quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Planetas habitáveis podem ser milhões



Cientistas que localizaram 28 novos planetas orbitando outras estrelas no último ano dizem que o nosso sistema solar está longe de ser único e que pode haver bilhões de planetas habitáveis.

As descobertas mais recentes elevam o total de exoplanetas (planetas que estão fora do nosso Sistema Solar) a 236, disseram pesquisadores na segunda-feira (28) em uma reunião da Sociedade Astronômica Americana, em Honolulu, Havaí.

"Estamos começando a ver que nossa casa não é uma raridade no universo", disse Geoffrey Marcy, professor de Astronomia na Universidade da Califórnia em Berkeley, que comandou a equipe.

"Somos facilmente capazes de detectar planetas gigantes, como Júpiter e Saturno, em torno de outras estrelas. A maioria orbita distante da estrela, como nossos próprios Júpiter e Saturno orbitam o sol", disse Marcy em entrevista por telefone. "É uma estrutura comum entre sistemas planetários."

Novas técnicas permitem detectar planetas que não sejam enormes, embora objetos do tamanho da Terra ainda não possam ser vistos, disseram os pesquisadores, que divulgaram detalhes das suas conclusões (em inglês) no site http://exoplanets.org.

Quatro dos sistemas também têm múltiplos planetas, a exemplo do sol, que tem oito planetas (Plutão foi "rebaixado"), além de objetos menores em sua órbita.

"Estamos descobrindo que a maioria das estrelas tem não um só planeta, mas que quando encontramos um existe um segundo, um terceiro ou um quarto", disse Marcy. "O atributo que realmente mais nos empolgou é este novo planeta que achamos há três anos", disse Marcy.

Esse planeta, que orbita a estrela Gliese 436 e é parecido com Netuno, intriga os cientistas porque parece estar coberto de água --embora seja dura como pedra e quentíssima, devido a pressões intensas que criam um estado químico não visto na Terra.

Neste mês, pesquisadores suíços e belgas fizeram imagens da estrela quando este planeta passava entre ela e a Terra. A pequena mudança na luz da estrela permitiu medições do diâmetro e densidade do planeta.

"Da densidade de dois gramas por centímetro cúbico -- o dobro da água -- ele deve ser 50% rocha, 50% água, com talvez pequenas quantidades de hidrogênio e hélio", disse Marcy.

"Agora temos bastante certeza de que ele tem um núcleo rochoso e este gigantesco e grosso envelope de água", acrescentou. "É a primeira vez que determinamos a estrutura de um desses planetas extra-solares. É rochoso como a Terra, mas tem muita água, que é um ingrediente essencial para a vida."

Esse tipo de descoberta deve se multiplicar de agora em diante, segundo Marcy. Os cientistas passaram décadas teorizando, e agora as provas estão começando a aparecer.

"Nossa galáxia Via Láctea tem 200 bilhões de estrelas. Eu estimaria que 10% delas, talvez, tenham planetas que sejam habitáveis", disse Marcy. "Há centenas de bilhões de galáxias, todas mais ou menos como a nossa Via Láctea, o que representa dezenas de bilhões de planetas como o nosso."

Há uma característica rara no nosso Sistema Solar: a órbita quase circular dos planetas, o que lhes dá uma dose consistente de radiação solar. Outros sistemas já observados não costumam ser assim, pois têm planetas em órbitas elípticas (alongadas).

"Nós desfrutamos de temperaturas quase constantes ao longo do ano. Se a Terra chegasse perto demais do Sol, a Terra se aqueceria, a água evaporaria, e isso seria ruim", explicou ele. Longe demais do Sol, a água do planeta congelaria. "Uma órbita alongada não poderia sustentar vida", disse Marcy.


Tecnociencia

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