para o Hospital Regional onde veio a recuperar-se e onde contou a estranha história. O médico determinou que nada havia de fisicamente errado com ele pelo que “deve ter desmaiado do susto”. O Projecto Blue Book, então activo, meteu o bedelho neste assunto e saiu mais tarde uma explicação disparatada – para variar! – de que o que Serafim tinha realmente visto fora “um curto-circuito causado pelo choque de um balão meteorológico nuns cabos de alta tensão”, que ademais nem existiam nas redondezas. Existiam, sim, cabos telefónicos.
De qualquer forma, Serafim Sebastião, insistiu que não tinha visto curto-circuito nenhum, nem “helicóptero, nem avião, nem balão meteorológico”; que o que tinha visto mesmo foi o tal objecto oval com os quatro seres lá dentro e, mais tarde, cansado de toda a publicidade gerada à sua volta pediu para o “deixarem em paz!” e recusou-se a fazer mais declarações acerca do assunto!
Devemos insistir em que este é um dos tais casos em que existe o tal abuso da chamada “navalha de Occam”. A explicação mais “simples” serviu para os supostos cientistas meterem a cabeça na areia. Mas o Projecto Blue Book havia sido construído para isso mesmo, para “desdramatizar” a questão dos OVNI perante a população. Para os governos, mesmo os que se dizem mais “democráticos” parece ser importante que as pessoas “não pensem”. Embora talvez os governos não pensem por sua vez nos efeitos que isso possa ter a longo prazo. Julgo que os indivíduos contribuem melhor para a sociedade se lhes for permitido o acesso à informação tal-como-ela-é e se forem ensinados (não doutrinados) a reflectir sobre os assuntos sem medos nem tabus, sempre desnecessários, que aumentam o medo, a desconfiança, e mesmo a charlatanice, ao invés de os diminuir.
O Projecto Blue Book já foi bastante analisado e dissecado noutras obras principalmente pelo homem que fez parte dele e que acabou por retirar-se, decepcionado e reconhecendo as suas falhas, o grande investigador de OVNIs dos Estados Unidos, o Prof. Allen J. Hynek. De resto, a Força Aérea Portuguesa sempre tendeu a fornecer toda a informação possível sobre os seus casos aos especialistas de OVNI, procurando encontrar em conjunto com estes uma explicação, como o confirma, por exemplo, o seguinte caso, existente nos arquivos do CTEC e mencionado no livro OVNIs em Portugal do Dr. Joaquim Fernandes, e que vamos “dissecar” a seguir.
O Caso do General Lemos Ferreira (4 de Novembro de 1985)
A 4 de Novembro de 1985, o General Lemos Ferreira mais três sargentos pilotos aviadores da Força Aérea Portuguesa saíram em esquadrinha nos seus aviões F-84 num voo de rotina de navegação nocturna com destino a Córdoba e regresso em direcção a Portalegre, Coruche e novamente à OTA. Já de retorno de Córdoba e em direcção a Cáceres viram a norte um corpo que perceberam como uma esfera esquisita “parecendo um corpo celeste anormal”. O General Lemos sublinhou posteriormente que não fez confusão com Vénus que tinham inclusive identificado.
O objecto encontrava-se então à frente dos aviões, bastante longe, mas mais ou menos à mesma altitude (8000-8500 metros). Extraordinariamente o objecto muda de tamanho reduzindo-se a um ponto “umas 20 ou 30 vezes menor que a dimensão primitiva” e começa a repetir isso. O objecto fez essa operação, de aumento e diminuição de tamanho, várias vezes à medida que mudava também de cor.
