Duas pessoas foram pioneiras na pesquisa civil do Fenômeno OVNI: o casal Coral E. Lorenzen e Leslie James (Jim) Lorenzen. Além da costumeira dificuldade financeira, os dois enfrentaram juntos doenças, mortes e a queda de vários de seus companheiros ufólogos, além da constante batalha frente a APRO.
Por Rafaela Oliveira*
De Fortaleza/CE
Para UFOVIA
07/12/2018
A efervescência da ufologia
A maioria de nós que nasceu após 1947, não tem faz a menor ideia do que foi o início da Ufologia Moderna depois do avistamento de Kenneth Arnold, em 24 de junho daquele ano. Apesar de que ao longo da história da humanidade, as pessoas sempre tenham reportado objetos e fenômenos estranhos no céu, e inclusive, como na grande onda de OVNIs durante a II Guerra Mundial, incluindo os relatos de pilotos sobre os chamados “Foo Fighters”, as estranhas bolas de luzes que seguiam os aviões durante as batalhas ou mesmo o famoso episódio da “Batalha de Los Angeles”, onde toda a artilharia de guerra da cidade foi disparada contra um objeto invasor que pairava acima da cidade.
Centenas de pessoas presenciaram o terror daquela noite em um episódio que até hoje não foi devidamente explicado. No entanto, foi só naquele dia de 24 de junho, quando Kenneth Arnold sobrevoava o Monte Reinier em Washington, avistando uma formação de nove objetos ao que ele descreveu como “pires voadores que quicavam sobre a água”, que as pessoas despertaram quase que instantaneamente para o estranho fenômeno aéreo que aterrorizava os céus.
A intensa onda ufológica que assolou o mundo nos anos seguintes foi avassaladora, deixou governos, militares e população preocupados, assustados e à beira de uma histeria coletiva. Casos de extrema importância dentro da literatura ufológica aconteceram naqueles anos, como o famoso Caso Roswell, seguidos de avistamentos em massa como os que ocorreram em Portland (Oregon) em 04 de Julho de 1947, onde quatro objetos em formação foram avistados por dezenas de pessoas incluindo policiais e patrulheiros, que descreveram o objeto como “Em forma de calotas cromadas de roda de automóvel”. Pouco mais de um mês depois, outro avistamento em massa assustou a população de Twin Falls (Estado de Idaho), quando um homem e dois rapazes viram um objeto lenticular, azulado que deixava para trás uma chama vermelha de escape.
Essa e outras dezenas de relatos se alastraram por toda a parte e foi nessa esteira de perguntas sem respostas e apelos populares por explicações plausíveis, que surgiu o Projeto Sign (que depois viraria a se tornar conhecido como projeto Blue Book), criado pela Força Aérea americana para investigar os chamados discos voadores.
O projeto tinha a frente, como conselheiro científico, Josef Allen Hynek, diretor do Observatório McMillin da Universidade Estadual de Ohio, que no futuro se tornaria um dos maiores defensores e divulgadores na Ufologia. No entanto, as investigações dos governos e suas péssimas explicações para as ocorrências envolvendo os OVNIs começaram a incomodar bastante alguns poucos escolhidos, muitos deles envolvidos pessoalmente com o fenômeno.
Sociedade se organiza na pesquisa
Tais fatos chamaram a atenção de testemunhas de fatos anteriores ao início da grande onda ufológica de 1947. Eram pessoas que já se sentiam profundamente intrigadas e tocadas pelo o que viram e outras que foram arrebatadas por grande curiosidade e desejo de conhecimento pelo novo mistério. Essas pessoas começaram a se organizar por conta própria e a conduzir investigações sobre os avistamentos e qualquer ocorrência que envolvesse discos voadores.
Cidadãos comuns, professores, jornalistas, donas de casa, estudantes, autônomos, cientistas, funcionários públicos; todos os tipos de pessoas das mais diversas classes sociais, ideologia, religião ou faixa etária. Entretanto, devemos reconhecer que duas dessas pessoas foram pioneiras na pesquisa civil do fenômeno OVNI: o casal Coral E. Lorenzen e Leslie James (Jim) Lorenzen.
Primeiro avistamento de Coral
Coral nasceu em Hillsdale Wisconsin (EUA), em 2 de abril de 1925 e aos nove anos de idade, no verão de 1934, testemunhou o avistamento de um objeto voador não identificado enquanto jogava em sua escola na cidade de Barron, no Estado americano de Winscosin, onde morava em uma cidade de apenas 1.500 habitantes. Aviões eram uma raridade, balões meteorológicos nunca eram vistos e até um monomotor seria um evento naquela região. A “coisa”, como ela mesma chamou, estava indo na direção oeste-sudeste e Coral, na época, descreveu-a parecida com um guarda-chuva aberto sem o cabo. O OVNI movia-se com rapidez e, algumas vezes, essa movimentação se assemelhava a uma ondulação. Muito impressionada, ela chamou mais duas colegas para testemunhar com ela o avistamento.
