Os extraterrestres estão a desenvolver um estudo genético e a espécie humana é alvo das experiências. Um dos objectivos é sequestrar pessoas para fabricar outros seres. Não se trata de um programa de reprodução, mas de produção: a finalidade do rapto é a criação artificial de crianças.
Enlouqueceram? Pergunta o leitor: Não trata – se das teses de duas autoridades na matéria, que não são consideradas loucas, o artista Budd Hopkins e o professor David Jacobs, da univercidade Temple (Filadélfia, Estados Unidos).
Defendem além disso, que os raptos são hereditários, os pais e filhos e até os avós de um sequestrado teriam sido capturados por alienígenas.
Para o psiquiatra Jonh E. Mack, de Harvard estados Unidos, falecido em 2004, os problemas ginecológicos de que a mulher sofria teriam sido causados por extraterrestres, e os sequestros fariam parte de um grande programa cósmico destinado aos espiritualmente condenados.
Até há pouco tempo o sait Marcovni, entretanto desaparecido, mantinha um registo de pessoas desaparecidas devido a supostos raptos por aliens.
Das Luzes no céu aos sequestros de humanos…
O fenômeno dos sequestros extraterrestres teve origem num dia de Setembro de 1961, quando os norte – americanos Barney e Betty Hill pensaram estar a ser seguidos por uma luz e decidiram meter por estradas secundárias para tentar fugir: depois da peripécia, quando chegaram a casa em Portsmouth, viram que tinham perdido duas horas.
Nos dias seguintes, Betty começou a ler livros sobre ovnis e a ser vitima de pesadelos.
Preocupados decidem consultar o psiquiatra Benjamin Simon e, sob hipnose, relatam uma história aterrorizante: teriam sido submetidos a um exame médico num disco voador e libertados depois de lhes terem apagado a memória do sucedido, o que explicava a sensação de tempo perdido. Essa característica viria a tornar – se um padrão, a prova inequívoca de um sequestro. Seja como for, o caso dos Hill não teria passado dos ficheiros do psiquiatra se não fosse a intervenção do jornalista Jonh G. Fuller, que publicou, cinco anos depois, o livro Viagem Interrompida.
Estavam definidos os ingredientes típicos para se poder alargar um caso se “sequestro extraterrestre”: alienígenas a brincar aos médicos, estradas secundárias, um período de tempo perdido, apagado da memória …
Embora as pessoas afirmam ter visto um ovni e, mais ainda, aquelas que alegam ter mantido contactos com alienígenas, tenham sido e seja consideradas vítimas de alguma psicopatologia, a verdade é que os estudos psiquiátricos, sobretudo realizados na década de 1990, demonstram o contrario.
Porém, as investigações também revelam facetas da personalidade que são muito características.
A década de ouro dos sequestros…
Após publicação de Witnessed, em 1996, pelo guru deste tipo de fenômeno, Budd Hopkins, a organização Fund For UFO Research encarregou a psicóloga Elisabeth Slater de efectuara a nove supostos sequestros, indicados por Hopkins, o clássico teste de personalidade MMPI (Minnesota Multiphasic Personality Inventory).
Sem que a psicóloga soubesse de quem se tratava, afastou por completo a existência de psicopatologia, mas descobriu que aquelas pessoas não representavam uma amostra clássica da população, do ponto de vista convencional e de estilo de vida.
Além disso, a maioria era muito inventiva, e original. Estudos posteriores revelaram os mesmos resultados: o psicólogo Kenneth Ring descobriu que as testemunhas dos ovnis eram mais sencíveis “ a realidades paranormais e tinham uma maior tendência para dissociação”, com características de personalidade muito semelhantes às das pessoas que experimentaram a iminência da morte.
Outros, como Spanos e Zimmer, observam uma significativa correlação entre a observação de ovnis e o facto de possuir crenças esotéricas.
Anos antes, em 1983, os psiquiatras Wilson e Barner, de Massachusetts (Estados – Unidos), descobriram que as pessoas fáceis de hipnotizar possuem determinadas características de personalidade que definiram com o termo Inglês fantasy prone (dados a fantasias).
Passam grande parte do tempo a fantasiar, tem sonhos muito vividos e boa memoria, recebem mensagens de forças desconhecidas…
Cerca de quatro por cento da população revela este tipo peculiar de personalidade.
Partilhariam os supostos sequestros essas características?
As pessoas normais sem problemas psíquicos…
Os primeiros a investigar a questão foram os ovnilogistas Ketih Basterfield e o sociólogo Robert E. Bartholomew, em 1988, quando descobriram a maior parte das características dos fantasy prones no bestseller de Whitley Strieber, Communion, em que o autor contava coo tinha sido repentinamente sequestrado por extraterrestres para manter algo mais forte do que um tête – a – tête interplanetário.