Quinze minutos depois, estando a esquadrilha perto de Cáceres e pronta para seguir para Coruche, os pilotos começam a distinguir melhor a forma do objecto. “Do tamanho de um dedo, com uma ligeira curva, tendo nos bordos uma espécie de dentes” disse o General Lemos. Sublinhe-se que o objecto era “do tamanho de um dedo” VISTO ÀQUELA DISTÂNCIA dado que não puderam calcular as dimensões reais do objecto por não saberem do que se tratava. O objecto começa então a mudar de posição, a descer mais para baixo e para a esquerda relativamente à esquadrilha. Um dos sargentos, no avião que se encontrava à direita do General Lemos descobre então dois pontos luminosos destacados do objecto. Pouco depois outro piloto descobre outro, até que finalmente a esquadrilha pode observar distintamente quatro objectos para além daquele que tem a forma de dedo.
Os quatro pequenos objectos que agora se distinguiam “eram bastante menores que o outro e tinham uma forma esférica, uma espécie de disco” referiu o General Lemos. Apresentavam uma coloração amarelo-esbranquiçado ao passo que o objecto grande apresentava cor amarelo-encarniçado. A posição dos cinco corpos variava. A certo ponto o General Lemos ficou com a impressão que os objectos menores eram comandados pelo maior. Começou a suspeitar de um comportamento inteligente. Teve a sensação que os objectos eram comandados. Isto porque, segundo o General Lemos, na volta dos F-84 para a esquerda, entre Cáceres e Badajoz, volta que envolvia 70 a 80º para a esquerda, a posição dos objectos relativamente à esquadrilha manteve-se.
Já perto de Coruche um dos sargentos repara que os objectos vêm na sua direcção e dá o alarme. Os F-84 desviam-se. Evitou-se por pouco uma colisão. Um dos objectos tinha vindo na direcção da esquadrilha obrigando os caças a afastarem-se, cada qual para o seu lado. Depois disto, os objectos não mais foram vistos. O General Lemos contou o sucedido ao Dr. Joaquim Fernandes e foi inclusive autorizado a redigir um relatório o que fez e que foi assinado pelos quatro sargentos que participaram com ele daquela aventura. O relatório terá seguido para a NATO.
OVNIs no Algarve
Nesta secção vou narrar alguns casos ocorridos no Algarve. É importante referir que, seja em que região for, em Portugal ou no mundo, existem casos que não são reportados às autoridades seja porque as testemunhas não dão demasiada importância ao assunto, seja porque têm medo do ridículo, seja por outra razão qualquer. Pessoalmente conheço diversos em que isso acontece: as testemunhas “retraem-se” até porque muitas vezes aquilo que viram podia não ser necessariamente uma nave extraterrestre mas sim algo que ficou apenas no plano do “não identificado” o que já não é pouco. Por ser algarvio, dei prioridade, nesta secção, a casos ocorridos no Algarve. Os casos são extraídos do livro Ovnis em Portugal (1978) de Joaquim Fernandes da editora Nova Crítica, Porto.
Algoz, Concelho de Silves 10/06/1960
O Sr. Carlos Sabino, alfaiate de profissão, dirigiu-se a Algoz, como era seu costume, assistir à emissão de televisão, que poucas pessoas possuíam na altura, sendo mais comum existir nos sítios públicos: sociedades recreativas e cafés. Despreocupado com as horas na conversa com os amigos, quando deu por si já eram três e meia horas da madrugada e pôs-se a caminho de Silves. Acompanhado por um cão, de nome “Filipe”, fez-se à estrada naquela noite de Lua Cheia. No sítio de Peras, a pouca distância da povoação, viu o que a princípio supôs ser um automóvel. Logo se alarmou devido à intensa luminosidade que se desprendia do objecto, um disco voador, e agachou-se, cheio de medo atrás de uma moita, observando as manobras de seis pequenos humanóides, «homúnculos» como lhes chamou o Diário de Notícias do dia 13/06/60, à volta do aparelho. Quanto ao “Filipe”, o rafeiro que o acompanhava, “fugiu a bom fugir!”, assustado com o que presenciara.
