Essa importante batalha, ocorrida em 25 de julho de 1139, foi determinante para a instauração do reino português. Dela, cinco reis mouros saíram derrotados. O feito adquiriu tal importância no contexto internacional da época que, a partir daquela data, dom Henriques passou a utilizar o título de rei – da expressão rex – e o reino português passou a ser ainda mais reconhecido no mundo. A descrição da aparição, chamada de Milagre de Ourique, surge na obra Anais de Santa Cruz de Coimbra. Segundo estes documentos, Jesus Cristo teria aparecido ao monarca no céu dentro de um raio luminoso, rodeado de anjos, a incitar à vitória sobre os muçulmanos. Como esta, outras aparições marcaram a história e o destino de Portugal durante os subseqüentes séculos até o XX.
Um caso que é hoje utilizado como referência por parte da Ovnilogia moderna [Ufologia moderna] como exemplo de OVNI em formato de cruz ocorreu em 1513, no Mar Vermelho. Não existe certeza quanto à data, mas se crê ter sido no mês de abril que dom Afonso de Albuquerque, segundo vice-rei da Índia portuguesa, avistou no céu uma cruz vermelha e resplandecente. Comandava uma frota de naus e viu o fenômeno na direção do poente. A ele se sobrepôs uma nuvem que acabou por se dividir sem interferir com a cruz ou reduzir sua luminosidade. O fato foi interpretado como sinal divino, redentor e encorajador, uma vez que a navegação estava difícil na época. O fato se encontra relatado na primeira pessoa pelo próprio dom Albuquerque, em carta enviada ao rei, dom Manuel I, em dezembro daquele ano. Posteriormente, foi descrito pelo historiador João de Barros.
Fenômenos na Antigüidade — Existem ainda outros casos que foram incluídos na categoria de fenômenos aéreos não explicados por não serem imediatamente associados à religiosidade. Um exemplo consiste na observação de um notável fenômeno nos céus de Castelo de Vide, no Alentejo, em 1726. Conforme descrito na Gazeta de Lisboa, de 07 de novembro daquele ano, o fenômeno ocuparia uma considerável área do céu, em formato de serra de cor vermelha. O artigo refere ainda ao tamanho estimado de quatro léguas, cuja largura corresponderia a um terço do comprimento. Das descrições, consta ainda a referência a raios de luz provenientes do objeto, que iam perdendo e recuperando a cor. O fenômeno durou horas, sendo que, após um acréscimo de intensidade luminosa, esta foi diminuindo até que todo o fenômeno desapareceu por completo quando a noite já ia alta. O mesmo jornal, que era um veículo de referência na época, informou ainda que, dias antes, algo idêntico teria sido observado mais ao sul. Também é bastante conhecido na Ovnilogia Portuguesa que o grande terremoto de 01 de novembro de 1755 foi precedido pela observação de diversos globos de luz intensa sobre vários pontos do país.
A tragédia destruiu 85% das construções de Lisboa e é considerada responsável pela morte de 90 mil lisboetas. Todavia, muito provavelmente, tal luminosidade é o que a ciência denomina “luzes de terremoto”, um fenômeno de origem natural, ainda que controvertida, que ocorreria durante o cataclismo. A primeira observação deu-se em 15 de outubro, quando foram vistos, por várias vezes, globos voadores imensamente iluminados. Outras observações ocorreram em 08 de novembro, em que apareceram três “luas” sobre a cidade de Viseu, entre 14h00 e 15h00. Estas ocorrências encontram-se registradas nas gazetas da época e são passíveis de consultas no arquivo geral da Torre do Tombo, que conta já com 600 anos de existência [A Torre do Tombo é o repositório da história portuguesa, como o Arquivo Nacional é da história brasileira].
Importante contribuição dos pioneiros — Tais relatos começaram a ser encarados como potenciais OVNIs somente no século XX. Esse próprio século encontra-se recheado de avistamentos ocorridos tanto em Portugal continental como na suas ilhas, sendo que, com o advento da Ovnilogia como área multidisciplinar, muitos deles foram de imediato averiguados e outros só mais tarde foram resgatados por investigadores interessados.
Os portugueses, ao longo das últimas décadas, não só acompanharam o que se passava no exterior, através dos meios de comunicação social, como vivenciaram fenômenos em seu próprio território.