Observaram o OVNI por aproximadamente 20 segundos e ao chegar em casa, emocionada, contou para os pais. Voltou ao local do avistamento com seu pai para verificar de perto o que poderia ter acontecido, mas nada foi visto novamente. Coral enfatiza que nenhuma notícia sobre aterrissagem de paraquedas ou algo do tipo foi alertado durante a semana e nem depois. Aquele avistamento a marcou profundamente, mesmo ainda muito menina, procurou se informar de mais alguém que tenha testemunhado algo parecido ao que havia visto.
Em 1937, numa consulta com o médico da família, Harry Schlomovitz, ela relata seu avistamento. Ele também fica intrigado e lhe entrega alguns livros de Charles Fort (1834-1932), famoso escritor americano que tratava sobre fenômenos anômalos e fatos insólitos, sendo um dos percussores do Realismo Fantástico. Fort, muito antes da Era Moderna dos Discos Voadores, relatava avistamentos de fenômenos aéreos que muito se assemelham ao que hoje entendemos se tratar do Fenômeno OVNI e ao ler sobre isso, Coral se convenceu da realidade física do que tinha visto.
Em janeiro de 1964 uma edição do Boletim da APRO destacava casos ufológicos ocorridos no Brasil, entre tantos que abordou em nosso país.
Coral se casa com Jim e tem novo avistamento
Sua curiosidade aumentava ao longo dos anos, aquela lembrança jamais a deixaria em paz. Muito organizada e disciplinada, logo ela começou a estudar astronomia e afins por conta própria, na tentativa de entender mais sobre o que tinha visto. Pouco depois de graduar-se no ensino médio, ela casou-se com James “Jim” Lorenzen um guitarrista profissional e técnico eletrônico. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela trabalhou para a Douglas Aircraft, quando o casal vivia no Arizona.
Poucos dias antes do avistamento de Kenneth Arnold, em 10 de junho de 1947, Coral tem seu segundo avistamento enquanto estava sentada nos fundos da casa. Como ela mesma relata em seu livro Flying Saucer- The Stariling Evidence of the Invasion from Outer Space: “Era um dia de verão comum em Douglas, no Estado americano do Arizona e estava muito quente. Depois que eu e minha filha Leslie jantamos às 7h, tomamos banho e a coloquei para dormir. Perto das 9h, fui ao meu local preferido atrás do alpendre para olhar as estrelas e os meteoros. Perto das 11h da noite, minha atenção foi de encontro a uma luz que vinha do Sul, perto da fronteira do Arizona com o México. Era só uma luz no começo, mas logo tomou a forma de uma bola, então ergueu-se rapidamente para o céu acima, até desaparecer entre as estrelas”.
Novamente ocorre um avistamento que a marcaria imensamente, Coral tinha conhecimentos em Astronomia, sabia diferenciar um planeta de uma estrela ou um de meteoro e é bom que se relembre que era o ano de 1947 e, portanto, ainda não existiam satélites em órbita da Terra. Entusiasmada, ela escreve para seu marido que naqueles dias se encontrava na cidade de Phoenix, também no Arizona, relatando tudo o que havia visto na noite anterior. No entanto, Coral sabia que não havia explicação lógica para o que avistara e que aquilo só poderia ser obra de uma forma de inteligência que não pertencia à Terra. Após esse evento, como citou em seu livro, “Nas semanas seguintes, foi como se o céu se abrisse para expulsar todo o tipo de coisa estranha”.
Na região do Arizona, onde o casal morava, as aparições de OVNIs eram inúmeras, com diversos casos de contato, alguns até agressivos. E fato, por todo os Estados Unidos a onda ufológica estava aterrorizando a população. No entanto, as explicações oficiais da Força Aérea eram absolutamente anormais e frustrantes que, inclusive, ignorava casos graves de avistamentos em massa, distorciam relatórios ou faziam testemunhas serem ridicularizadas perante a mídia.
Mas uma associação civil seria fundada por Carol e Jim, visando melhor esclarecer o fenômeno. E assim, em 1952, eles fundaram a The Aerial Phenomena Research Organization (APRO), em Sturgeon Bay, Wisconsin. Mesmo com poucos recursos, a APRO surgiu como uma resposta à irresponsabilidade das autoridades e mesmo ao deboche do governo e das Forças Armadas ao lidar com um assunto claramente sério e assustador.
