Data: 18 de Junho de 1975
Hora: Entre as 23H45 e as 00H15
Local: TOMAR, distrito de Santarém, província do Ribatejo
Testemunhas: Aníbal Fuentefria Jacinto, 26 anos, mais cinco tripulantes, todos pilotos militares, a bordo de um avião Cessna Skymaster em viagem de Lagos para a base de Tancos.
Condições meteorológicas: Céu limpo, com bruma no horizonte. Ausência de vento e temperatura de cerca de 15/18 graus. Visibilidade da Lua: negativa
Tipo de observação: LN (Hynek)
Índice de credibilidade: 3,38
Índice de estranheza: 3
SITUAÇÃO HISTÓRICA E GEO-MORFOLÓGICA
A cidade de Tomar está situada nas duas margens do rio Nabão, na base de um monte acastelado, a 135 kms de Lisboa, 60 de Santarém e a 30 de Fátima.
É possível conjecturar acerca do seu povoamento em épocas recuadas mas carece-se de documentação anterior ao séc. XII.
A origem de Tomar está ligada à existência das velhas povoações de Sellium, estação luso-romana da via militar Scalabis (Santarém) – Aeminium (Coimbra e de Nabância cuja implantação ainda hoje se discute.
De salientar naturalmente a importância do Castelo de Tomar, fundado por D. Gualdim Pais, mestre dos Templários em Portugal, e que assentaria também em ruínas de uma povoação existente no morro onde foi implantado.
Quanto aos aspectos geológicos temos a considerar que Tomar está assente sobre calcários terciários.
Os afloramentos jurássicos começam a 1 km ao norte da cidade.
Os terrenos liássicos constituem uma banda N-S de seis kms ao longo do rio Nabão, estendendo-se por uma largura de 2,5 kms entre Pedreira e Casais.
Na complexa tectónica desta área, sobressai uma rede de falhas geológicas de importância desigual que desenham uma rede ortogonal, ao norte da localidade.
A principal das falhas meridianas pode-se designar por falha de Nabão.
Existe um primeiro grupo de falhas com uma orientação WSW-ENE e outro com direcção N-S.
A leste do vale do Nabão, ressalta uma rede muito cerrada de anticlinais e sinclinais.
A outra região que nos interessa analisar sob o ponto de vista geomorfológico é a correspondente à vertical do lugar de imobilização do Ovni e que, pelos cálculos efectuados se situa sobre a Serra de Santo António, na região de Mendiga, aproximadamente.
Trata-se de um maciço calcário jurássico, limitado a W e N por falhas normais.
O planalto com o mesmo nome está recortado por diversas falhas de orientação NW-SE, por vezes injectadas por filões de rochas eruptivas doleríticas.
Outras falhas, de direcção sensivelmente N_S, mais ou menos paralelas à estrutura tifónica da área, são também conhecidas.
Sob o ponto de vista hidrológico, é uma região de morfologia kárstica, com numerosas bacias fechadas, grutas, algares e ribeiras subterrâneas.
A VIAGEM DE LAGOS PARA TANCOS
Num avião Cessna Skymaster, as seis testemunhas – quatro pilotos e dois mecânicos – seguiam viagem desde Lagos até Tancos, base militar onde pertencem. A rota passava à vertical de Fátima.
Na região de Santarém o controle da Torre de Lisboa solicitou aos ocupantes do aparelho que, logo chegados às cercanias da base, tentassem identificar um alvo desconhecido que não respondia às chamadas feitas para o efeito.
Aníbal Jacinto, um dos pilotos, pormenoriza os incidentes da viagem:
Estávamos a ouvir o controle de identificações de todos os aviões que entram no sector da base, quando, a umas 10/12 milhas da zona de Tancos, vimos o alvo que tinha a aparência da luz de anti-colisão de um avião e cuja presença estava a ser dada pelo radar planimétrico.
Naquele momento, estávamos a uns quatro mil pés de altura.
Sei que foi depois de Santarém que eles nos pediram para fazer a identificação do alvo.
Este, estaria a uma distância de oito a nove milhas de distância da base, para Oeste, no sentido do Oceano Atlântico portanto.
Nessa altura, seguíamos rumo à vertical de Fátima.
O comandante do avião acelerou-o até ao máximo permitido, tendo-nos aproximado do alvo a umas cinco milhas, segundo as indicações do radar.
Aí, a luz começou a deslocar-se para Oeste e a acelerar de tal modo que a distância entre nós aumentou rapidamente até que a luz desapareceu na bruma do horizonte.
Ficamos a umas 30/40 milhas de distância em pouco tempo.
O aspecto desse alvo - foi a única vez que o vimos - era o de uma luz vermelha, do tipo anti-colisão.
Tinha um pulsar ritmado e essa era a única luz visível.