O país reflete algumas das muitas observações de OVNIs de âmbito internacional, sendo esta correlação mais notória durante a década de 50. Apesar de ter sido comum na imprensa portuguesa, durante a época da ditadura, notícias sobre a observação de discos voadores, não houve organização de grupos civis de investigação. Há, no entanto, algumas personalidades interessadas que divulgaram o tema, das quais podemos destacar o jornalista Hugo Rocha, autor dos primeiros livros portugueses sobre OVNIs, e também Sánchez Bueno, com várias obras sobre o assunto. Bueno compilou tal número de notícias sobre avistamentos que, mais tarde, já nos anos 70, fundou o Centro de Estudos Cosmológicos e Parapsicológicos (CECOP), em Lisboa. Contudo, o cenário alterou-se completamente depois da Revolução dos Cravos, em abril de 1974, e do regresso da democracia, crescendo o interesse por novas idéias e assuntos tabus, entre os quais estavam os OVNIs. Apesar de ter sido formado em 1973, ainda no período pré-democrático, o Centro de Estudos Astronômicos e de Fenômenos Insólitos (CEAFI) é uma das mais importantes associações da história ovnilógica portuguesa. A entidade cresceu, em conjunto com outros grupos, na segunda metade dos anos 70, verdadeira época de ouro da Ovnilogia Portuguesa, quando existia não só maior número de grupos de investigação como publicações sobre a temática.
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Prof. Joaquim Fernandes |
Na década de 80, o interesse pela Ovnilogia tornou-se mais moderado. Depois da explosão na década anterior, mantiveram-se ativos grupos como o CEAFI, que naquela década sofreu reestruturação e passou a ser designado por Comissão Nacional de Investigação do Fenômeno OVNI (CNIFO). Permaneceu na presidência Joaquim Fernandes, figura de referência na história da Ovnilogia Portuguesa [Fernandes é correspondente internacional da Revista UFO]. No início da década de 90 surgiu a Associação Portuguesa de Pesquisa de OVNI (APPO), liderada por Vitor Moreira, que deu importante contribuição à investigação ovnilógica naquele período. Na virada do século, com a desativação dessas duas associações, a investigação dos OVNIs em Portugal foi quase nula, ressalvando-se, porém, os esforços de investigadores independentes, como José Garrido e Paulo Cosmelli. Atualmente, pode-se observar um redespertar da Ovnilogia no país, em parte através da nova geração de pesquisadores. É nesse contexto que surge a Sociedade Portuguesa de Ovnilogia (SPO), fundada em fevereiro de 2005, que desde então se tem dedicado à investigação científica da fenomenologia ovnilógica.
Grande variedade de fenômenos — Em Portugal, a variedade de fenômenos observados acompanha todo o espectro ovnilógico mundial, incluindo contatos imediatos de terceiro grau, registro de radar, vestígios físicos, objetos submarinos não identificados (OSNIs) e até alguns casos de abdução. O número total de casos conhecidos publicamente chega a mil, o que torna difícil uma seleção justa entre tal quantidade e qualidade de relatos. Tendo em conta a dimensão do território e da demografia, pode-se assumir que a taxa de avistamentos em Portugal, ao longo do último século, é bastante elevada.
Faz parte destas estatísticas um caso ocorrido em 1946, um ano antes do início da Era Moderna dos Discos Voadores. Portugal é testemunha de alguns fenômenos celestes, provavelmente relacionados com uma porção de avistamentos nos países escandinavos. Neles, eram observados, nos anos 40 e 50, fenômenos designados por “foguetes fantasmas”. No mês de maio de 1946, um projétil em forma de foguete também foi notado em Lisboa por grande número de testemunhas. Mais tarde, em setembro, ocorreram mais alguns avistamentos em várias partes do país, cujos objetos foram descritos como “esferas de luz verde”, “estranha luz” ou mesmo “foguete fantasma”. Embora a imprensa portuguesa noticie os acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos no ano posterior, os relatos de discos voadores chegaram às terras lusitanas um pouco mais tarde.
