Testemunha: Clélia T.R., dona de casa, mãe de duas filhas, e que contava à época do episódio, 22 anos de idade.
Local:
 Praia do Saco de São Francisco (prolongamento das praias de Icaraí e do
 Canto do Rio, situadas na cidade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro),
 antigamente, era um local ermo, mas hoje é muito procurado, em virtude 
do belo panorama que ali se descortina da Baía de Guanabara, emoldurada 
pelas montanhas da vizinha cidade do Rio de Janeiro.
Data e hora do episódio: No dia 10 (ou 11) de setembro de 1956 e que perdurou das 11 hrs às 16 e 3 hs, aproximadamente.
Pesquisa realizadas: Em 17 de novembro de 1975, no início de 1976 e em 5 de maio do mesmo ano.
Resumo
 do episódio: Declarou a testemunha que encontrava-se sentada À beira da
 praia, às 11 hs, aguardando a condução que deveria levá-la de volta à 
sua residência, em Niterói, quando teve a sua atenção despertada para um
 objeto voador que, com estridente ruído, aproximou-se da praia e ficou 
pairando sobre o mar, próximo à arrebentação das ondas, fato que causou 
pânico aos banhistas ali presentes.
Informou que a sua memória 
sofreu, a seguir, um colapso, pois não se recorda da maneira pela qual 
foi transportada para o interior do objeto, onde se encontravam vários 
tripulantes. Um deles, dirigindo-se a ela em português, submeteu-se a 
exames, através de um aparelho. No Disco Voador, ela notou, também, a 
presença de uma das pessoas que se encontrava na praia, mas que pareceu 
achar-se inconsciente.
Ocorreu, em seguida, um segundo lapso da 
memória da testemunha, que não sabe explicar como encontrou-se novamente
 sentado à beira da praia, à espera do ônibus que a levaria a casa. 
Quando este chegou, nele também viajaram as pessoas que ela havia visto 
na praia pela manhã, quatro ou cinco horas antes, inclusive a personagem
 que, ao seu ver, encontrava-se inconsciente no interior do disco.
B – Relato do Episódio
Relato dos fatos que precederam o episódio:
A
 testemunha, do dia assinalado (10 ou 11 de setembro de 1956), havia 
deixado a sua residência, no bairro do Cubango, em Niterói, com o 
objetiv de ver uma pequena casa que se encontrava à venda no bairro do 
Saco de São Francisco (hoje chamado simplesmente São Francisco), onde 
chegou após uma viagem de ônibus de, aproximadamente 1 hora e trinta 
minutos. Depois de visitar o imóvel, do qual se agradou, e de conversar 
com a proprietária, retornou à margem da estrada a fim de aguardar o 
retorno do ônibus, que a levaria a sua casa. O horário do veículo 
obedecia a intervalos de 60 min. Fazia muito calor naquele dia e a 
testemunha, sentando-se num monte de pedras próximo à praia, distraia-se
 observando o movimento dos banhistas, que avaliou em torno de 15 a 20 
pessoas, umas dentro e outras fora d’água.
Eram cerca de 11 
horas, e ela preocupou-se ao pensar que ainda tinha que preparar o 
almoço das filhas, uma de um ano e meio e a outra de 3 anos. Nisso, a 
sua atenção foi atraída para um leve ruído, vindo do mar, o que ela 
relacionou a um ponto luminoso, e que descia sobre o mar. O ruído 
aumentava enormemente, a tal ponto que ela levou as mãos aos ouvidos, 
para protegê-los. O mesmo gesto ela notou num rapaz, que estava sentado 
na praia. Os banhistas, que antes se encontravam no mar, haviam-no 
abandonado, com receio do ruidoso objeto que se aproximava e, temerosos,
 se reuniam em pequenos grupos.