Quando nos aproximamos mais, reparámos que não se apagava como o flash, mas um pouco mais lento, talvez de um em um segundo ou de dois em dois. Entretanto, no mesmo momento, vimos um avião comercial da TAP que entrava no território e se situava a umas 10 milhas ao nosso lado.
A luz era muito mais potente do que a do avião.
PENSAMOS NO ERRO DO RADAR
Estávamos a sul de Fátima.
Quando vimos que não o podíamos alcançar, comunicamos com o controle de Lisboa e voltámos novamente para o bordo de Fátima para fazermos a descida para a nossa base.
Quatro ou cinco minutos depois, aproximávamo-nos de Tomar, quando o radar de Lisboa nos informou que o objecto estava outra vez na zona.
Começou a dar-nos indicações sobre a sua posição e nós movimentávamo-nos de acordo com as informações recebida.
A dada altura ficamos a cerca de uma milha – distância que é quase a mínima que o radar consegue resolver – e não vimos luz nenhuma.
Não nos tinha possibilidade de dar a altitude porque na altura o controle tinha uma avaria.
Apenas nos diziam que estávamos a uma milha à esquerda, depois atrás de nós e ainda para o lado da nossa asa direita.
Tanto assim que pensámos que o radar estivesse avariado e a dar-nos indicações trocadas: olhem, está uma milha à vossa asa esquerda – diziam: Virávamos para lá e logo emendavam: afastou-se agora para cinco milhas... . Andámos assim durante uns 20 minutos na área, até que, quando estávamos na vertical de Tomar, ao darmos uma volta sobre a esquerda, a três mil pés, o radar indicou-nos que os ecos estavam coincidentes no scope.
UMA LUZ INTENSA E SEM DISPERSÃO
Estávamos então a ser controlados pelo radar civil, tendo o de Montejunto tentado o radar em altitude.
Logo nos disseram que os ecos estavam coincidentes.
Olhamos para cima e para baixo, tentando descortinar qualquer coisa. Procurámos intensamente na zona e foi então que, quando estávamos a voltar para a esquerda, na sombra da nossa asa, vimos um foco de luz muito intensa e de forma oval, muito limitada e sem dispersão alguma.
Aquilo estaria a uns 500 metros ao nosso lado e a uma altitude superior à nossa porque vimos o foco mas não víamos a sua origem.
Ele surgia já no enfiamento da nossa asa.
Estávamos nessa altura a 900 metros de altitude e é difícil calcular o ponto de origem do foco.
O ângulo de abertura do feixe luminoso, desde que surgia na nossa asa até ao seu encontro com o solo, abria muito pouco.
Pelo que ele iluminou de Tomar – a praça principal – nós calculámos que seria, na base, uma elipse com cerca de 120/150 metros de comprimento maior por uns 75.
O foco varreu a praça, dando a ideia de que tinha sido focado como se estivesse ligeiramente em movimento e daí que esse jacto de luz fosse varrer a zona durante uns dois segundos.
Era uma elipse bastante excêntrica em virtude da inclinação que o feixe trazia. O que notámos desde logo foi a diferença com um tipo de avião que nós temos e que dispõe de um feixe potente mas cuja luz, ao chegar ao solo, se dispersa normalmente, com penumbra.
Aquele não: onde caía era tudo branco, logo limitado pelo negro da noite.
Não tinha esbatimento progressivo da penumbra.
Estaríamos a uns 500 metros por sobre a periferia da cidade.
O radar, dizia-nos que os ecos eram coincidentes porque o aparelho não tem poder de resolução para distâncias tão pequenas.
A origem do foco estava por certo acima de nós.
Ainda virámos para lá mas mal tentamos a manobra já o foco se tinha apagado e não vimos nada, nem sequer a luz vermelha que tínhamos visto de início. Suponho que, pela largura do foco na base, o ponto projector estaria, entre 150 a 300 metros acima de nós.
Portanto, nós estaríamos a 3000 pés e ele a uns 4000 de altitude.
REPETE-SE O JOGO DO ALVO E DO AVIÃO
A cor do foco era branca, tipo holofote.
Não nos apercebemos de movimento na referida praça, pelo facto de ser noite e também pelo escasso tempo de projecção.
Só nos convencemos de que aquilo não era nenhum avião.
Um dos pilotos que ia connosco experimentou um certo pânico porque constatou isso mesmo.
Nosso não era, porque não tínhamos qualquer informação sobre outro movimento através da Torre de Lisboa.
Aliás, quando fizemos o relatório para a Região Aérea disseram-nos igualmente que não havia aviões nossos no ar.
Um outro aparelho que tinha feito a mesma viagem, 15 minutos atrás de nós, ainda ficou no local para ver se localizava alguma coisa já que estávamos com pouco combustível.
De facto, na altura da observação, tínhamos registado a posição do alvo como coincidente com a nossa.
