segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Os nossos militares na Guerra Colonial e os OVNIs


O tempo vai passando e cada vez mais nos vamos esquecendo de algumas coisas que em tempos nos chamaram a atenção e que a memória (já não é o que era) nos vai pregando partidas.
Nos anos 70, que não consigo precisar concretamente se foi 70 ou 71 ou quem sabe 72, passou-se algo de insólito, nos céus de Henrique de Carvalho (A.B.4) que me tem trazido á memória imagens tão reais como se as estivesse agora a ver, imagens essas que queria corroboradas por mais camaradas que também as tivessem presenciado.

Como disse, não consigo lembrar-me da data, mas o que se passou foi o seguinte:Certa noite, pelas 23 horas, mais coisa menos coisa, pois penso que tinha chegado da cidade no transporte da Base, havia imensos camaradas de olhos postos no céu, a que se juntou mais um (eu), pois realmente algo de estranho se passava. 
O que vi, foram quatro luzes, “objectos”posicionadas nos quatro pontos cardeais, que emitiam por sua vez, tonalidades de luz, penso que passando por todas a que conhecemos, e parecendo que se comunicavam entre si. 
No firmamento, evoluíam outros dois pontos de luz, ”objectos”, a grande altitude de forma quase paralela entre si, parecendo que se deslocavam fazendo com que um V. 
Lembro-me que nessa altura, os pequenos rádios que quase todos nós tínhamos, faziam imenso ruído e que nada se percebia da emissão que estava no ar. 
Penso que este período de tempo foi “talvez” de meia hora, apesar de ter parecido uma eternidade, a confusão que gerou tal fenómeno. Estas “luzes” estimava-se que estivessem estacionadas a cerca de 40mil/pés, isto, para quem pela linha do horizonte, conseguia ler distâncias, sendo que as outras duas estivessem bem lá no “cimo”. 

Recordo, ainda que de forma menos clara, do pedido feito por H.C. ao Luso, para o envio de um PV2 para intercepção dos referidos “objectos”. Mais tarde, porque para isso não tive acesso, foi falado à boca cheia, que teria sido enviado um PV2 para tal efeito e que em aproximação a H.C. teria dito que, estaria nessa estação em poucos minutos. Após esta informação, teriam os respectivos ”objectos” subido para um tecto de cerca de 80mil/pés, impossível de atingir para o PV2.Também nessa altura, creio ter sido solicitado o envio de apoio Sul -Africano dos aviões Camberra, que teriam tecto para a possível perseguição.
Quando o PV2 indica que não tem qualquer possibilidade de atingir aquele tecto,” penso” que depois de tentar atingir o máximo da sua possibilidade e é obrigado a descer, os ditos “objectos” efectuam uma manobra de segundos, até atingirem as mesmas posições ,onde originalmente se encontravam. 
Quanto aos Camberra não sei o que se passou com eles.
Nota: Estas informações sobre o pedido de intervenção de meios aéreos foram-me transmitidas posteriormente, pelo que é apenas relato do que ouvi.
Após a situação descrita, ainda houve um período de tempo em que os “objectos” pareciam “falar” entre si, com a evolução de troca de sinais de luzes (seria?).Lembro-me também, como se fosse no presente, que antes de este estranho fenómeno desaparecer, se criou uma neblina, tão intensa que não nos permitiu ver o desaparecimento do “objectos”.

Quando se dissipou a neblina, mais um estranho acaso se verificou. 
Os rádios voltaram a funcionar normalmente. Como é normal, troquei impressões com outros camaradas que também se recordam de algumas coisas, deste episódio. 
Mas que a memória não traz tudo (40 anos é muito tempo). 
Para alguns, isto nada dirá, a outros que porventura tenham tido esta vivência desencadeará se calhar, memórias á muito esquecidas. 
Pensei que pudesse avivar e trazer este alguns destes “farripas “ e se possa escrever mais uma página da nossa memória colectiva.
Todas e quaisquer informações que houver deste “cenário” agradecemos que nos seja enviado.

OBS.Tive conhecimento que este fenómeno foi relatado por um avião da TAP, mas não tenho confirmação
Durante o tempo que mediou este escrito e a sua posterior edição, foi solicitado através de e-mail enviado pelo nosso amigo A. Neves, a todos os ex-camaradas (que constam da nossa base de dados) e tivessem também assistido ao fenómeno, o favor de enviar o seu comentário para que também fosse inserido neste espaço. Recebemos vários testemunhos.