Dentro do disco
A 
ultima lembrança que a testemunha guardou, foi a de um objeto de grandes
 proporções, redondo e muito luminoso, a ponto de ofuscar a vista, e que
 estacionara a uns 25 metros da praia e a 5 metros da quebração das 
ondas e que baixara até a superfície da água, sem que esta, contudo, 
sofresse qualquer alteração. O ruído, entretanto, permanecia o mesmo: 
estridente, lacerante.
Segundo a testemunha, deve ter havido um 
lapso na sua memória, porquanto ela recorda-se a seguir, de achar-se 
estendida sobre um estrado, na penumbra, em um corredor curvo, sem saber
 a maneira pela qual fora transportada para ali. Em outro estrado, 
imóvel, encontrava-se o rapaz que, momentos antes, ela havia visto na 
praia, protegendo, na ocasião também, os ouvidos contra o ruído, como 
foi mencionado acima. Naquele recinto, o ruído continuava insuportável.
Percebeu,
 em seguida, a aproximação de duas personagens que caminhavam a passos 
lentos, mas de maneira natural, e cujas feições não pode distinguir, 
pois embora usassem capacetes translúcidos, estavam os mesmos embaçados.
 Eram mais altos do que ela (que em 1, 52 m), aparentando 1,75 m de 
altura. Usavam macacão de material que se assemelhava a lâmina de 
alumínio, com cintos do mesmo material, o qual cobria também as mãos e 
os pés, como se fossem luvas e sapatos. Sem nada dizer, eles tomaram 
Clélia e o rapaz nos braços e os transportaram, através de uma porta no 
corredor, para uma sala circular, de uns 20 metros de diâmetro, e os 
colocavam, novamente cada um em um estrado. Clélia supõe haver estado 
uns 20 minutos no referido corredor.
No interior da sala circular
Na
 sala onde fora instalada, Clélia continuava a perceber o ruído que 
tanto a incomodava. E súbito, aproximou-se dela um homem sem capacete, 
com os cabelos grisalhos, penteados para trás, e que se dirigiu a ela 
num português perfeito e melodioso. Ela queixou-se, então, do ruído que 
começava a deixá-la louca. Dizia-lhe isso, enquanto vedava o orifício 
externo dos ouvidos com os dedos. A personagem assegurou-lhe que, em 
breve, corrigira o som, mas que ela não devia vedar os ouvidos com os 
dedos, para não se prejudicar. O seu interlocutor aparentava 1,70 m ou 
1,75m de altura, usava vestimenta igual a dos outros dois, mas tinha o 
olhos cheio. Os olhos eram escuros e penetrantes. Clélia não conseguiu 
ver-lhe os dentes, pois a boca se entreabria pouco, quando ele sorria. 
Caminhava mais depressa do que os outros dois, porém com movimentos 
suaves e seguros.
A personagem explicou-lhe, a seguir, que ela 
havia sido trazida a bordo do engenho para ser examinada. À uma 
interpelação de Clélia, referente ao banhista trazido, igualmente, para 
aquela sala, foi-lhe explicado que ele havia sido deixado inconsciente, 
porquanto não tinha condições de enfrentar a realidade sem medo e pânico
 como ela vinha fazendo, e que aquela fora a razão pela qual ela havia 
sido conduzida a bordo do disco voador, a fim de ser submetida a exames.
O
 homem tomou, Clélia nos braços e colocou-a sobre uma maca, que se 
encontrava próximo a uma parede, na qual estava fixado um aparelho de 
forma quadrada, e que era movimentado em todos os sentidos por uma 
espécie de sanfona. O aparelho foi, então, conduzido ao longo de todo o 
seu corpo e também lateralmente. Durante os exames, dele se projetava 
uma luz roxa. O ruído havia diminuído de intensidade e era agora 
perfeitamente suportável.
Pareceu a Clélia que o exame pelo 
aparelho de luz roxa havia durado uns cinco minutos, ao fim dos quais a 
personagem deu por encerrada aquela fase e disse que queria conversar 
com ela. Clélia retrucou que lamentava não ter, no momento, uma máquina 
fotográfica para poder documentar com retrato o inacreditável momento 
que estava vivendo.