Poderia o êxito estar relacionado com a descrição do desejo manifestado por uma alienígena de manter relações sexuais e dos problemas d erecção que o autor sofrera?
No estudo que desenvolveram em 1991, verificaram que a maioria doa 152 supostos raptados se ajustava perfeitamente a esses perfil.
Joe Nickellchegou à mesma conclusão relativamente aos 13 sequestrados investigados pelo psiquiatra Jonh Mack. Um dos resultados mais interessantes foi relvado no estudo da Universidade de Ottawa (Canadá), dirigido por Nicholas Spanos em 1993, quando mais intensas forem as experiências de contacto com ovnis, maior é a pontuação na escala de tendência para fantasiar.
Para Jonh E. Mack, os sequestros “talvez não possam ser reduzidos aos processos psicológicos com que estamos familiarizados”.
Embora reconheça não possuir informação suficiente para formular respostas definitivas, admite que algumas recordações obtidas sob hipnose “poderiam ser explicadas por um processo de elaboração hipnótica”.
Os argumentos dos “convictos” vão todos no sentido de demonstrar que as experiências dos sequestrados são reais.
Por um lado, o próprio teor do fenômeno desafia o senso comum.
Testemunhas de um fenômeno que não é socialmente aceite, sendo mesmo alvo de escárnio e de acusações de fraude o sequestrado não teria motivos para inventar a experiência.
A comunidade científica e a sociedade, em geral, rejeitam rotundamente essa possibilidade, que não só contraria a lógica racional como a posição preponderante da humanidade no Universo. Desafia, igualmente, a nossa sensação de segurança, os ETS tratar – nos – iam da mesma forma com que lidamos com os animais.
Na sua essência (e embora Mack não admita explicitamente), o debate sobre o fenômeno reside em saber se a nossa visão do mundo deve ser materialista (foi o que a ciência fez desde o inicio, procurar causas materiais e defender que o mundo é cognoscível) ou espiritual, domínio em que se impõe uma perspectiva mais mística do que nos rodeia (embora nunca se tenha definido como deverá ser essa visão).
Os sequestros colocam frente – a – frente dois tipos de psicólogos, investigadores versus terapeutas. È um confronto antigo, iniciado quando começou a surgir uma série de terríveis casos de abuso sexual de menores.
A psicologia demonstra a fragilidade das recordações…
A referencia obrigatória quando se fala na questão é uma mulher, psicóloga, que já foi insultada por um advogado nos corredores de um tribunal e agredida num avião por um passageiro que gritava “Tu és a tal mulher”, e que tem de ser escoltada por agentes de segurança quando profere uma das suas conferencias. Tudo porque questiona aquilo que cremos saber.
Trata – se de Elisabeth Loftus, a mais prestigiada e celebre especialista mundial no campo da memoria.
Os trabalhos que desenvolveu com mais de 20 mil inquiridos são clássicos da psicologia e demonstram que a nossa memória é frágil e construtiva, que a palavra das testemunhas oculares é frequentemente pouco fiável e que se podem induzir falsas recordações por simples sugestão (um quarto de seres humanos revelasse especialmente sensível).
O factor mais assinalável, garante Loftus, é que se pode interferir e alterar a memoria fornecendo, simplesmente informação incorrecta.
Não é de estranhar que tenha sido publicamente insultada, vilipendiada e ameaçada por pessoas convencidas de que foram vítimas de abusos sexuais durante a infância.
O problema não reside nos que sofrem efectivamente esses abusos, mas nos que “recuperam esses abusos, mas que “recuperam” a recordação de factores tão terríveis.
Recordações esquecidas de experiências terríveis….
Em meados da década de 1980, um fenômeno extravagante propagou – se pelos Estados Unidos.
Alguns terapeutas descobriram que orientando de certa forma as crianças e fazendo as perguntas certas, conseguiam que se lembrassem de situações atrozes que já tinham esquecido, teriam sido sequestradas e ameaçadas com facas, forçadas a beber urina, atadas nuas a árvores ou obrigadas a ver animais a serem torturados, tudo isto durante a idade pré – escolar.
Seguiu – se uma vaga de história ainda mais fantástica alguns adultos começaram a recordar que tinham sido vítimas de abusos sexuais na infância havendo mesmo casos em que teriam sido forçados a participar em orgias satânicas.
As recordações reprimidas deram origem a um milhar de processos judiciais.