Minutos depois o estranho objecto elevou-se na vertical e desapareceu. Carlos Sabino aproveitou essa oportunidade para correr para casa, mas a cerca de 50 m da sua habitação foi outra surpreendido por um objecto voador, talvez o mesmo, que vasculhava o solo com um feixe de luz intensa, finalmente, o objecto desapareceu para não mais voltar.
Durante muito tempo as pessoas da região comentaram esta estranha história, até porque, segundo diziam, Carlos Sabino, sempre se mostrou uma pessoa séria, “amiga da verdade” e, inclusive, nunca gostou de desenvolver muito o assunto acerca do que vira naquela noite. O seu pavor era real e foi testemunhado por muita gente.
Rio Alvor, Concelho de Portimão
Agosto de 1976
João Marçano, pescador, e Jorge Vidal Marçano, estudante, remavam na Ria de Alvor, ao romper do dia, quando viram surgir um estranho objecto que ao deslocar-se emitia um zumbido, sendo esse zumbido o que primeiro lhes chamou a atenção. O objecto deslocava-se de Noroeste para Este, tinha cor verde, forma de disco com diâmetro estimado entre oito e dez metros, encimado por uma cúpula e com “luzes intermitentes à volta”, deixava atrás um rasto de chamas.
O objecto deslocava-se a muito baixa altitude e dava a impressão de estar a contornar o terreno. As testemunhas ficaram com medo à passagem do objecto e até baixaram-se no barco quando aquele passou por cima deles. A duração total da observação foi de 20 a 30 segundos e terminou com o objecto a afastar-se a grande velocidade.
Praia da Quarteira 25/08/1976
Várias pessoas cujas identidades permaneceram anónimas referiram ter observado cerca da uma hora da madrugada do dia 25 de Agosto de 1976 um objecto luminoso que se deslocava a grande velocidade e a baixa altitude em direcção a sul nesta praia algarvia.
O OVNI, segundo disseram, apresentava muitas cores, sendo a mais frequente ou visível de todas, o vermelho e expelia jactos luminosos. Depois da passagem do objecto voador, uma das testemunhas resolveu telefonar para o Aeroporto de Faro para indagar se havia ali conhecimento da aterragem ou descolagem de qualquer avião à hora em que o objecto foi visto. Responderam que não, dado que as aeronaves que ali aterraram e descolaram o fizeram apenas até as 22 horas.
Alguns Casos Que Me Foram Relatados Pessoalmente
Uma senhora que conheço contou-me que viu um OVNI quando ainda era criança. Era de aspecto metálico e tinha a forma clássica de disco com cúpula. Vi que ela me descrevia aquilo que o Dr. Hynek chamava “objecto diurno” (é geralmente nesse tipo de visões que os objectos tendem a se apresentar “metalizados” sendo que à noite tendem a aparecer mais sob a forma de objectos luminosos). Perguntei-lhe “você viu esse objecto de dia, não foi?” o que confirmou. Ela tinha seis anos, viu o objecto e disse ao pai mas o pai não o viu a tempo ou não ligou. O objecto desceu para uma quinta perto da casa deles e ela foi ver. Teve que dar uma volta grande para entrar na quinta por causa de uma cerca e o objecto já não estava lá. Perguntei-lhe se tinha deixado marca de aterragem. Ela disse-me que sim e fez um reparo interessante: achou que o objecto era pequeno. Respondi-lhe que o tipo de nave que ela viu – o clássico objecto discóide, comum em 38% das observações segundo o Catalogo Poher (Scornaux e Piens, 1978) costuma ser de pequenas dimensões pois são, ou parecem sugerir, naves de reconhecimento; distinguem-se das “naves-mãe” das quais, por vezes, são vistos a sair, e que, geralmente, apresentam-se cilíndricas ou em “forma de charuto” sendo por isso frequentemente chamadas na ovnilogia de objectos em forma de charuto ou objectos-charutoides. No tempo dela, e isto foi outra observação interessante que ela fez, utilizava-se pouco a palavra ovni. “As pessoas usavam mais frequentemente a expressão disco voador”, realçou.