Logo nos primeiros anos de seus trabalhos, a APRO, já possuía mais relatórios e casos catalogados do que toda a Força Aérea até então, o esforço e a paixão de Coral assim como o apoio incondicional de seu marido Jim, mostraram não apenas como era possível fazer um trabalho sério e honesto acerca da Ufologia, como também mostraram seu claro descontentamento com o governo vigente, pelas suas mentiras e explicações mal fornecidas, que não apenas debochava da população, mas questionava, inclusive, a própria ideia da democracia.
Coral se casa com Jim e tem novo avistamento
Sua curiosidade aumentava ao longo dos anos, aquela lembrança jamais a deixaria em paz. Muito organizada e disciplinada, logo ela começou a estudar astronomia e afins por conta própria, na tentativa de entender mais sobre o que tinha visto. Pouco depois de graduar-se no ensino médio, ela casou-se com James “Jim” Lorenzen um guitarrista profissional e técnico eletrônico. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela trabalhou para a Douglas Aircraft, quando o casal vivia no Arizona.
Poucos dias antes do avistamento de Kenneth Arnold, em 10 de junho de 1947, Coral tem seu segundo avistamento enquanto estava sentada nos fundos da casa. Como ela mesma relata em seu livro Flying Saucer- The Stariling Evidence of the Invasion from Outer Space: “Era um dia de verão comum em Douglas, no Estado americano do Arizona e estava muito quente. Depois que eu e minha filha Leslie jantamos às 7h, tomamos banho e a coloquei para dormir. Perto das 9h, fui ao meu local preferido atrás do alpendre para olhar as estrelas e os meteoros. Perto das 11h da noite, minha atenção foi de encontro a uma luz que vinha do Sul, perto da fronteira do Arizona com o México. Era só uma luz no começo, mas logo tomou a forma de uma bola, então ergueu-se rapidamente para o céu acima, até desaparecer entre as estrelas”.
Novamente ocorre um avistamento que a marcaria imensamente, Coral tinha conhecimentos em Astronomia, sabia diferenciar um planeta de uma estrela ou um de meteoro e é bom que se relembre que era o ano de 1947 e, portanto, ainda não existiam satélites em órbita da Terra. Entusiasmada, ela escreve para seu marido que naqueles dias se encontrava na cidade de Phoenix, também no Arizona, relatando tudo o que havia visto na noite anterior. No entanto, Coral sabia que não havia explicação lógica para o que avistara e que aquilo só poderia ser obra de uma forma de inteligência que não pertencia à Terra. Após esse evento, como citou em seu livro, “Nas semanas seguintes, foi como se o céu se abrisse para expulsar todo o tipo de coisa estranha”.
Na região do Arizona, onde o casal morava, as aparições de OVNIs eram inúmeras, com diversos casos de contato, alguns até agressivos. E fato, por todo os Estados Unidos a onda ufológica estava aterrorizando a população. No entanto, as explicações oficiais da Força Aérea eram absolutamente anormais e frustrantes que, inclusive, ignorava casos graves de avistamentos em massa, distorciam relatórios ou faziam testemunhas serem ridicularizadas perante a mídia.
Mas uma associação civil seria fundada por Carol e Jim, visando melhor esclarecer o fenômeno. E assim, em 1952, eles fundaram a The Aerial Phenomena Research Organization (APRO), em Sturgeon Bay, Wisconsin. Mesmo com poucos recursos, a APRO surgiu como uma resposta à irresponsabilidade das autoridades e mesmo ao deboche do governo e das Forças Armadas ao lidar com um assunto claramente sério e assustador.
Logo nos primeiros anos de seus trabalhos, a APRO, já possuía mais relatórios e casos catalogados do que toda a Força Aérea até então, o esforço e a paixão de Coral assim como o apoio incondicional de seu marido Jim, mostraram não apenas como era possível fazer um trabalho sério e honesto acerca da Ufologia, como também mostraram seu claro descontentamento com o governo vigente, pelas suas mentiras e explicações mal fornecidas, que não apenas debochava da população, mas questionava, inclusive, a própria ideia da democracia.
O Caso da Ilha de Trindade (RJ) também recebeu destaque no Boletim da APRO, em janeiro de 1965.
Os boletins da APRO e Olavo Fontes
Divulgar informações sobre os casos pesquisados e seus resultados, sempre foi um dos principais objetivos dos ufólogos e para Jim e Coral Lorenzen também não poderia ser diferente. Formando uma imensa rede de contatos e acumulando uma série de casos inexplicáveis e depoimentos de testemunhas ao redor do país e fora, o casal decidiu colocar tudo o que sabia no papel e divulgar pelos Estados Unidos.