Foi-lhe, então, indagado o que significava a 
palavra retrato, ao que Clélia respondeu exibindo uma carteira que 
trazia sua foto. A personagem retrucou-lhe que, no próximo encontro com 
ela, seria dado um jeito para que tal acontecesse. Ponderou Clélia que 
um próximo encontro seria difícil, pois ele ignorava o seu atual 
endereço e que o mesmo seria mudado em breve. Achá-la em qualquer lugar 
não seria problema para nós”, foi a resposta, porquanto pelo registro 
feito havia pouco pela máquina, ela seria localizada em qualquer ponto 
onde se encontrasse. A personagem acrescentou, entretanto, que, para um 
encontro, era preferível um ambiente ao ar livre, com vegetação ou água,
 pois recintos fechados não eram propícios a contato com eles. Nas suas 
abordagens e aproximações na Terra, eles usavam de muita cautela e 
sigilo, pois os terrestres podiam ser tentados a atacá-los, que levaria 
os mesmos a uma derrocada, o que devia ser evitado. Eles atuavam aqui 
pesquisando, e não eram inimigos, ao contrário, ajudavam.
Perguntou,
 ainda, à Clélia a razão de uma cicatriz que havia no seu baixo ventre, 
como podia ter ele notado aquela lesão na pele, que resultara de uma 
intervenção cirúrgica (cesariana), que ela submetera no ano anterior. A 
isso, ele respondeu que a nossa medicina era ainda, bastante atrasada, 
ao deixar cicatrizes tão feias, e que, por outro lado, para a máquina 
com que ela fora examinada não havia segredo, pois ela desvendava, mesmo
 através do vestuário.
Ainda com relação ao rapaz que permanecia 
inconsciente, ele explicou à Clélia que, posteriormente, a deixaria 
também, com amnésia parcial, ligada a determinados fatos que ela 
presenciara e sobre os quais haviam conversado, porque não convinha que 
ela falasse ao seu marido sobre os mesmos, pois caso ele não lhe desse 
crédito, poderia interná-la como doente mental, numa Casa de Saúde. Se, 
no presente, acrescentou ele, viessem a lhe faltar palavras ou ideias 
para relatar aquilo de que havia participado ou visto, para o futuro 
isso não aconteceria, pois, na hora certa, ela teria capacidade 
suficiente para descrever exatamente o que ora lhe estava acontecendo, a
 bordo do Disco Voador.
Foi-lhe, ainda mostrada a sala do 
comando, separada da sala circular. Nela havia uma parede, aparentemente
 de um vidro espesso, brilhante, através da qual podia distinguir-se o 
exterior, mas como se fora envolto numa neblina. Pelos cálculos de 
Clélia, ela teria permanecido cerca de três horas nas salas circulas e 
de comando.
A volta ao nosso mundo
Deve ter ocorrido outro
 lapso de memória, pois Clélia não sabe explicar como encontrou-se, 
novamente, sentada nas pedras, a beira da estrada, à espera de condução.
 Quando o ônibus chegou, juntamente com ela embarcaram outras pessoas, 
entre as quais os banhistas que ela havia visto na praia, inclusive o 
rapaz que, momentos antes, encontrava-se em estado de inconsciência, no 
interior do disco voador, próximo a ela.
Observou que durante a 
viagem os passageiros mantinham-se calados, mas recorda-se de que alguém
 perguntou que horas eram, ao que lhe fora respondido que eram 16:30 hs.
 Clélia notou, então, que o seu relógio havia prado nas 12:05 hs. Havia,
 assim, transcorrido 4 a 5 horas desde que chegou à praia.