Numa das circunstâncias citadas acima uma senhora, mãe de um amigo meu, o seu marido, já falecido, entretanto, e amigos viram discos voadores. Digo “discos voadores” porque em duas dessas circunstâncias os objectos TINHAM MESMO a forma de discos ou, como a senhora (não vou citar o nome dela) disse “pratos”. Ela viu OVNIs em, pelo menos, três circunstâncias diferentes e da primeira vez o seu marido não acreditou nela pois não tinha partilhado a observação mas depois ficou surpreendido porque a notícia acabou por sair no jornal. Em Portimão, a mãe e a irmã de um amigo meu viram, através da janela da sua casa, um objecto voador em forma de disco pairando por cima de um prédio vizinho e quase a aterrar em cima do mesmo. Eram pessoas que nunca se interessaram muito pelo assunto dos OVNIs, antes e depois do acontecimento!
Estas são as verificações, que cada um pode fazer. Se nos interessarmos o suficiente pelo assunto, e se formos intelectualmente honestos, as pessoas sentem-se à vontade para nos contarem as suas observações ou experiências com OVNIs. Elas não vão contar – e compreende-se o porquê! – a quem não quiser acreditar nelas, estiver predisposto a negar ou a fazer troça do assunto. A “troça”, diga-se de passagem, é um mecanismo de formação reactiva. Significa que a pessoa que está a ser “espirituosa” sobre certo assunto está a deixar que o lado emocional tome conta do assunto. No fundo, as supostas implicações do assunto a incomodam. Insisto em que existência de testemunhas reais e fidedignas permite que o fenómeno OVNI não possa ser encaixado na categoria dos boatos, rumores ou mitos urbanos, como o pretenderam certos autores que, no fundo, demonstram um conhecimento superficial da ovnilogia. Tudo parece indicar, portanto, que “eles”, sejam quem forem e venham de onde vierem, andam aí (!) Existe “qualquer coisa”, há um fenómeno a ser estudado. Agora, resta saber o que é.OVNIS – CASOS PORTUGUESES
Em Portugal o fenómeno OVNI manifestou-se e manifesta-se com poucas diferenças relativamente ao resto do mundo. E provavelmente já muito antes de 1947. É só a partir desta data no entanto que se populariza o termo “disco voador”. Há documentação que demonstra que já se vêem luzes e objectos estranhos nos céus portugueses muito antes dessa data, nos séculos XVII, XVIII e XIX, muita dessa informação investigada e compilada da imprensa portuguesa pela investigadora e historiadora, Fina D`Armada (Os OVNIs em Portugal, Joaquim Fernandes, 1984, DISCOLIVRO, Editores e Distribuidores, Lda., pág. 17). Em Portugal existem, actualmente, alguns centros que se ocupam da investigação do fenómeno OVNI. Um desses centros é o CTEC – Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência, antigo CEAFI, cuja coordenação é levada a cabo pelo Prof. Dr. Joaquim Fernandes, professor de História da Universidade Fernando Pessoa.
É louvar a criação deste tipo de centros dedicados à investigação científica séria e honesta dos fenómenos paranormais. O CTEC é formado por especialistas em várias áreas científicas que procuram abordar estes fenómenos honestamente e construir as mais diversas hipóteses para os explicar. O CTEC também organizou um programa de televisão de grande qualidade sobre OVNIs chamado Encontros Imediatos. Nesse programa foram debatidos alguns dos casos mais interessantes de OVNIs ocorridos em Portugal. Vamos apresentar e analisar alguns, embora não com demasiada precisão, dado que esse trabalho já foi feito – e bem feito – pelo Dr. Joaquim Fernandes e por Fina D`Armada nas suas obras.