Assim, o The A.P.R.O. Bulletin surgiu com esses objetivos, no formato de um pequeno jornal, o veículo de informação circulava no meio ufológico e afins, contando diversos relatos ao redor do mundo, com destaque para a América do Sul, principalmente o Brasil. Aqui no Brasil, o boletim contou com a colaboração de Olavo Fontes, um dos primeiros pesquisadores de OVNIs de nosso país que, infelizmente, faleceu ainda muito jovem.
O Dr. Fontes que era médico muito respeitado e um homem de grande inteligência, veio à público defender a realidade dos objetos voadores não identificados logo após a imensa onda ufológica que varreu o Brasil no ano de 1954. Arriscou a sua reputação e sem medo de ser ridicularizado, tinha certeza da realidade do fenômeno que estava pesquisando. Dr. Fontes tornou-se membro da APRO em 1957 e desde então, manteve uma relação de forte amizade com o casal Lorenzen e sua família, incluindo viagens de ambos para o Brasil e de Olavo para os Estados Unidos.
Fontes foi o responsável por fazer os primeiros grandes casos ufológicos brasileiros serem conhecidos ao redor do mundo, incluindo a misteriosa queda de OVNI em Ubatuba e o Caso da Ilha de Trindade. Em seu primeiro artigo intitulado “Sombras do Desconhecido”, documentou alguns dos casos mais interessantes já investigados no Brasil. A partir daí, ele não parou mais! Escreveu diversas matérias sobre a rica atividade ufológica em nosso país e ajudou a divulgar casos também em países vizinhos. Sua contribuição para a causa ufológica foi única e sua batalha continuou até o dia de sua morte em 8 de maio de 1968.
Infelizmente, aqui em seu próprio país, pouca coisa pode ser encontrada de sua autoria com relação aos casos por ele investigados, sendo os boletins da APRO, uma imensa fonte de informação para aqueles que desejarem se aprofundar nos trabalhos e pesquisas do Dr. Olavo Fontes, no entanto, infelizmente, nenhum deles se encontra traduzido para o porĺtuguês.
Os boletins da APRO e Olavo Fontes
Divulgar informações sobre os casos pesquisados e seus resultados, sempre foi um dos principais objetivos dos ufólogos e para Jim e Coral Lorenzen também não poderia ser diferente. Formando uma imensa rede de contatos e acumulando uma série de casos inexplicáveis e depoimentos de testemunhas ao redor do país e fora, o casal decidiu colocar tudo o que sabia no papel e divulgar pelos Estados Unidos.
Assim, o The A.P.R.O. Bulletin surgiu com esses objetivos, no formato de um pequeno jornal, o veículo de informação circulava no meio ufológico e afins, contando diversos relatos ao redor do mundo, com destaque para a América do Sul, principalmente o Brasil. Aqui no Brasil, o boletim contou com a colaboração de Olavo Fontes, um dos primeiros pesquisadores de OVNIs de nosso país que, infelizmente, faleceu ainda muito jovem.
O Dr. Fontes que era médico muito respeitado e um homem de grande inteligência, veio à público defender a realidade dos objetos voadores não identificados logo após a imensa onda ufológica que varreu o Brasil no ano de 1954. Arriscou a sua reputação e sem medo de ser ridicularizado, tinha certeza da realidade do fenômeno que estava pesquisando. Dr. Fontes tornou-se membro da APRO em 1957 e desde então, manteve uma relação de forte amizade com o casal Lorenzen e sua família, incluindo viagens de ambos para o Brasil e de Olavo para os Estados Unidos.
Fontes foi o responsável por fazer os primeiros grandes casos ufológicos brasileiros serem conhecidos ao redor do mundo, incluindo a misteriosa queda de OVNI em Ubatuba e o Caso da Ilha de Trindade. Em seu primeiro artigo intitulado “Sombras do Desconhecido”, documentou alguns dos casos mais interessantes já investigados no Brasil. A partir daí, ele não parou mais! Escreveu diversas matérias sobre a rica atividade ufológica em nosso país e ajudou a divulgar casos também em países vizinhos. Sua contribuição para a causa ufológica foi única e sua batalha continuou até o dia de sua morte em 8 de maio de 1968.
Infelizmente, aqui em seu próprio país, pouca coisa pode ser encontrada de sua autoria com relação aos casos por ele investigados, sendo os boletins da APRO, uma imensa fonte de informação para aqueles que desejarem se aprofundar nos trabalhos e pesquisas do Dr. Olavo Fontes, no entanto, infelizmente, nenhum deles se encontra traduzido para o porĺtuguês.
O pesquisador brasileiro Olavo Fontes, um dos pioneiros na ufologia do país.
Outros colaboradores da APRO
Os boletins da APRO, começaram a contar com diversos colaboradores, e tratou de grandes momentos da Ufologia mundial, como as pesquisas de Morris K. Jessup, ufólogo e astrofísico envolvido com o controverso caso do Projeto Filadélfia. Poucos anos depois, suicidou-se em circunstâncias misteriosas, segundo alguns, pelas prováveis mãos dos militares americanos e do histórico acobertamento imposto por este ao fenômeno OVNI.