Ao 
entrar em casa, perguntou-lhe o marido, com insistência, qual o problema
 que ela tivera naquelas horas em que estivera ausente. Ela de nada se 
lembrava e esqueceu-se mesmo de falar a ele sobre a casa que fora ver 
naquela manhã, motivo de sua ida ao bairro do Saco de São Francisco. 
Pareceu à Clélia que ela própria não queria lembrar daquele fato, que 
estava ligado ao ruído ensurdecedor que se gravara na sua memória, 
ameaçando-a levá-la à loucura.
Para o marido, ela argumentos que a
 casa não a interessava, pois o comercio local era muito precário. O 
relógio de Clélia que deixara de funcionar por ocasião dos 
acontecimentos acima expostos, não pode mais ser reparado, não obstante 
houver sido examinado por três relojoeiros.
Clélia relatou, 
ainda, que uma semana após a sua estranha experiência, teve a 
oportunidade de ler, em jornais, reportagens referentes a discos 
voadores que haviam sido avistados na cidade de Magé (estado do Rio de 
Janeiro). Nessa ocasião, o episódio que vivera ressurgiu, inteiramente 
na sua memória. Entretanto, somente cinco meses antes da nossa 
entrevista havia ela relatado, pela primeira vez a sua aventura no disco
 voador, e o fez à sua filha mais nova, então com 21 anos.
Quem 
trouxe Clélia à nossa presença foi o nosso amigo, ufólogo Carlos Arctur 
Ribeiro Rocha (Carlinhos Sideral para os amigos) e que, juntamente, com o
 engenheiro Altino Silva Nunes, interessado em Ufologia e promotor da 
conferência de Hynek, no clube de Engenharia, em setembro de 1975, 
procurou reconstituir fases do episódio ocorrido no Saco de São 
Francisco. Para isso, tentaram localizar a casa que Clélia visitara 20 
anos antes. Todavia, em razão do grande desenvolvimento do bairro, agora
 com inúmeras construções novas, e que se constituiria em local muito 
procurado por aqueles que procuravam fugir à poluição dos logradouros 
industriais de Niterói não foi possível à Clélia encontrá-la. 
Possivelmente, já havia sido demolida para dar lugar à uma construção 
mais moderna.
O Dr. Altino foi, então, de parecer que o episódio 
relatado por Clélia não devia passar de um sonho ou de um período de 
ausência, pelo que ela devia esforçar-se para esquecê-lo inteiramente.
C – Esclarecimentos adicionais e comentários finais
Regressão ao episódio, em sono hipnótico.
Seis
 meses após o relato acima e 20 anos após a ocorrência do episódio 
focalizado, foi a testemunha submetida a uma hipnose regressiva, em 5 de
 maio de 1976, pelo médico e parapsicólogo Prof. Sylvio Lago, na 
residência deste, em Niterói.
O Dr. Lago, pela regressões, em 
estado hipnótico que provocou em testemunhas de UFOs, como os Srs. 
Benedito Miranda e Onilson Pátero, dispensa apresentação aos leitores 
deste boletim. No caso em apreço demonstrou abordagem cautelosa e 
manipulação segura da técnica de “indução para estado hipnótico 
profundo”.
A testemunha, Clélia, falava muito baixo, o que 
dificultou, posteriormente, a captação e a compreensão das suas palavras
 na fita gravada durante a regressão em hipnose. Em alguns trechos a 
fita apresenta também, defeitos, mas que não prejudicaram o resultado 
global. Durante a regressão, a testemunha confirmou, em linhas gerais, 
tudo o que havia relatado em estado consciente. A gravação ainda 
demonstrou o sentimento de viva apreensão da testemunha nos trechos 
referentes à aproximação do ruidoso veículo extraterrestre. Esta e 
outras coincidências do relato de Clélia, em hipnose e quando em estado 
de vigília, falam a favor de sua sinceridade.
Pelas manobras comprobatórias específicas, durante a regressão, foi confirmado o seu estado hipnótico (profundo).
Fonte