O Caso Ilha Terceira (31 de Janeiro de 1968)
Serafim Vieira Sebastião, 36 anos (na altura do ocorrido) e guarda das instalações militares “Azores Air Station” na Base das Lajes da Ilha Terceira, nos Açores, estava no posto daquelas instalações a guardar o depósito de munições, tranquilo, no que era, aparentemente, uma noite igual às outras, preparando-se inclusive para ouvir no rádio um jogo de futebol Setúbal-Sporting quando, de repente, o rádio deixou de funcionar normalmente. Eram aproximadamente 23 horas da madrugada quando os seguintes factos ocorreram. O aparelho transístor que Serafim usava para ouvir o relato começou a fazer interferências e o guarda tentou averiguar se era um problema de sintonização o que não parecia ser o caso pois o rádio continuava a não funcionar apesar das suas tentativas de repará-lo. Serafim tentou ligá-lo e desligá-lo e nada. Continuava a não dar sinal. Nisto, Serafim ouviu um estranho zumbido vindo do exterior e saiu para ver o que era. Viu surgir, à sua frente, junto ao depósito de munições um estranho e brilhante objecto voador que apontava um foco para o depósito. Assustado, voltou a entrar no posto e tentou usar o telefone para informar os colegas da presença daquele estranho objecto. A claridade aumentou vinda de fora pela janela e tendo origem no invulgar objecto. Serafim deduziu que o objecto se aproximava. Voltou a sair do posto e constatou que o objecto se aproximava do paiol de munições do posto, no qual incidia a luz do que parecia ser um poderoso holofote. O objecto que Serafim viu era oval, tinha uma torre de vidro no centro e, à volta dela, um corrimão ao qual pareciam encostar-se dois homens ou dois seres. Dentro da torre estavam outros dois homens. Mais uma vez Serafim voltou a entrar no posto trazendo consigo uma lanterna que apontou para o foco produzido pelo objecto e, no instante em que o fez, pareceu-lhe ter-se levantado do solo uma estranha poeira que o fez perder os sentidos.
Foi encontrado por um colega e levado para o Hospital Regional onde veio a recuperar-se e onde contou a estranha história. O médico determinou que nada havia de fisicamente errado com ele pelo que “deve ter desmaiado do susto”. O Projecto Blue Book, então activo, meteu o bedelho neste assunto e saiu mais tarde uma explicação disparatada – para variar! – de que o que Serafim tinha realmente visto fora “um curto-circuito causado pelo choque de um balão meteorológico nuns cabos de alta tensão”, que ademais nem existiam nas redondezas. Existiam, sim, cabos telefónicos.
De qualquer forma, Serafim Sebastião, insistiu que não tinha visto curto-circuito nenhum, nem “helicóptero, nem avião, nem balão meteorológico”; que o que tinha visto mesmo foi o tal objecto oval com os quatro seres lá dentro e, mais tarde, cansado de toda a publicidade gerada à sua volta pediu para o “deixarem em paz!” e recusou-se a fazer mais declarações acerca do assunto!
Devemos insistir em que este é um dos tais casos em que existe o tal abuso da chamada “navalha de Occam”. A explicação mais “simples” serviu para os supostos cientistas meterem a cabeça na areia. Mas o Projecto Blue Book havia sido construído para isso mesmo, para “desdramatizar” a questão dos OVNI perante a população. Para os governos, mesmo os que se dizem mais “democráticos” parece ser importante que as pessoas “não pensem”. Embora talvez os governos não pensem por sua vez nos efeitos que isso possa ter a longo prazo. Julgo que os indivíduos contribuem melhor para a sociedade se lhes for permitido o acesso à informação tal-como-ela-é e se forem ensinados (não doutrinados) a reflectir sobre os assuntos sem medos nem tabus, sempre desnecessários, que aumentam o medo, a desconfiança, e mesmo a charlatanice, ao invés de os diminuir.