Na época houve uma grande abordagem do caso do OVNI da Ilha de Trindade, ocorrido no Rio de Janeiro e a onda ufológica na Venezuela nos anos 60. Houve também a evolução de outros grupos ufológicos e ufólogos proeminentes na época como o Major Donald Keyhoe e seu centro de pesquisa, o NICAP (traduzido ao português, Comitê Nacional de Investigação de Fenômenos Aéreos), J. Allen Hynek e James McDonald, o polêmico Relatório Condon e o congresso civil intitulado Science and Astronautics Committee Symposium on UFOs do qual se destacaram Hynek, McDonald e Carl Sagan, se tornando um grande marco dentro do debate ufológico.
A vida dos ufólogos nunca foi uma coisa fácil (exceto de alguns poucos por aí...) e para o Casal Lorenzen não era diferente. Além da costumeira dificuldade financeira, os dois enfrentaram juntos doenças, mortes e a queda de vários de seus companheiros ufólogos. O primeiro deles foi o já citado aqui Dr. Olavo Fontes, vítima de um câncer e um de seus principais amigos e colaboradores. Após isso veio a pilhagem da NICAP, também um dos primeiros grupos de ufologia e que na mesma época, assim como a APRO, alcançou grande notoriedade na divulgação da Ufologia.
Outros colaboradores da APRO
Os boletins da APRO, começaram a contar com diversos colaboradores, e tratou de grandes momentos da Ufologia mundial, como as pesquisas de Morris K. Jessup, ufólogo e astrofísico envolvido com o controverso caso do Projeto Filadélfia. Poucos anos depois, suicidou-se em circunstâncias misteriosas, segundo alguns, pelas prováveis mãos dos militares americanos e do histórico acobertamento imposto por este ao fenômeno OVNI.
Na época houve uma grande abordagem do caso do OVNI da Ilha de Trindade, ocorrido no Rio de Janeiro e a onda ufológica na Venezuela nos anos 60. Houve também a evolução de outros grupos ufológicos e ufólogos proeminentes na época como o Major Donald Keyhoe e seu centro de pesquisa, o NICAP (traduzido ao português, Comitê Nacional de Investigação de Fenômenos Aéreos), J. Allen Hynek e James McDonald, o polêmico Relatório Condon e o congresso civil intitulado Science and Astronautics Committee Symposium on UFOs do qual se destacaram Hynek, McDonald e Carl Sagan, se tornando um grande marco dentro do debate ufológico.
A vida dos ufólogos nunca foi uma coisa fácil (exceto de alguns poucos por aí...) e para o Casal Lorenzen não era diferente. Além da costumeira dificuldade financeira, os dois enfrentaram juntos doenças, mortes e a queda de vários de seus companheiros ufólogos. O primeiro deles foi o já citado aqui Dr. Olavo Fontes, vítima de um câncer e um de seus principais amigos e colaboradores. Após isso veio a pilhagem da NICAP, também um dos primeiros grupos de ufologia e que na mesma época, assim como a APRO, alcançou grande notoriedade na divulgação da Ufologia.
Coral e Olavo Fontes em seu escritório.
Difamação e fim do NICAP
O Major Donald Keyhoe, que havia se tornado ufólogo após a grande onda ufológica de 1947, foi fundador do NICAP e uma das suas principais características era a militância política com relação ao fenômeno OVNI. Sempre foi um crítico ferrenho do governo americano e sua insistência em negar, distorcer e ocultar informações sobre OVNIs e com isso, inspirou outros a seguir por esse caminho. O mais famoso deles foi o Dr. James E. McDonald, físico atmosférico e ufólogo que revolucionou a pesquisa ufológica de sua época.
No entanto, os ataques e críticas que o NICAP fazia constantemente às altas esferas militares e governamentais não ficariam por isso mesmo. O grupo sofreu uma campanha difamadora de grandes proporções, incitando, inclusive, os próprios ufólogos contra Donald Keyhoe. Por anos o grupo conseguiu se manter coeso graças ao árduo trabalho, fama e carisma que James McDonald tinha conseguido ao redor do mundo, no entanto, ele mesmo acabou sofrendo também da perseguição dos poderosos. E seu suicídio, em 1971, pôs fim a Era de Ouro da NICAP, sendo então completamente desbaratada nos anos posteriores.
Combatendo boatos e a má fé
Temos que destacar aqui a determinação inabalável do casal Lorenzen em combater a chamada “Era dos contatados”, quando durante os anos 50 e 60, seguindo o choque das aparições de OVNIs em massa, dezenas de pessoas apareciam todos os meses afirmando terem contatos com extraterrestres e falando imensos absurdos em nome deles.