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Alfena 1990 |
A provável primeira filmagem de um OVNI no mundo pode ter sido feita em terras lusitanas. A imprensa do país, mais propriamente a Rádio Televisão Portuguesa (RTP), teve a sorte da proeza em 1947, na Serra das Meadas, perto da cidade de Valongo, no norte do país. No filme, de José Aires, é possível ver um objeto luminoso que por diversos minutos realiza manobras irregulares sobre os morros. Infelizmente, a gravação não se encontra em bom estado de preservação e os detalhes da observação são muito difíceis de serem recuperados. No entanto, pelo tempo, o trabalho é um dos principais documentos a demonstrar a realidade dos OVNIs em Portugal. Por coincidência ou não, é também perto dessa serra que, em 1990, na cidade de Alfena, foram obtidas as fotografias mais conhecidas de um OVNI sobre território português, o chamado Caso de Alfena.
Se filmagens de ocorrências já são difíceis, contatos imediatos são ainda mais. A grande maioria dos casos portugueses, como em todo o mundo, é de avistamentos de fenômenos distantes. Em poucos deles há interação próxima das testemunhas. Um dos casos mais interessantes nesta categoria é o Caso de Alfena, ocorrido em setembro de 1990. Durante a manhã de 10 de setembro daquele ano, em Vilar, várias testemunhas da localidade puderam observar um estranho objeto que sobrevoava a área. Ele foi descrito como tendo aspecto metálico e produzindo barulho como o de um aparelho elétrico, com uns apêndices descendentes. Um fotógrafo que se encontrava no local conseguiu quatro fotos, que passaram a ser consideradas os registros fotográficos de OVNIs mais significativos de Portugal. O caso, característico de um contato imediato de terceiro grau, foi intensamente investigado na época pela CNIFO, que não conseguiu chegar a uma conclusão.
Há casos de contatos mais intensos. Apesar de muitos céticos em relação à realidade física dos fenômenos ovnilógicos apontarem falta de evidências palpáveis como sustentação de argumento, essas provas existem, ainda que de forma rara e muitas vezes efêmera. Em nosso país, podemos encontrar alguns casos de contatos imediatos de segundo grau dignos de registro, como o de um objeto visto na Praia da Nazaré, na madrugada de 28 de agosto de 1957. Um casal encontrava-se no local e pôde observar algo escuro rodeado de luz esverdeada, a cerca de 200 m acima do nível do mar. Quando passou sobre as testemunhas, estas conseguiram ver o formato circular do artefato. Em seguida, ele desceu até cinco metros do solo, a uma distância de 100 m de onde estavam. Tinha uma pequena cúpula e uma janela com mais ou menos três metros de largura, através da qual se via certa luz amarela. Depois disso, emitiu um raio luminoso a partir de sua base até a areia da praia e baixou um pouco mais, até dois metros em relação ao solo. Após o final do avistamento, foi possível constatar a existência de seus vestígios físicos, que se fizeram sentir no desaparecimento de pedras e plantas na extensão de quatro metros quadrados.
Cabelos de anjo em Évora — O fenômeno da queda de fibras de cor branca, geralmente conhecidas por “cabelos de anjo” e batizadas pelo investigador português Raúl Berenguel de “fibralvina”, costuma estar associado à passagem de OVNIs, podendo também ocorrer de forma independente. Um fenômeno desta natureza, em conjunto com observação de dois objetos não identificados, aconteceu em 02 de novembro de 1959 sobre a cidade de Évora, no Alentejo. Pouco depois do meio dia, vários moradores puderam assistir à precipitação de filamentos que, em contato com o solo, se desfaziam em pouco tempo. O doutor Guedes do Amaral, na época diretor da Escola Industrial e Comercial de Évora, juntamente com alunos daquela instituição e do professor doutor Caldeira Pais, não só assistiram ao fenômeno da queda de filamentos como puderam observar, através de uma luneta montada no campo de jogos da escola, a evolução de dois objetos de formato arredondado, à grande altitude. A tentativa de recolher alguns dos filamentos brancos foi difícil devido a sua volatilidade. Mesmo assim, o doutor Amaral conseguiu capturar alguns, e depois os analisou com um microscópio. No meio das fibras, semelhante teia de aranha, conseguiu descobrir um organismo aracnídeo que não foi identificado.