Teriam havido uma terceira vaga de denúncias, como disse a jornalistas Jil Neimark, se fosse possível intimidar extraterrestres.
Essencialmente, tanto os defensores dos abusos sexuais reprimidos como os sequestradores por alienígenas argumentam que nos lembramos efectivamente de tudo, mas que reprimimos as recordações que nos causam danos, isto é, podemos “enterrar” as experiências traumáticas nas profundezas do cérebro, esquece-las e recupera-las com toda a nitidez, até ao mais ínfimo pormenor.
Foi essa convicção que conduziu à detenção, em 1990, de George Frankelin, acusado de ter assassinado uma menina de nove anos Susan Nason, em 1960.
A prova?
A súbita recordação da filha, passados 20 anos, testemunha ocular de como o pai tinha violado Susan e depois esmagado a cabeça da amiga com uma pedra.
Lembrou se de tudo depois de consultar um psicoterapeuta, que submeteu hipnose para procurar recordações reprimidas. Dois policias de San Mateo (Califórnia) acreditaram no testemunho que prestou e o pai foi formalmente acusado de homicídio em primeiro grau preso, cinco anos depois, comprovou – se a sua inocência.
Desde então, muitos outros, condenados exclusivamente porque alguém teria recuperado supostas recordações reprimidas, foram libertados.
Um dos motores desta moderna praga made in América foi o livro The Courage To Heal, escrito pela terapeuta Ellen Bass em parceria com uma das suas pacientes “recuperadas”, Laura Davis Have. A obra foi comprada ao Malleus Maleficarum, ou “Martelo das Bruxas”, o manual utilizado pelos caçadores de bruxas.
O paralelismo é óbvio, o Malleus dizia que, se uma mulher presa por bruxaria o admitisse em interrogatório, era porque isso era verdade, porem se o negasse, era verdade na mesma.
Base de Devis, pegaram no argumento e debateram – no aos novos tempos.
O factor de uma mulher não ter recordação de ter sido vítima de abusos ou não conseguir lembrar – se deles não prova que eles não tenham acontecido”.
É possível recuperar memórias reprimidas?
A espada de Dâmocles presente em qualquer investigação sobre recordações recuperadas é que estas são “extraídas” do cérebro através da hipnose. Muitos psicólogos e psiquiatras chamaram a atenção para o perigo que se ocorre por alguns policias acreditarem que há métodos mágicos e fáceis de obter a verdade, soros milagrosos, detectores de mentiras, analises de voz e, claro a hipnose.
De facto, a maioria das pessoas crê que a hipnose nos permite ter acesso à mente inconsciente, esse local onde estariam armazenados todo o género de experiências traumáticas, personalidades múltiplas e recordações de vidas passadas.
Todavia, tanto Loftus como o grande estudioso da hipnose, Nicholas P. Spanos demonstraram que o que aconteceu, na realidade, é criarem – se falsas recordações, embora possam parecer verdadeiras ao próximo.
Um bom exemplo disso foi o caso que se verificou com Freud Frankel, chefe dos serviços de psiquiatria do Hospital Beth Israel de Bóston (Estados Unidos) e director da revista Internacional Journal of Clinical and Experimental Hypnosis.
Uma mulher foi consulta – lo porque tinha sonhos que a deixavam angustiada.
O medico explicou – lhe que a hipnose não proporciona uma recordação exacta e que a fantasia e a sugestão desempenham um papel muito importante.
A reacção à sessão de hipnose foi mínima. Posteriormente, a mulher ouviu falar de Jonh Mack, foi vê – lo e recordou pormenorizadamente uma série de sequestros.
Michael Yapko, autor do clássico manual sobre hipnose Trance Work, é categórico, “Sob hipnose, é possível aceitar e responder a uma realidade sugerida. E terapeutas com Marck podem ser completamente alheios ao facto de estarem a criar as experiências que irão, depois, tratar”.
Dos abusos sexuais na infância aos sequestros…
Foram as recordações reprimidas de abusos sexuais que levaram a psicóloga Susan Clancy a estudar os casos de alegados sequestros.
O seu livro Abducted é produto dos cinco anos que dedicou á investigação do Fenômeno.
Tudo começou em 1996, sentia se fascinado pelos aspectos políticos, sociais e jurídicos dos casos de pessoas que, súbito, recuperavam a recordação de um abuso sexual sofrido na infância. Com base em testes experimentais clássicos, descobriu que as mulheres que tinham “recuperado” a memoria manifestavam maior tendência para se recordar de coisas que nunca tinham sucedido do que aquelas que não tinham esquecido do abuso. Seria prova suficiente de que essas mulheres nunca tinham sido vítimas de abusos sexuais? Não.