Coube a Coral e Jim Lorenzen juntamente com Donald Keyhoe, encabeçarem a batalha para desmentir as armações de supostos contatados, que em sua maioria fazia espetáculos tétricos em canais de rádio e televisão e cobravam rios de dinheiro para falar sobre suas experiências fantasiosas para um público ávido de emoção - algo não muito diferente do "circo ufológico" de hoje, infelizmente.
Não se deve deixar de lembrar o imenso estrago que esses contatados fizeram à Ufologia, que ainda em seus primórdios, também teve que suportar críticas ferozes da imprensa, além do deboche que ficou costumeiro nesse meio, resultando no afastamento definitivo de quase toda a classe científica vigente da época. Com poucos ufólogos sérios na área, essa batalha esteve quase perdida e arrisco afirmar que a Ufologia só não foi enterrada de vez ainda naqueles tempos, graças ao trabalho árduo e pouco reconhecido de honestos ufólogos, como felizmente ainda acontece nos dias de hoje.
Em seu auge, a APRO alcançou mais de 3.000 associados e parte desses membros formou a MUFON, famosa rede de estudos e pesquisas ufológicas que está ativa até os dias de hoje. Temos que reconhecer a imensa inteligência e coragem de Coral Lorenzen, ela não apenas reconheceu o mistério do fenômeno OVNI, ainda em tenra idade, como foi uma das primeiras ufólogas sérias de sua geração a falar sobre ocupantes próximos a objetos não-identificados, um tabu pouco discutido entre as maiores autoridades de Ufologia da época.
O próprio J. Allen Hynek, conhecido por ter sido um dos grandes líderes da pesquisa aos UFOs demorou muito tempo para admitir que criaturas eram, de fato, vistas em alguns casos, próximos ou dentro desses aparelhos, o que o levou a descartar testemunhos desse tipo por vários anos. Coral também era uma crítica da própria comunidade ufológica, sempre se posicionando quando via que alguém estava prestando um mal serviço e muitos boletins da APRO trataram sobre isso.
Pesquisando, divulgando e escrevendo incessantemente sobre o assunto, Coral e Jim Lorenzen eram presenças certas em debates, congressos e entrevistas. Se vivessem em nossa época, certamente, estariam hoje combatendo fakes na internet. Juntos, ambos escreveram uma dúzia de livros, sendo que um deles consiste um guia para pesquisadores de campo. Coral Lorenzen morreu em 1988, tendo seu amado marido falecido pouco antes dela. Com a passagem dela, se encerrou também a incrível trajetória da APRO, não sem antes deixar um imenso legado para a história da Ufologia.
Difamação e fim do NICAP
O Major Donald Keyhoe, que havia se tornado ufólogo após a grande onda ufológica de 1947, foi fundador do NICAP e uma das suas principais características era a militância política com relação ao fenômeno OVNI. Sempre foi um crítico ferrenho do governo americano e sua insistência em negar, distorcer e ocultar informações sobre OVNIs e com isso, inspirou outros a seguir por esse caminho. O mais famoso deles foi o Dr. James E. McDonald, físico atmosférico e ufólogo que revolucionou a pesquisa ufológica de sua época.
No entanto, os ataques e críticas que o NICAP fazia constantemente às altas esferas militares e governamentais não ficariam por isso mesmo. O grupo sofreu uma campanha difamadora de grandes proporções, incitando, inclusive, os próprios ufólogos contra Donald Keyhoe. Por anos o grupo conseguiu se manter coeso graças ao árduo trabalho, fama e carisma que James McDonald tinha conseguido ao redor do mundo, no entanto, ele mesmo acabou sofrendo também da perseguição dos poderosos. E seu suicídio, em 1971, pôs fim a Era de Ouro da NICAP, sendo então completamente desbaratada nos anos posteriores.
Combatendo boatos e a má fé
Temos que destacar aqui a determinação inabalável do casal Lorenzen em combater a chamada “Era dos contatados”, quando durante os anos 50 e 60, seguindo o choque das aparições de OVNIs em massa, dezenas de pessoas apareciam todos os meses afirmando terem contatos com extraterrestres e falando imensos absurdos em nome deles.
Coube a Coral e Jim Lorenzen juntamente com Donald Keyhoe, encabeçarem a batalha para desmentir as armações de supostos contatados, que em sua maioria fazia espetáculos tétricos em canais de rádio e televisão e cobravam rios de dinheiro para falar sobre suas experiências fantasiosas para um público ávido de emoção - algo não muito diferente do "circo ufológico" de hoje, infelizmente.
