sábado, 16 de janeiro de 2016

Novidades sobre a mega-estrutura KIC 8462852, com Bradley Schaefer

Imagem ilustrativa
Façamos um "apanhado" do que já foi dito e refutado acerca desta matéria. Já tivemos comentários de várias personalidades dentro da comunidade astronómica, inclusive, o da NASA. Mas bom, voltemos um pouco atrás: que estrela é esta? a KIC 8462852 é uma estrela de classe F na constelação Cygnus (Cisne) a aproximadamente 1480 anos-luz da Terra. Em Setembro de 2015 o telescópio espacial Kepler observou drásticas alterações na luminosidade da estrela na ordem dos 20%. 

Vários artigos falaram de uma mega-estrutura de origem extraterrestre a bloquear essa luz e em boa verdade, essa hipótese tem agitado muitos seguidores e curiosos pela ovnilogia e matérias relacionadas com engenharia extraterrestre. 

Mas vamos por partes. Vejamos quais são as opiniões de várias personalidades sobre este caso:

O que diz o Prof. Mike Garret?


Garret defende que uma astro-engenharia deste género, equivalente a uma civilização do Tipo 2 representaria um requisito de energia na ordem dos 400YW (yottawatts). Aqui na Terra podemos assumir que existe uma emissão de energia irradiada isotrópica equivalente a 50 MW de frequência < 2000 MHz. Ele baseia isto em bases GSM instaladas. Assumindo que numa civilização do Tipo 2 haveria um total de emissões de radio isotrópicas desperdiçadas de 50E20 Watts, tendo em conta que esta estrela se encontra a 1.4E19 metros, isso traduz-se portanto num fluxo de densidade 0,1 Jansky, um nível que seria rapidamente detetável em radiotelescópios atuais. Com o uso do NVSS e do WENSS não há qualquer detecção de emissões provenientes do KIC8462852. Níveis de ruído do NVSS: 0,0025 Jy (40x do que era previsível relativamente aos 0,1Jy proveniente do KIC8462852).

Isto refuta portanto, a hipótese de uma civilização extraterrestre por detrás deste mistério.

Uma conclusão do Prof. Mike Garret, da Universidade de Leiden, (professor de Técnicas de Rádio Astronómicas e Diretor da ASTRON), partilhada no seu BLOG  (30 de Outubro 2015) e também no site do seti@home a 19 de Novembro de 2015.

O que diz a NASA?

24 de Novembro de 2015. A NASA refere-se à estrela KIC 8462852 como sendo bizarra e inexplicável. Na missão Kepler, a estrela foi monitorizada durante 4 anos e observou dois comportamentos pouco comuns, em 2011 e 2013, quando a luminosidade da mesma sofria uma redução drástica. A isto se devia a um corpo que passava à frente da estrela e bloqueava a sua luz. E até aí, não surgem dúvidas. A pergunta é: o quê?
Os cientistas sugeriram uma família de cometas como a resposta mais provável. 
Segundo a NASA, um novo estudo usando o telescópio espacial Spitzer resolve o mistério, encontrando mais provas para o cenário envolvendo o enxame de cometas. O estudo é liderado por Massimo Marengo, do Iowa State University.

A melhor maneira para aprender mais sobre a estrela é estudá-lo em luz infravermelha. O Kepler observou-a em luz visível. Se um impacto planetário ou uma colisão entre asteróides são as razões para o mistério da KIC 8462852, então surgirá um excesso de luz infravermelha em torno da estrela.
Numa primeira análise, os pesquisadores observaram em luz infravermelha usando o Wide-field Infrared da NASA e não obtiveram qualquer registo satisfatório. Isto, em 2010, antes da observação do Kepler. 
"Spitzer observou centenas de milhares de estrelas, onde o Kepler procurou planetas, na esperança de encontrar emissões infravermelhas provenientes de poeiras circunstrelares." afirmou Michael Werner, cientista do projeto Spitzer, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena (Califórnia).
Mas, o Spitzer não encontrou qualquer excesso significativo de luz infravermelha de poeira quente. Isso reforça a ideia de que os responsáveis são cometas frios em órbita - uma família de cometas a viajar numa longa e excêntrica órbita em torno de uma estrela.

Segundo Massimo Marengo "esta é uma estrela muito estranha" (...) "Isto lembra-me quando nós descobrimos os pulsares. Emitam sinais estranhos que nunca ninguém tinha visto antes e o primeiro a ser descoberto foi nomeado LGM-1, depois de 'Little Green Men' (pequeno homem verde)." E, reforçando o comentário no site da NASA, o LGM-1 acabaria por se tratar de fenómenos naturais.
"Ainda não sabemos o que está a acontecer em torno desta estrela", diz Marengo "mas é isso que a torna tão interessante."

Artigo da NASA

O que diz o astrónomo Bradley Schaefer?



Ainda não houve uma conclusão acerca do tema "o que está a circular na KIC 8462852?" e as respostas até agora não foram conclusivas por parte da comunidade astronómica, e segundo eles, as hipóteses de se tratar de origem alienígena ainda são muito baixas.
Recorde-se, que segundo Wright, a hipótese de tecnologia proveniente de uma civilização extraterrestre seria a última a considerar. 
Contudo, nas últimas investigações feitas pelo astrónomo Bradley Schaefer, (da Louisiana State University) sobre a estranha estrela reacenderam a teoria alienígena. Algo anda a bloquear a luminosidade da estrela nas ordem dos 20% e até aí não é novidade, contudo, as mudanças não seguem um padrão óbvio. Isto sugere que algo gigantesco bloqueia a luz em momentos aleatórios. O que significa portanto que poderá não se tratar de um planeta ou qualquer outro objeto em órbita porque isso iria gerar um padrão distinto de escurecimento de luz. Deve ser algo que muda de forma ao longo do tempo bloqueando assim diferentes níveis de luz em intervalos aleatórios. 

A surpresa: não se tratam provavelmente de cometas!


A explicação inicial seria uma mega-estrutura chamada de esfera de Dyson, cuja estrutura extrairia a energia da estrela e a proposta de Freeman Dyson, seria a procura de tal estrela, que nos levaria ao encontro de uma civilização altamente desenvolvida. Esta ideia foi refutada por astrónomos e sugeriram um enxame de cometas.
Schaefer tem outra opinião ainda.
"A ideia de uma família de cometas foi razoavelmente apresentada como a melhor das hipóteses, mesmo reconhecendo que todas essas teorias ainda eram muito pobres", afirmou Bradley Schaefer. 
O astrónomo cavou fundo nos arquivos de astronomia em Harvard. E na verdade, é que os astrónomos têm dados sobre a estrela KIC 8462852 desde 1890. Ao analisar mais de 1200 medições do brilho da estrela analisadas entre 1890 e 1989, Schaefer descobriu que o escurecimento irregular da estrela já se arrasta há mais de 100 anos.
Ele explica ainda que esta tendência de escurecimento secular requer um número de 648 000 cometas gigantes (cada um com 200 km de diâmetro), todos orquestrados para passar à frente da estrela, o que se revela "completamente implausível", segundo Schaefer.

Do que se trata afinal? Matando então a ideia do enxame de cometas, o astrónomo reacendeu a possibilidade de uma mega-estrutura criada por uma civilização alienígena avançada. Uma coisa é certa para Schaefer, esta órbita em volta da estrela é causada por um único mecanismo físico que vai passando por mudanças.

Artigo em PDF de Bradley Schaefer

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