Em Portugal, o número de contatos imediatos de terceiro grau conhecidos, no qual há observação de seres junto a OVNIs, geralmente de aspecto humanóide, não é muito elevado. Não há relatos deste gênero nas décadas mais recentes, mas sim nas de 50 a 70, como a interessante observação de Oleiros, na região de Ponte da Barca. Ao final de uma tarde de verão de 1967, vários membros de uma família puderam assistir a um fenômeno pouco comum. O céu estava limpo e o pai trabalhava nos campos de cultivo, enquanto suas duas filhas pastoreavam o rebanho de ovelhas e cabras num monte próximo. Por volta das 19h00, ele observou um objeto semelhante a um balão se deslocando nas proximidades, à baixa altitude, sem fazer qualquer ruído. Dele saíram alternadamente luzes amarelas, verdes e vermelhas. Ao mesmo tempo, as duas jovens, sentadas num rochedo, estranharam a reação dos animais, amedrontados com algo que elas pensaram ser uma cobra, como já ocorrera no passado. As meninas ficaram assustadas ao observarem dois seres de cabeça grande e membros pequenos que se preparavam para saltar sobre um muro, por volta de 40 m de distância. Com cerca de um metro de estatura, vestiam roupas de cor prateada e brilhante que cobria totalmente o corpo. As testemunhas fugiram com medo. Mais tarde, não foi encontrado nenhum vestígio no local.
Avistamentos nos Açores — O Arquipélago dos Açores, pertencente a Portugal, também foi palco de alguns dos poucos contatos imediatos de terceiro grau da casuística portuguesa. Região autônoma composta por nove ilhas situadas no Atlântico Norte, a oeste do Portugal continental, talvez tenha um índice deste tipo de fenomenologia mais elevado que o do resto do território, apesar da pequena dimensão territorial, de apenas 2.333 km2. Aquele que podemos considerar o primeiro caso de observação de um ser associado a um OVNI na região ocorreu precisamente no aeroporto da Ilha de Santa Maria, em setembro de 1954. O fato se deu numa fase de aumento de avistamentos em Portugal, que acompanhou a grande incidência francesa daquele ano. Outro encontro de terceiro grau como este ocorreu na noite de 31 de janeiro de 1968, considerado um dos mais interessantes da Ovnilogia Portuguesa. Tal como no anterior, foi vivido por um guarda noturno, desta vez na Ilha Terceira. Associado a este caso, houve um número considerável de avistamentos nos Açores durante a mesma época. O caso de observação mais recente de seres ocorrido no arquipélago foi pesquisado por Filipe Gomes, membro da SPO e natural da ilha. Infelizmente, a testemunha principal já tinha falecido, mas Maria do Carmo, sua viúva, deu um depoimento ao estudioso.
A data da ocorrência é incerta, muito provavelmente no verão de 1973, mas o local foi São Miguel Arcanjo, na Ilha do Pico. Miguel Alexandre, mais conhecido por Miguel Cantoneiro, observou algo anormal naquela tarde. Além de artista, tinha suas próprias terras de pastagem, e foi numa delas que observou um objeto em forma de peneira, de aspecto metálico e em procedimento de pouso no meio da propriedade. Alexandre, que se encontrava mais abaixo, olhou para cima depois de ter ouvido uma zoada. No meio do objeto, então parado, abriu-se uma espécie de porta retangular, da qual saiu uma pequena escada para o solo. Mais tarde, duas figuras deixaram o interior da nave, descritas por ele como “homenzinhos de pequena estatura”. Falavam entre si numa linguagem alheia ao conhecimento do cantor. Em seguida, voltaram para dentro do objeto, que ascendeu e voou para o sul, de onde tinha vindo.
O ano de 1973 foi rico em avistamentos de criaturas supostamente extraterrestres em todo o mundo, sendo apelidado de “o ano dos humanóides”. Em Portugal, um desses casos aconteceu na região de Trás-os-Montes, no nordeste do país. Numa noite do final do verão daquele ano, Sérgio e Maria Lisboa e Maria Costa viajavam de automóvel entre Carrazeda de Ansiães e Fiolhal, quando ele, ao volante, ouviu um zumbido que vinha do exterior. Em seguida, todos conseguiram ver um clarão ao lado direito do veículo, em deslocamento contrário. O condutor continuou a seguir o fenômeno pelo retrovisor até imobilizar o automóvel para observar melhor. O objeto se deslocou do sul para o norte e foi perdido de vista pouco tempo depois. Tinha formato elíptico, com uma espécie de visor na parte superior, e emitia uma luz avermelhada intermitente.