TORRE DO A.B.4

Testemunhos:
Eu recordo-me desse acontecimento.
Para mim foi em finais de 71, princípio de 72.
De facto, naquela noite algo de anormal se passou nos cèus de HC, não tenho a certeza da quantidade, eram vários com a tal luminosidade diferente das estrelas, com mutação de cores.
Houve períodos em que se movimentavam e depois voltavam a fixar.
Recordo--me também, do que relatas quanto ao PV2 e das várias opiniões que a malta expressava, que eram helicópteros experimentais, etc.
Estás a ver aquelas cenas do costume em que todo o pessoal dá o seu palpite e para mais aquela hora !!!
Certo, é que motivou uma noitada diferente e razão para se beber mais umas Nocais, que aquela coisa de estar muito tempo a olhar para o céu a ver estrelas e ovnis enquanto se aguardava por PV2s e Camberras, fazia uma sede do caraças.
A.NevesEABT
Caros
O meu testemunho
Em 1970, estava destacado no AM44 ( Luso, destacamento de H.C.) com mais dois colegas que não me recordo o nome.
Todos os dias pelas 21h00, era obrigatório fazermos o QRX com o A.B.4 (XXR34) endereço radiotelegráfico.
Liguei a fonia e a grafia
Qual o meu espanto, que o circuito (fonia) estava um autentico delírio; o Controlador de serviço em H.C. era um individuo baixo com uns grandes bigodes e quando chegava ao circuito o seu grito de guerra era “AIKAMOCA AIKAMOCA chama chama”. Não me recordo do nome, mas lembro-me que o meteorologista Helder Guedelha de Castelo Branco era amigo dele.
Bem, como já disse, o circuito estava um delírio e todos gozavam com o AIKAMOCA pois pensavam que o homem estava na torre de controle com uma grande piela, o que não era difícil…
Lembro-me, que a narrativa aqui feita pelo Aníbal de Oliveira, é precisa. Melhor, é impossível.

O que se passou nessa noite foi fantástico, acontece que no Luso, nessa altura, não havia nenhum PV2 , lembro-me que estava em missão (???)
O que acontece é que o AIKAMOCA nessa noite devia estar histérico e pedia tudo e mais alguma coisa, inclusive os F´s que estavam na BA9 em Luanda.
Dizia, que eram três OVNIS e que vinham atacar o A.B.4, baixavam e levantavam e ainda se deslocavam para a direita e esquerda.
Depois, eram todos os RT´s que estavam em QRX, lembro-me do destacamento em Gago Coutinho, penso que seria o Gaspar que lá estava, que metiam a sua “colher” a gozar com o AIKAMOCA, isto foi um pouco longe de mais, uma vez que, como todas as pessoas sabem, as ondas Hertzianas de noite propagam-se com mais facilidade e com o tecto (céu) limpo ainda se propagam melhor e a comunicação chega mais longe e limpa.
Entretanto, um RT de Moçambique, e que estava em Lourenço Marques, apanhou toda esta conversa e meteu-se na frequência a dizer que fazia parte da tripulação do OVNI, foi um pandemónio… e este queria falar com o AIKAMOCA através de morse, aí, resolvi entrar em contacto com ele, e pediu-me para escutar (QAP) em (CW) morse, o qual me informou ser o Modesto. (Seria mesmo o Modesto??) O Modesto era Alentejano e este não tinha voz Alentejana. Informei-o que isto estava a ir longe demais e que o meu Comandante estava presente (o que era mentira), então ele teve receio, calou-se e saiu do circuito.
Para agravar a situação, entrou em cena um outro operador, que dizia ser de um voo da TAP, e confirmava tudo o que o AIKAMOCA dizia, e via perfeitamente a movimentação dos OVNIS, e que a F.A. tinha de tomar uma posição o mais rapidamente possível.
O AIKAMOCA delirava, e já não sabia o que fazer mais, mandou chamar o Oficial de Dia para ir à Torre de Controle. Esta não posso testemunhar, mas ele disse que o ia fazer.