O Projecto Blue Book já foi bastante analisado e dissecado noutras obras principalmente pelo homem que fez parte dele e que acabou por retirar-se, decepcionado e reconhecendo as suas falhas, o grande investigador de OVNIs dos Estados Unidos, o Prof. Allen J. Hynek. De resto, a Força Aérea Portuguesa sempre tendeu a fornecer toda a informação possível sobre os seus casos aos especialistas de OVNI, procurando encontrar em conjunto com estes uma explicação, como o confirma, por exemplo, o seguinte caso, existente nos arquivos do CTEC e mencionado no livro OVNIs em Portugal do Dr. Joaquim Fernandes, e que vamos “dissecar” a seguir.
O Caso do General Lemos Ferreira (4 de Novembro de 1985)
A 4 de Novembro de 1985, o General Lemos Ferreira mais três sargentos pilotos aviadores da Força Aérea Portuguesa saíram em esquadrinha nos seus aviões F-84 num voo de rotina de navegação nocturna com destino a Córdoba e regresso em direcção a Portalegre, Coruche e novamente à OTA. Já de retorno de Córdoba e em direcção a Cáceres viram a norte um corpo que perceberam como uma esfera esquisita “parecendo um corpo celeste anormal”. O General Lemos sublinhou posteriormente que não fez confusão com Vénus que tinham inclusive identificado.
O objecto encontrava-se então à frente dos aviões, bastante longe, mas mais ou menos à mesma altitude (8000-8500 metros). Extraordinariamente o objecto muda de tamanho reduzindo-se a um ponto “umas 20 ou 30 vezes menor que a dimensão primitiva” e começa a repetir isso. O objecto fez essa operação, de aumento e diminuição de tamanho, várias vezes à medida que mudava também de cor.
Quinze minutos depois, estando a esquadrilha perto de Cáceres e pronta para seguir para Coruche, os pilotos começam a distinguir melhor a forma do objecto. “Do tamanho de um dedo, com uma ligeira curva, tendo nos bordos uma espécie de dentes” disse o General Lemos. Sublinhe-se que o objecto era “do tamanho de um dedo” VISTO ÀQUELA DISTÂNCIA dado que não puderam calcular as dimensões reais do objecto por não saberem do que se tratava. O objecto começa então a mudar de posição, a descer mais para baixo e para a esquerda relativamente à esquadrilha. Um dos sargentos, no avião que se encontrava à direita do General Lemos descobre então dois pontos luminosos destacados do objecto. Pouco depois outro piloto descobre outro, até que finalmente a esquadrilha pode observar distintamente quatro objectos para além daquele que tem a forma de dedo.
Os quatro pequenos objectos que agora se distinguiam “eram bastante menores que o outro e tinham uma forma esférica, uma espécie de disco” referiu o General Lemos. Apresentavam uma coloração amarelo-esbranquiçado ao passo que o objecto grande apresentava cor amarelo-encarniçado. A posição dos cinco corpos variava. A certo ponto o General Lemos ficou com a impressão que os objectos menores eram comandados pelo maior. Começou a suspeitar de um comportamento inteligente. Teve a sensação que os objectos eram comandados. Isto porque, segundo o General Lemos, na volta dos F-84 para a esquerda, entre Cáceres e Badajoz, volta que envolvia 70 a 80º para a esquerda, a posição dos objectos relativamente à esquadrilha manteve-se.
Já perto de Coruche um dos sargentos repara que os objectos vêm na sua direcção e dá o alarme. Os F-84 desviam-se. Evitou-se por pouco uma colisão. Um dos objectos tinha vindo na direcção da esquadrilha obrigando os caças a afastarem-se, cada qual para o seu lado. Depois disto, os objectos não mais foram vistos. O General Lemos contou o sucedido ao Dr. Joaquim Fernandes e foi inclusive autorizado a redigir um relatório o que fez e que foi assinado pelos quatro sargentos que participaram com ele daquela aventura. O relatório terá seguido para a NATO.