Depois da localidade de Alijó, em direção à Vila Real, Sérgio Lisboa sentiu uma perda de rendimento do motor, e novamente ouviu-se o zumbido, desta vez de forma ritmada. Mas tudo voltou ao normal e, alguns quilômetros mais à frente, se depararam com um pequeno objeto cilíndrico, de cor esverdeada, atravessado na estrada. O motorista diminuiu a velocidade e desviou do estranho objeto, com receio de que este explodisse. Foi neste momento que os três ocupantes do veículo observaram a presença de duas figuras humanóides deitadas de costas à esquerda da estrada. Sua estatura era de aproximadamente um metro e meio e vestiam uma espécie de manto cor de chumbo claro. Suas cabeças estavam ocultas por uma espécie de capacete de formato esférico, no qual havia uma viseira retangular na altura dos olhos. A atenção das testemunhas foi inicialmente atraída para duas luzes avermelhadas que se encontravam na ponta do que pareciam ser antenas em duas caixas posicionadas nas costas de cada ser. Este pormenor se tornou mais perceptível quando as figuras se ergueram após o veículo se afastar.
Envolvimento militar com OVNIs — Com uma aura um tanto mais oficial, é significativo o número de casos de OVNIs envolvendo a Força Aérea Portuguesa (FAP), a maioria dos quais vivida por pilotos em vôos de treinamento. É o caso da Esquadrilha Dragões da Ota. Na noite de 04 de setembro de 1957, pouco depois das 20h00, uma esquadrilha da FAP composta por quatro aviões F-84G deslocou-se da Base Aérea da Ota sob o comando do capitão José Lemos Ferreira. O objetivo era fazer um vôo noturno a 25 mil pés [8.300 m], com o percurso de Ota a Granada, já na Espanha, retornando a Portalegre e Coruche, de volta ao território português. Sobre Granada, a esquadrilha observou um fenômeno luminoso anômalo no horizonte, semelhante a um astro. Foram notadas mudanças de cor e, já a partir de Portalegre, o fenômeno aumentou de tamanho, passando do formato esférico para oval. O artefato tinha aspecto incandescente, vermelho-rubro. Mais tarde, quatro luzes esféricas de menor dimensão saíram do corpo maior. Momentos depois, o corpo oval fez uma descida repentina, seguindo-se subida rápida em direção à esquadrilha, acompanhado dos outros quatro corpos menores, deixando então de ser observados.
O caso veio a público apenas dois meses depois, no Diário Ilustrado. O Observatório Meteorológico de Coimbra detectou variação importante no campo magnético daquela área, coincidindo com o momento da observação por parte da esquadrilha portuguesa. Semelhante a este caso, outros pilotos da Base Aérea da Ota também foram protagonistas, na manhã de 02 de novembro de 1982, de um acontecimento que é um dos mais impressionantes dos anais da Ovnilogia de Portugal. Com céu limpo, três homens partiram da base com direção ao sul da Serra de Montejunto, para um vôo de treinamento. Por volta das 10h50, o tenente Júlio Guerra, a bordo de um monomotor de dois lugares, observou um objeto brilhante à baixa altitude e em deslocamento de norte para sul, sobre Vila Verde dos Francos. Subitamente, o objeto subiu até 1.500 m, ficando na mesma altura da testemunha. Ele foi descrito por Guerra como uma “bolha de mercúrio composta por dois hemisférios”. A metade inferior era avermelhada, metálica e brilhante. Teria
diâmetro aproximado de dois metros.
O aparelho começou então a descrever círculos ao redor do avião militar, até que, por volta das 11h00, depois de contatada a base, outro avião partiu com dois pilotos a bordo para verificar o acontecimento. O objeto continuou em evoluções junto à primeira aeronave, permanecendo em perseguição após a chegada do avião de apoio. Alguns minutos depois, ascendeu e deslocou-se para sudoeste, em direção à Serra de Sintra, até sumir de vista.
OVNI detectado em radar — Em agosto de 1960, a Base Aérea da Serra de Montejunto, a 70 km de Lisboa, foi alvo de um acontecimento insólito com efeitos físicos nas testemunhas, todas militares. Num domingo indeterminado daquele mês, Heitor Morais, cabo especialista em radares, estava monitorando o espaço aéreo português quando percebeu um ruído intenso semelhante ao produzido por cinco motores a jato. Parecia estar sendo emitido de algum objeto parado acima da base. Poucos instantes depois, Morais estava caído, encostado em uma parede a 10 m de distância do local onde se encontrava. Voltando à consciência e observando ao redor, pôde constatar que os outros operadores de radar estavam na mesma situação. Morais estranhou que o gerador da base não funcionava, razão pela qual se encontravam totalmente às escuras e com os radares completamente inoperantes.