Como pouco depois voltamos para a base, o outro avião ficou na área tentando a busca, durante cerca de um quarto de hora.
Andou também às voltas com o eco, como nos aconteceu a nós.
Ora para a direita, ora para a esquerda, não conseguiu ver nada, ficando com a impressão que o radar de Lisboa não estava em boas condições.
Nessa altura, o controle continuava a afirmar que tinha o objecto na mesma zona, sempre referenciado pelo radar.
Concluindo: o foco luminoso teria de comprimento mais de um quilómetro. Para iluminar daquela maneira só um laser.
Nós temos helicópteros que tem um foco mais pequeno e dispersivo.
Outros aviões, como os V 2 V 5 têm um projector que ilumina a longa distância mas dispersa a luz, sem dúvida.
Outros aviões que passaram na zona, foram interrogados pela Torre sobre se viam alguma coisa estranha.
De outras bases, viemos a saber que não houvera saídas de aviões.
Por fim, a nossa Torre de Tancos também localizou o objecto.
Aqui, o pessoal da noite parece ter tido uma certa experiência deste tipo de fenómeno, a que chamam luz fantasma.
Por outras ocasiões, aconteceu o mesmo, segundo apurámos.
LUZ FANTASMA – VISITA FREQUENTE
Soubemos isto mal chegamos à Base.
Logo o pessoal de serviço nocturno nos informou que também via a tal luz fantasma que pouco antes passara por ali.
O sargento de serviço disse-nos que o fenómeno passara à vertical do aeródromo.
No fim de semana imediato, um dos tripulantes que fazia o nosso voo, o furriel Francisco, que estava de serviço às Operações, foi chamado juntamente com outro colega para ver a luz fantasma.
Aí, identificou-a como sendo do mesmo tipo que havíamos visto sobre Tomar.
A luz vermelha a lançar o mesmo foco de luz densa para o solo.
O pessoal de terra viria a confirmar, aquando do nosso caso, a observação da mesma luz três ou quatro dias antes.
O objecto encontrava-se na vertical da Base, deslocando-se no sentido vertical e horizontal com acelerações enormes que nem sequer são de helicóptero.
Para uma imobilização daquelas só temos o heli ou os modernos aviões de descolagem vertical que são relativamente lentos a fazê-lo.
Os pilotos que observaram esta luz disseram logo que não podia tratar-se de helicóptero.
Além disso, não emitia o mínimo ruído.
Enfim, não conheciam meio aéreo capaz de fazer aquilo.
Não vejo motivos para qualquer confusão.
Nos aviões, a luz anti-colisão é vermelha e as outras, na ponta das asas, não deixam qualquer dúvida.
O aspecto do alvo era apenas luminoso.
Nas observações da Base era o mesmo foco de propagação instantânea com uns dois segundos de duração.
Andou por ali a passear até que arrancou em grande velocidade. Havia bastantes chamadas para a Base por causa da tal luz.
Uns e outros, perguntávamo-nos se havia aviões no ar mas nunca encontrámos justificação para uma coisa daquelas.
AS CONDIÇÕES DE VOO E DOS TRIPULANTES
Segundo o mesmo piloto, estava de facto bom tempo para fazermos voo nocturno sem problemas.
Todos os tripulantes do Cessna estavam em boas condições físicas e psíquicas, portanto, de operacionalidade.
As suas idades estão compreendidas entre os 21 e os 30 anos.
Todos fizeram a observação a olho nu.
O piloto que mais se assustou com o caso tem, inclusive, muitas horas de voo, cerca de 12 mil.
Uns e outros eram conhecidas de missões em África e quando aquele viu o foco de luz, quis virar para o lado contrário mas o comandante de bordo forçou a manter o rumo e a alterá-lo para tentarem ver o foco.
Trocaram rápidas impressões sobre a natureza do fenómeno e a propriedade do mesmo, não conseguindo atribuir o facto aos aviões comuns.
A testemunha citada e o furriel Francisco, que observaria um objecto semelhante três ou quatro dias depois, eram os menos experientes.
Não se verificaram interferências nem no avião nem efeitos secundários nos tripulantes.
A duração total do caso, foi de cerca de meia hora para o primeiro Cessna e mais 15 minutos para o segundo aparelho que o seguia e permaneceu na área.
Fonte: Revista Insólito nº 36 Novembro / Dezembro de 1978
A uns quatro anos vi algo neste estilo, era noite céu sem nuvens e estrelado, vinha de Santa Vitoria do Palmar,Rio Grande do Sul Brasil para Pelotas, quando vi um faixo azul descer do céu e tocar o solo muito a frente a varios quilômetros, na hora pensei ta pegaram mais um, o raio azul durou poucos segundos e veio de muito alto.Ate hoje não tenho explicação.
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