OVNIs no Algarve
Nesta secção vou narrar alguns casos ocorridos no Algarve. É importante referir que, seja em que região for, em Portugal ou no mundo, existem casos que não são reportados às autoridades seja porque as testemunhas não dão demasiada importância ao assunto, seja porque têm medo do ridículo, seja por outra razão qualquer. Pessoalmente conheço diversos em que isso acontece: as testemunhas “retraem-se” até porque muitas vezes aquilo que viram podia não ser necessariamente uma nave extraterrestre mas sim algo que ficou apenas no plano do “não identificado” o que já não é pouco. Por ser algarvio, dei prioridade, nesta secção, a casos ocorridos no Algarve. Os casos são extraídos do livro Ovnis em Portugal (1978) de Joaquim Fernandes da editora Nova Crítica, Porto.
Algoz, Concelho de Silves 10/06/1960
O Sr. Carlos Sabino, alfaiate de profissão, dirigiu-se a Algoz, como era seu costume, assistir à emissão de televisão, que poucas pessoas possuíam na altura, sendo mais comum existir nos sítios públicos: sociedades recreativas e cafés. Despreocupado com as horas na conversa com os amigos, quando deu por si já eram três e meia horas da madrugada e pôs-se a caminho de Silves. Acompanhado por um cão, de nome “Filipe”, fez-se à estrada naquela noite de Lua Cheia. No sítio de Peras, a pouca distância da povoação, viu o que a princípio supôs ser um automóvel. Logo se alarmou devido à intensa luminosidade que se desprendia do objecto, um disco voador, e agachou-se, cheio de medo atrás de uma moita, observando as manobras de seis pequenos humanóides, «homúnculos» como lhes chamou o Diário de Notícias do dia 13/06/60, à volta do aparelho. Quanto ao “Filipe”, o rafeiro que o acompanhava, “fugiu a bom fugir!”, assustado com o que presenciara.
Minutos depois o estranho objecto elevou-se na vertical e desapareceu. Carlos Sabino aproveitou essa oportunidade para correr para casa, mas a cerca de 50 m da sua habitação foi outra surpreendido por um objecto voador, talvez o mesmo, que vasculhava o solo com um feixe de luz intensa, finalmente, o objecto desapareceu para não mais voltar.
Durante muito tempo as pessoas da região comentaram esta estranha história, até porque, segundo diziam, Carlos Sabino, sempre se mostrou uma pessoa séria, “amiga da verdade” e, inclusive, nunca gostou de desenvolver muito o assunto acerca do que vira naquela noite. O seu pavor era real e foi testemunhado por muita gente.
Rio Alvor, Concelho de Portimão
Agosto de 1976
João Marçano, pescador, e Jorge Vidal Marçano, estudante, remavam na Ria de Alvor, ao romper do dia, quando viram surgir um estranho objecto que ao deslocar-se emitia um zumbido, sendo esse zumbido o que primeiro lhes chamou a atenção. O objecto deslocava-se de Noroeste para Este, tinha cor verde, forma de disco com diâmetro estimado entre oito e dez metros, encimado por uma cúpula e com “luzes intermitentes à volta”, deixava atrás um rasto de chamas.
O objecto deslocava-se a muito baixa altitude e dava a impressão de estar a contornar o terreno. As testemunhas ficaram com medo à passagem do objecto e até baixaram-se no barco quando aquele passou por cima deles. A duração total da observação foi de 20 a 30 segundos e terminou com o objecto a afastar-se a grande velocidade.
Praia da Quarteira 25/08/1976
Várias pessoas cujas identidades permaneceram anónimas referiram ter observado cerca da uma hora da madrugada do dia 25 de Agosto de 1976 um objecto luminoso que se deslocava a grande velocidade e a baixa altitude em direcção a sul nesta praia algarvia.
O OVNI, segundo disseram, apresentava muitas cores, sendo a mais frequente ou visível de todas, o vermelho e expelia jactos luminosos. Depois da passagem do objecto voador, uma das testemunhas resolveu telefonar para o Aeroporto de Faro para indagar se havia ali conhecimento da aterragem ou descolagem de qualquer avião à hora em que o objecto foi visto. Responderam que não, dado que as aeronaves que ali aterraram e descolaram o fizeram apenas até as 22 horas.