Quando o cabo abriu uma porta para deixar entrar luz, seus colegas observaram um brilho anormal sobre a Serra de Sintra, subindo a uma velocidade vertiginosa. O inusitado não se devia somente à velocidade tremenda com que o objeto subia, mas também pelo fato de que, naquele dia, não estarem agendados quaisquer tipos de vôos militares, e os vôos civis transatlânticos ainda eram raros. Recuperada a energia elétrica, correram de imediato para o radar altimétrico, que detectou o enorme objeto a 500 mil pés de altitude [166.700 m], subindo a aproximadamente 4.800 km/h, perto de Mach 5, ou seja, voando a cinco vezes a velocidade do som, algo tecnologicamente impossível para a época. A observação foi anotada nos registros da base com a menção: “objeto desconhecido”.
Por vezes, os fenômenos ovnilógicos são observados por grande número de testemunhas ao mesmo tempo, havendo detecção simultânea através de radar. Esse tipo de ocorrências torna a existência física de tais fenômenos bem mais plausível. Ao fim de 30 de julho de 1976, por volta das 21h00, algo estranho foi observado a sudoeste de Lisboa por três aviões comerciais, dois ingleses e um português. O fenômeno chegou a ser detectado pelo radar do Aeroporto de Lisboa, tendo sido enviado um avião da força aérea para identificar o artefato. Tratava-se de um foco luminoso bastante intenso e relativamente estacionário, junto ao qual apareceram mais tarde duas formações de aspecto alongado e escuro. Não foi possível ter certeza da posição exata. A tripulação de um dos aviões ingleses chamou a atenção dos passageiros para o fenômeno, tendo um deles observado a manifestação através de binóculos. A testemunha observou que havia algo semelhante a papel de alumínio enrugado no interior da luz. O acontecimento foi ainda observado pela população da capital portuguesa.
Caças F-16 em estado de alerta
De todos os grandes avistamentos ocorridos no país, o mais recente e que maior impacto teve na mídia ocorreu às 23h30 de 01 de junho de 2004. A torre de controle da empresa NAV Portugal, gestora do espaço aéreo português, situada na cidade do Porto, detectou um objeto desconhecido em rota ascendente que, 25 minutos antes, havia sido visto pelas bases militares de Beja e Montijo. De acordo com os dados dos radares, o objeto deslocou-se nessa noite entre 120 e 900 km/h. Nos dias seguintes, a força aérea admitiu ter detectado três objetos desconhecidos naquela ocasião. Tinham formato fusiforme, eram metálicos e aparentemente teriam respondido ao sistema eletrônico padrão. Por causa da origem desconhecida dos objetos, as autoridades mantiveram alertas seus caças F-16. Os mesmos artefatos foram observados por todo o país, e inclusive na Espanha, semelhantes a um cometa com enorme rastro de fumaça branca.
A natureza dos fenômenos ainda precisa ser apurada, e provavelmente nunca se chegará a uma conclusão. Mas filmagens do lançamento de mísseis Minotaur, feitas nos Estados Unidos, mostram semelhanças inegáveis com aqueles três objetos. Isso determina a necessidade de uma investigação mais cuidadosa. De toda forma, a Força Aérea Portuguesa admitiu algo raro: que nos céus de Portugal, naquela data, objetos voadores de origem desconhecida passearam impunemente. Por conta de garantias de cooperação do governo português com entidades de investigação, em 2006 a Sociedade Portuguesa de Ovnilogia (SPO) pediu para que a documentação referente ao caso fosse analisada. Contudo, o pedido foi recusado sob alegação de que as informações do caso teriam já sido destruídas.
Objetos submarinos — Como está geograficamente situado no extremo oeste da Europa, Portugal tem grande extensão de seu território banhado pelo Oceano Atlântico. A ponta mais ocidental do continente europeu situa-se no Cabo da Roca, em Sintra, a cerca de 30 km da capital. De acordo com as investigações, no vasto litoral português é observado um grande número de OVNIs, dado corroborado por estatísticas mundiais. Uma explicação possível é a de que na área costeira se localizam as principais cidades portuguesas e onde se encontra a maioria da população. Independente das razões, é no litoral, e mais propriamente no mar, que ocorreram alguns dos casos mais intrigantes da casuística do país, muitos deles até então inexplicáveis.