Não se deve deixar de lembrar o imenso estrago que esses contatados fizeram à Ufologia, que ainda em seus primórdios, também teve que suportar críticas ferozes da imprensa, além do deboche que ficou costumeiro nesse meio, resultando no afastamento definitivo de quase toda a classe científica vigente da época. Com poucos ufólogos sérios na área, essa batalha esteve quase perdida e arrisco afirmar que a Ufologia só não foi enterrada de vez ainda naqueles tempos, graças ao trabalho árduo e pouco reconhecido de honestos ufólogos, como felizmente ainda acontece nos dias de hoje.
Em seu auge, a APRO alcançou mais de 3.000 associados e parte desses membros formou a MUFON, famosa rede de estudos e pesquisas ufológicas que está ativa até os dias de hoje. Temos que reconhecer a imensa inteligência e coragem de Coral Lorenzen, ela não apenas reconheceu o mistério do fenômeno OVNI, ainda em tenra idade, como foi uma das primeiras ufólogas sérias de sua geração a falar sobre ocupantes próximos a objetos não-identificados, um tabu pouco discutido entre as maiores autoridades de Ufologia da época.
O próprio J. Allen Hynek, conhecido por ter sido um dos grandes líderes da pesquisa aos UFOs demorou muito tempo para admitir que criaturas eram, de fato, vistas em alguns casos, próximos ou dentro desses aparelhos, o que o levou a descartar testemunhos desse tipo por vários anos. Coral também era uma crítica da própria comunidade ufológica, sempre se posicionando quando via que alguém estava prestando um mal serviço e muitos boletins da APRO trataram sobre isso.
Pesquisando, divulgando e escrevendo incessantemente sobre o assunto, Coral e Jim Lorenzen eram presenças certas em debates, congressos e entrevistas. Se vivessem em nossa época, certamente, estariam hoje combatendo fakes na internet. Juntos, ambos escreveram uma dúzia de livros, sendo que um deles consiste um guia para pesquisadores de campo. Coral Lorenzen morreu em 1988, tendo seu amado marido falecido pouco antes dela. Com a passagem dela, se encerrou também a incrível trajetória da APRO, não sem antes deixar um imenso legado para a história da Ufologia.
Carol e Jim foram exemplos de pioneirismo, honestidade e amor à Ufologia.
O que se foi e o que virá
Quando olhamos para o presente momento da Ufologia, nota-se que existe uma carência de referências nessa área, principalmente no Brasil, já que uma grande parte de documentos e livros que contam profundamente histórias dos primórdios da Ufologia não se encontram disponíveis em português e muitas vezes, nós também não valorizamos e desconhecemos o legado de nossos pesquisadores brasileiros de outrora.
É bom lembrar que alguns sérios pesquisadores brasileiros do passado já faleceram, no entanto, suas famílias - com raras exceções - não disponibilizaram os grandes acervos que estas pessoas juntaram por toda vida. Assim, muitos acervos contendo imagens, textos e gravações integrando os primeiros grupos ufológicos do Brasil estão hoje sob o mofo, total abandono e se deteriorando já por longos anos.
Na ânsia de obter visualizações (“likes”) de seguidores (além do dinheiro), a honestidade na Ufologia se perde, e se torna quase uma lenda urbana. Muitos pesquisadores e entusiastas que hoje estão na ativa sequer sabem que o trabalho na Ufologia se fazia duramente, sofrendo desconfianças, preconceitos, ridicularização, além das imensas dificuldades para se colher depoimentos e obter apoios. Lembremos das histórias da conhecida ufóloga brasileira Irene Granchi que, para entrevistar testemunhas em lugares distantes, caminhava carregando um gravador pesando 14 quilos, subindo e descendo morros e encostas...
Coral Lorenzen foi uma dessas figuras que aparecem poucas vezes na vida, pois imaginem vocês o que era para uma mulher, o fato de investigar OVNIs em plena década de 1950? Se hoje às vezes ainda é difícil se posicionar como ufólogo, imagine as coisas que ela passou e ouviu naqueles tempos? As ofensas, o deboche, as desconfianças e o machismo. Mesmo assim ela seguiu com seu trabalho, ao lado do marido, seu apoiador incondicional e quem jamais duvidou de uma palavra sua ou de seus motivos.
Amor, foi esse o sentimento que uniu essas duas almas por uma vida inteira, que os fez descobrir juntos um dos maiores mistérios da humanidade e que os levou a entrar para história como desbravadores dessa nova realidade. Um amor que os fez superar dificuldades imensas e seguir em frente divulgando um fenômeno tão difamado e tão atacado ao longo da história, mas com a certeza da sua verdade e legitimidade. Afinal, tudo que é feito com amor, mesmo com todas as dificuldades, se torna perfeito.
