Regressar à Lua em 2020, construir bases? Não, esses sonhos, recuperados por George W. Bush em 2004, ao lançar o programa Constelação, que prometia o regresso à Lua em 2020, acabaram. A proposta de orçamento da Administração Obama para 2011 reconhece a impossibilidade de cumprir esse calendário mas, ao mesmo tempo, aumenta o orçamento da NASA em seis mil milhões de dólares por ano, durante cinco anos.
A prioridade, agora, são projectos de investigação científica e a abertura de colaborações — com outros países e, algo inédito, parceiros comerciais para levar astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS).
Esquecer o regresso à Lua é “um passo de gigante para trás”, como disse um crítico republicano? Nada disso, responde Lori Garver, vice-administradora da NASA, numa conferência que a agência espacial transmitiu pela Internet. “Este orçamento volta a colocar-nos no Sistema Solar”.
No Verão, uma comissão independente disse que o programa Constelação estava fora de rota. “O comité Augustine estimou que o foguetão necessário para nos levar à Lua não estaria disponível antes de 2028 ou 2030 e, nessa altura, ‘não existiriam fundos para desenvolver o veículo de alunagem e sistemas de superfície’”, disse o administrador da NASA, Charles Bolden, um ex-astronauta.
Hoje já não há a Guerra Fria que permitiu injectar enormes quantidades de dinheiro na NASA para chegar à Lua em dez anos. Colaboração, agora, é a palavra-chave. “Todos nós acreditamos que, da sétima vez que formos à Lua, aterraremos lá com parceiros internacionais, e comerciais também”, afirmou Graver.
Nesta proposta de orçamento é concretizada a muito esperada estratégia da Administração Obama para o espaço. E, fiel ao espírito de um Presidente que se rodeou de prémios Nobel, a estratégia parece feita à medida para agradar aos cientistas.
É prolongado o prazo de envolvimento americano na Estação Espacial Internacional (de 2015 passa para 2020) e reforçado com mais dinheiro para que se transforme de facto num laboratório orbital, para estudar os efeitos da microgravidade no corpo dos astronautas. Missões robóticas de exploração do Sistema Solar — incluindo no estudo do Sol —, e um investimento no estudo da Terra e das alterações climáticas, uma área na qual a NASA estava desfalcada.
A NASA vai ficar sem meios de pôr astronautas em órbita, a partir do fim do ano, quando for aposentado o vaivém, por motivos de segurança. Pagar bilhetes de 50 milhões de dólares nas naves russas é a solução imediata, mas os EUA vão passar também a confiar em empresas privadas. Isto é uma grande revolução, mas é algo que a NASA guardou para falar hoje.
Mas ontem, Charles Bolden anunciou já que a NASA tem contratos com várias empresas para transportar tripulações para órbitas baixas (Blue Origin, Boeing, Paragon, Sierra Nevada, United Launch Alliance). “Ninguém se preocupa mais com a segurança do que eu. Fiz quatro missões num vaivém e perdi amigos em dois acidentes. Dou-vos a minha palavra que estes veículos serão seguros”, disse.
Inf - Jornal o Publico
Sem comentários:
Enviar um comentário