Setúbal, local de diversos casos, é um exemplo. A cerca de 50 km ao sul de Lisboa, a cidade tem população residente de aproximadamente 850 mil habitantes e, como principais atrativos, o Castelo de São Filipe e o Rio Sado, que banha a conhecida urbe do sul de Portugal. Próxima dali, a Serra da Arrábida é conhecida por ser propícia ao avistamento de fenômenos estranhos. Dois deles são os mais interessantes, relacionados com a observação de OSNIs na região – os chamados objetos submarinos não identificados –, que puderam ser estudados pela SPO. A entidade não somente recolheu os testemunhos das ocorrências como comprovou a honestidade e seriedade das testemunhas.
O hábito de passar o fim de semana e boa parte das férias em atividades ao ar livre caracterizou o estilo de vida de muitos portugueses no início da década de 80. E era no verão de 1980 que Pedro Salgado e sua família descansavam no conhecido parque de Setúbal, hoje fechado, muito perto da magnífica Serra da Arrábida. Salgado era um jovem com grande curiosidade científica, em especial por fenômenos inexplicáveis. Ele brincava no crepúsculo com um amigo quando, poucos minutos depois das 21h00, a atenção de ambos foi desviada para um objeto acima da água, a cerca de 300 m do local em que se encontravam: “O objeto tinha forma de uma estrela do mar, de cor púrpura, com forma etérea, quase transparente, e uma orientação bem definida, mas sem contornos mecânicos”, recorda Salgado. Esta natureza talvez explique o fato de ter entrado no Rio Sado sem produzir nenhum ruído ou agitação nas águas. Se o tamanho da “estrela do mar” é calculado em pouco mais de dois metros, o número de pontas que tinha ainda é desconhecido. Em seguida, o objeto descreveu uma trajetória descendente e controlada que o levaria até o fundo. Este período que viveu Salgado, de cerca de 40 segundos, é considerado pelo jovem campista como “um estado de hipnotismo. Deu para constatar que o aparelho não emitiu nenhum ruído e que a velocidade do objeto manteve-se constante e baixa”.
Quando o estranho corpo mergulhou no rio, ele e o amigo correram para a grade, na esperança de ver alguma luz na água. Mas apenas puderam ver o suave movimento das ondas fluviais. Curiosamente, nenhuma das pessoas presentes no local presenciou o ocorrido. “Elas conversavam, bebiam, fumavam e sequer se levantaram ou comentaram o aparecimento do objeto. Era quase como se fosse invisível aos seus olhos”, disse. O contato entre os dois amigos se perdeu para sempre. Seriam precisos 15 anos para que Salgado se sentisse à vontade para falar do caso.
Avistamento coletivo em Setúbal
Ainda que não exatamente igual a este avistamento, o Caso da Abrunheira era a única referência para o que tinha sucedido no verão daquele ano. O episódio foi investigado por Sánchez Bueno, falecido em 1994. Um objeto semelhante fora avistado perto de Sintra, cerca de 90 km de Setúbal, em 29 de novembro de 1980. Cinco operários de uma fábrica de plásticos, um vigilante e um encarregado observaram durante 10 minutos uma luz intensa e fixa de cor amarelo viva, que apresentava contornos em forma de estrela de três pontas. Nas extremidades, distinguiam-se tons esverdeados que se refletiam na parte inferior em tons amarelos.
Em outra situação, Carlos e Pedro Coelho, pai e filho, decidiram ir à fortaleza Santiago do Outão, uma construção do século XIV situada na localidade de Outão, em Setúbal, para uma pescaria noturna. Era uma madrugada do mês de julho de 2002. O local é freqüentemente visitado por pescadores que se refugiam naquela zona sossegada, aproveitando para descontrair e relaxar enquanto observam a magnífica foz do Rio Sado. E se tiverem sorte, podem ainda observar golfinhos. Naquela noite, porém, a pequena praia se encontrava deserta. Os dois prepararam as tralhas de pesca e se sentaram perto do mar para conversar. Ambos observaram dentro da água, a uns 15 m da costa, uma pequena luz em forma de prato, com cerca de dois palmos de diâmetro, muito perto da superfície. De acordo com o que conseguiram constatar, parecia ser uma massa luminosa de cor verde fluorescente, uniforme e com um foco que apenas iluminava num sentido ascendente, em direção à superfície.