* Rafaela Oliveira é pesquisadora do fenômeno OVNI, articulista e colaboradora dos portais UFOVIA e Via Fanzine em Fortaleza/CE.
- Imagens: Arquivos da APRO/divulgação.
Referências:
LORENZEN, Coral E. Flying Saucers: The Startling Evidence Of The Invasion From Outer Space. Tucson: The New American Library, 1966. 287 p.
FRAGA, Renê. Jim e Coral Lorenzen, os primeiros pesquisadores de OVNIs.2017. Disponível em:. Acesso em: 12 out. 2018.
Fonte das fotos de Olavo Fontes: The APRO Bulletin, May-june 1968. Corpyrighted of The Aerial Phenomena Research Organization.
The APRO Bulletin, Jan 1957. Corpyrighted of The Aerial Phenomena Research Organization.
The APRO Bulletin, Jan 1964. Corpyrighted of The Aerial Phenomena Research Organization.
The APRO Bulletin, Jan 1965. Corpyrighted of The Aerial Phenomena Research Organization.
- Produção: Pepe Chaves.
© Copyright 2004-2018, Pepe Arte Viva Ltda.
FONTE: viafanzine.jor.br
O que se foi e o que virá
Quando olhamos para o presente momento da Ufologia, nota-se que existe uma carência de referências nessa área, principalmente no Brasil, já que uma grande parte de documentos e livros que contam profundamente histórias dos primórdios da Ufologia não se encontram disponíveis em português e muitas vezes, nós também não valorizamos e desconhecemos o legado de nossos pesquisadores brasileiros de outrora.
É bom lembrar que alguns sérios pesquisadores brasileiros do passado já faleceram, no entanto, suas famílias - com raras exceções - não disponibilizaram os grandes acervos que estas pessoas juntaram por toda vida. Assim, muitos acervos contendo imagens, textos e gravações integrando os primeiros grupos ufológicos do Brasil estão hoje sob o mofo, total abandono e se deteriorando já por longos anos.
Na ânsia de obter visualizações (“likes”) de seguidores (além do dinheiro), a honestidade na Ufologia se perde, e se torna quase uma lenda urbana. Muitos pesquisadores e entusiastas que hoje estão na ativa sequer sabem que o trabalho na Ufologia se fazia duramente, sofrendo desconfianças, preconceitos, ridicularização, além das imensas dificuldades para se colher depoimentos e obter apoios. Lembremos das histórias da conhecida ufóloga brasileira Irene Granchi que, para entrevistar testemunhas em lugares distantes, caminhava carregando um gravador pesando 14 quilos, subindo e descendo morros e encostas...
Coral Lorenzen foi uma dessas figuras que aparecem poucas vezes na vida, pois imaginem vocês o que era para uma mulher, o fato de investigar OVNIs em plena década de 1950? Se hoje às vezes ainda é difícil se posicionar como ufólogo, imagine as coisas que ela passou e ouviu naqueles tempos? As ofensas, o deboche, as desconfianças e o machismo. Mesmo assim ela seguiu com seu trabalho, ao lado do marido, seu apoiador incondicional e quem jamais duvidou de uma palavra sua ou de seus motivos.
Amor, foi esse o sentimento que uniu essas duas almas por uma vida inteira, que os fez descobrir juntos um dos maiores mistérios da humanidade e que os levou a entrar para história como desbravadores dessa nova realidade. Um amor que os fez superar dificuldades imensas e seguir em frente divulgando um fenômeno tão difamado e tão atacado ao longo da história, mas com a certeza da sua verdade e legitimidade. Afinal, tudo que é feito com amor, mesmo com todas as dificuldades, se torna perfeito.
* Rafaela Oliveira é pesquisadora do fenômeno OVNI, articulista e colaboradora dos portais UFOVIA e Via Fanzine em Fortaleza/CE.
- Imagens: Arquivos da APRO/divulgação.
Referências:
LORENZEN, Coral E. Flying Saucers: The Startling Evidence Of The Invasion From Outer Space. Tucson: The New American Library, 1966. 287 p.
FRAGA, Renê. Jim e Coral Lorenzen, os primeiros pesquisadores de OVNIs.2017. Disponível em:
Fonte das fotos de Olavo Fontes: The APRO Bulletin, May-june 1968. Corpyrighted of The Aerial Phenomena Research Organization.
The APRO Bulletin, Jan 1957. Corpyrighted of The Aerial Phenomena Research Organization.
The APRO Bulletin, Jan 1964. Corpyrighted of The Aerial Phenomena Research Organization.
The APRO Bulletin, Jan 1965. Corpyrighted of The Aerial Phenomena Research Organization.
- Produção: Pepe Chaves.
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FONTE: viafanzine.jor.br
Boa matéria
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