Clancy precisava de um grupo de controlo do qual soubesse que a memoria recuperada não correspondia a qualquer realidade. Deparou com um mundo dos sequestrados por alienígenas.
A fazer fé nos números apresentados pelos que defendem a sua existência, só nos Estados Unidos teriam sido raptados cerca de quatro milhões de pessoas, e um total de 100 milhões em todo o mundo. É crível que semelhante panorama de sequestros em massa pudesse passar desapercebido?
Tal como Carl Sagan ironizou: È surpreendente que os vizinhos não tenham dado por nada.
Mais ainda, não há qualquer confirmação científica da existência dos sequestros como reconhece David E. Pritchard, físico do MIT Estados Unidos e defensor da realidade do fenômeno.
Sintomas de stress pós traumático…
Numa série de estudos. Susan Clancy e J. McNally descobriram que os supostos sequestrados manifestavam os mesmos sintomas de stress pós traumático dos veteranos de guerra. Na opinião dos especialistas, qualquer “recordação”, seja verdadeira ou não pode provocar um profundo impacto emocional.
Durante a investigação, houve algo que lhes chamou a atenção e que sugere como a resposta mais plausível para explicar o fenômeno, tanto as pessoas que recuperam a recordação de um abuso sexual sofrido na infância como aquelas que acreditam ter sido sequestradas ou violadas põe extraterrestres manifestam uma maior incidência de paralisia do sono.
Um mau funcionamento do cérebro durante o sono…
Imagine que acorda e descobre que não consegue mover um musculo, excepto os olhos, sente uma presença no quarto que para além do mais, parece exercer pressão sobre o seu peito, impedindo – o de respirar, escuta ruídos e sofre uma espécie de descargas eléctricas, está a ser vitima de paralisia do sono.
Tudo acontece durante uma fase conhecida por REM (rapid eye movment), pois é caracterizada pelo rápido movimento ocular. Nesse momento enquanto adormecemos, o nosso corpo fica paralisado, o que é uma medida acertada do cérebro para impedir que qualquer movimento, produto de um sonho, nos possa causar danos.
Porem pode acontecer que a fase REM não decorra da forma adequada, e começamos a acordar antes de passar a paralisia.
O pânico que a situação provoca pode ser acompanhada de alucinações hipnopômpicas, que surgem de modo natural no despertar, enquanto dormimos, também podemos ter alucinações, designadas por “hipnogógicas”. Esse terror é tão vivido que parece real.
Acontece – me com bastante frequência, sobre tudo quando me deito num estado de ansiedade. Já tive alucinações com muitas coisas, a mais frequente é sentir que há ladrões em casa, vejo sombras, escuto passos e, uma vez vi uma luz de lanterna, era tudo muito real, contou uma vítima.
Quando era adolescente fascinado por ovnis, chegou a ver durante os episódios de paralisia, as celebres figuras cinzentas, os anões cabeçudos e de grandes olhos rasgados que já representam, no inconsciente colectivo, a imagem do verdadeiro extraterrestre.
A paralisia do sono atinge cerca de 30% da população, da qual 5% também é vítima de alucinações visuais tácteis e auditivas. Trata se de um sintoma tão indicativo de problemas psiquiátricos como um soluço.
Todavia, o ser humano tem necessidade de procurar uma explicação para o sucedido, que lhe parece inteiramente real.
É ai que surgem os extraterrestres, outros vêem vampiros, ladrões ou fantasmas de familiares.
A Terra é um paraíso sexual para os ETs?
Esta explicação não satisfaz nem os ovnilogistas, nem os supostos sequestrados. Ambos querem acreditar que existe uma espécie de programa sexual alienígena, cujos objectivos seriam violar, extrair óvulos, obter sémen ou introduzir sondas rectais, entre outras experiências clínicas.
Aparentemente, os extraterrestres não seriam tão hábeis como os seres humanos em matéria de biotecnologia e clonagem.
É significativo esse interesse dos alienígenas pelo sexo, e não pelas faculdades exclusivamente humanas que não são partilhadas pelas restantes espécies do planeta Terra.
Durante as suas investigações sobre recordações reprimidas de abusos sexuais, Susan Clancy foi violentamente atacada e intimidada e recebeu correio electrónico e cartas ameaçadores de alegados sequestros e pessoas relacionadas com a questão dos ovnis.
Tal como afirmou Nietzsche.
Há os que desejam saber e os que preferem crer!
Acreditar nestes relatos, aterra uma nave de cinco em cinco minutos…
Rebista Super Interessante
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