Paralisados pelo objeto — Subitamente, a misteriosa luz começou a se deslocar em linha reta, à velocidade moderada e sem deixar rastro, até estacionar adentro da costa. Estupefato com o que observaram, o pai decidiu apontar o foco da lanterna que levava consigo na direção da luz. Ao fazê-lo, pôde constatar que, por detrás da luz e a alguns metros dela, encontrava-se um grande turbilhão na água, também circular, mas consideravelmente maior do que a luz, que deu às testemunhas a sensação de que algo estava prestes a emergir. Assustado e temendo pela segurança do filho, o homem decidiu que deveriam ir embora. Porém, precisamente neste momento, eles caíram em si encostados à muralha da praia, a cerca de três metros do local aonde se encontravam, paralisados por uma sensação que descreveram como sendo “algo parecido a um formigamento no corpo, semelhante à eletricidade estática”.
Não se lembram de terem sido projetados nem crêem que isso tenha acontecido. Simplesmente, num momento estavam à beira do mar, prontos para irem embora, e no outro, ao abrirem os olhos, encontravam-se encostados à muralha, de frente para a água, boquiabertos e temporariamente paralisados. Foi uma circunstância muito semelhante ao missing time [Sensação de tempo perdido], freqüentemente associado às abduções, mas não foi o que ocorreu. Felizmente, a sensação de formigamento desapareceu após alguns momentos e as testemunhas recuperaram a mobilidade. Atemorizados, abandonaram a praia pelas rochas e subiram para um mirante da fortaleza, que existe por cima da praia. Ali, puderam observar que o turbilhão tinha desaparecido e que a luz se deslocava novamente em linha reta, afastando-se na direção do oceano. Nesse momento, Carlos Coelho decidiu acender uma pequena luz e a apontou na direção de onde estava o artefato, realizando diversos movimentos com ela. Como que respondendo, o objeto regressou em sua direção, se posicionou e se imobilizou à sua frente, começando a acender e a apagar não numa sessão regular, mas sem padrão aparente, numa seqüência que as testemunhas descreveram como “apresentando semelhanças ao conhecido código morse”.
Naquele momento, Coelho resolveu esconder a luz, fechando-o na palma da mão. Imediatamente o OVNI começou a se distanciar, para logo regressar quando o homem reabriu a mão. Esta interação durou seguramente 30 minutos. Ele desenhara com o rastro da luz algumas figuras geométricas, como quadrados, triângulos e também números. Todavia, foi quando realizou um movimento errático que o OVNI começou a mudar de cor, passando do verde para o amarelo, então para o laranja e depois para um vermelho muito intenso. Neste momento, pai e filho ouviram um estrondo como o de trovoada seca e o homem viu um clarão ou relâmpago branco na direção da Serra da Arrábida, que o cegou temporariamente. Naquele instante, o céu tinha adquirido uma tonalidade “vermelho elétrico”, que logo se dissipou. Após este fato, o OVNI retomou a tonalidade original e respondeu mais uma vez à luz do pescador. Assustados e com a sensação de que aquilo não teria gostado da interação, decidiram ir embora, não se tendo observado o desaparecimento do objeto, que seguia rumo ao mar alto.
Esse caso não foi o primeiro a ocorrer na praia da Fortaleza de Sant’Iago do Outão. 26 anos antes, em 19 de outubro de 1976, dois pescadores observaram seis luzes alaranjadas muito nítidas e de grande intensidade, por volta das 02h00, na direção poente–nascente. José Pinto e José Mascarenhas, à medida que as luzes se aproximavam, percebiam que eram sinalização de um objeto em forma de ovo, localizadas duas na parte de cima, duas ao meio e duas na parte de baixo. O objeto, que à distância das testemunhas aparentava ter 10 m de diâmetro, apresentava-se como vulto escuro, totalmente silencioso e com luz encarnada no topo. Assustadas, as testemunhas tentaram sair do local, mas conseguiram ainda observar o objeto que, nesse momento, emitia algumas faíscas, voando ao que estimaram ser cerca de 10 km/h. Quando finalmente o fenômeno se encontrava perto de Tróia, mudou da cor laranja para avermelhada, deixando o céu em redor com tonalidade semelhante. Subitamente, fez um movimento em forma de Z, desaparecendo em alta velocidade em direção aos estaleiros da Setenave, em Setúbal.