Alguns Casos Que Me Foram Relatados Pessoalmente
Uma senhora que conheço contou-me que viu um OVNI quando ainda era criança. Era de aspecto metálico e tinha a forma clássica de disco com cúpula. Vi que ela me descrevia aquilo que o Dr. Hynek chamava “objecto diurno” (é geralmente nesse tipo de visões que os objectos tendem a se apresentar “metalizados” sendo que à noite tendem a aparecer mais sob a forma de objectos luminosos). Perguntei-lhe “você viu esse objecto de dia, não foi?” o que confirmou. Ela tinha seis anos, viu o objecto e disse ao pai mas o pai não o viu a tempo ou não ligou. O objecto desceu para uma quinta perto da casa deles e ela foi ver. Teve que dar uma volta grande para entrar na quinta por causa de uma cerca e o objecto já não estava lá. Perguntei-lhe se tinha deixado marca de aterragem. Ela disse-me que sim e fez um reparo interessante: achou que o objecto era pequeno. Respondi-lhe que o tipo de nave que ela viu – o clássico objecto discóide, comum em 38% das observações segundo o Catalogo Poher (Scornaux e Piens, 1978) costuma ser de pequenas dimensões pois são, ou parecem sugerir, naves de reconhecimento; distinguem-se das “naves-mãe” das quais, por vezes, são vistos a sair, e que, geralmente, apresentam-se cilíndricas ou em “forma de charuto” sendo por isso frequentemente chamadas na ovnilogia de objectos em forma de charuto ou objectos-charutoides. No tempo dela, e isto foi outra observação interessante que ela fez, utilizava-se pouco a palavra ovni. “As pessoas usavam mais frequentemente a expressão disco voador”, realçou.
Numa das circunstâncias citadas acima uma senhora, mãe de um amigo meu, o seu marido, já falecido, entretanto, e amigos viram discos voadores. Digo “discos voadores” porque em duas dessas circunstâncias os objectos TINHAM MESMO a forma de discos ou, como a senhora (não vou citar o nome dela) disse “pratos”. Ela viu OVNIs em, pelo menos, três circunstâncias diferentes e da primeira vez o seu marido não acreditou nela pois não tinha partilhado a observação mas depois ficou surpreendido porque a notícia acabou por sair no jornal. Em Portimão, a mãe e a irmã de um amigo meu viram, através da janela da sua casa, um objecto voador em forma de disco pairando por cima de um prédio vizinho e quase a aterrar em cima do mesmo. Eram pessoas que nunca se interessaram muito pelo assunto dos OVNIs, antes e depois do acontecimento!
Estas são as verificações, que cada um pode fazer. Se nos interessarmos o suficiente pelo assunto, e se formos intelectualmente honestos, as pessoas sentem-se à vontade para nos contarem as suas observações ou experiências com OVNIs. Elas não vão contar – e compreende-se o porquê! – a quem não quiser acreditar nelas, estiver predisposto a negar ou a fazer troça do assunto. A “troça”, diga-se de passagem, é um mecanismo de formação reactiva. Significa que a pessoa que está a ser “espirituosa” sobre certo assunto está a deixar que o lado emocional tome conta do assunto. No fundo, as supostas implicações do assunto a incomodam. Insisto em que existência de testemunhas reais e fidedignas permite que o fenómeno OVNI não possa ser encaixado na categoria dos boatos, rumores ou mitos urbanos, como o pretenderam certos autores que, no fundo, demonstram um conhecimento superficial da ovnilogia. Tudo parece indicar, portanto, que “eles”, sejam quem forem e venham de onde vierem, andam aí (!) Existe “qualquer coisa”, há um fenómeno a ser estudado. Agora, resta saber o que é.
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