Um episódio próprio do RECAMBOLL.
Bem, nessa noite foi uma tourada, só regressei com o motorista e outro colega (?) Casca??, já passava das 22h30, viemos para a cidade, e já não fomos ao cinema como estava previsto.
Já na esplanada dos gelados em frente ao Hotel Luso, e depois de ter narrado o romance a todos os presentes, estes não acreditaram no que estava a contar e que era invenção minha. Calei-me, e esqueci esse EPISÓDIO DELIRANTE , que só veio agora a lume, por ter lido este inóspito incidente cuja acção narrativa é de uma obra literária ou artística, de factos verdadeiros e notáveis.
P.S.: Fiquei sempre na dúvida se isto aconteceu mesmo, ou se o AIKAMOCA, com o seu liberalismo quis desestabilizar um pouco o sistema.
Não sei se ele foi chamado á atenção,
O que sei é que ele com o seu saber a sua frontalidade e a sua veia artística e revoltada, era bem capaz de fazer um romance numa noite inolvidável em HENRIQUE DE CARVALHO
Um abraço a todos
J.D.ErnestoOPC
*Também me lembro desse acontecimento, poderá ter sido outro mas sendo 71/72 deve de ser o mesmo. Estava de serviço em Luanda, no Comando da Região Aérea, quando chegou a informação dos OVNIS que estariam á vertical de Henrique de Carvalho. Recordo-me que, de Luanda, foram enviadas instruções para descolarem meios aéreos, a partir do Luso, a fim de observarem e interceptarem esses ovnis.Creio que esses meios não chegaram a descolar.Mais tarde veio a informação que os ovnis tinham desaparecido e tudo voltou ao normal.
Um abraço
Pedro GarciaOPC
*Aníbal eu recordo isso e segundo me parece, antecedeu a crise de doença quase colectiva, que se instalou em que poucos não caíram á cama e um dia ou dois depois foi enviada uma equipa de médico de Luanda com medicamentos e alguns de nós (lembro-me do falecido Bilinhos que não largou a cadela durante esses dias) íamos com os médios visitar todos os acamados e distribuir medicamentos. Tenho a ideia que a manutenção não abriu e os outros serviços também não funcionaram
UmAbraço
Raposeiro "Jesu"MMA



*Pois amigos eu penso que isso se passou antes de Fevereiro de 1971, pois foi nessa data que os PV´s passaram de Luanda para H.C., e eu fui com eles, portanto se chamaram o PV do Luso, era porque ainda não estavam baseados em H.C.
Manuel PratesMRAD
*Nada vi do que contais, pois decerto já estaria casado e a viver na cidade...
O que vos posso relatar é que, estando eu numa noite com o Félix na Torre de Controlo... apareceu-nos um gringo qualquer a chamar-nos em 'Sierra 2', dando-nos bailarico...
Naturalmente o Féliz pediu que se identificasse, nada logrando com isso...
FAP Luanda que estava, como nós, à escuta, também entrou no ar, já que tudo se ouvia 5/5, por todos...
O dito cujo, fosse ele quem fosse, às tantas calou-se...
O estranho é ter ele entrado numa nossa frequência classificada.
Dizer-vos-ei, para terminar, que estou à vontade sobre UFO's ou OVNIS, pois tais Naves sempre existiram... 
JesusOPC
Também me recordo dum acontecimento parecido. Não sei se foi o mesmo, mas aquele que me apercebi -- deu-se em princípios de 1972. Relatei-o na minha Crónica "Leste de Angola nº. 5", Episódio 2. Aqui vai a cópia do extracto:
2 - Noutra ocasião, encontrava-se um companheiro meu, (Rui Silva), de serviço à Torre. Ao escurecer, notou que havia uma luz que pairava no céu, mas que teimosamente não queria fazer-se à pista!... Tentou contactar com a suposta aeronave, mas esta não dava sinais de vida. Disparou um “very light” verde, para permissão de aterragem e, a luz da aeronave continuava a circular em volta da pista sem se aperceber de qualquer intenção. Intrigado, pensando que pudesse ser algum disco voador, telefonou para o Bar de sargentos a fim de solicitar a ajuda dum outro controlador mais experiente.
Lá vou eu ter com o Rui Silva para indagar da situação.
Conclusão, houve “ilusão de óptica”, “miragem pura”. A aeronave não existia! Porém, já tinha sido avisado o oficial de dia, iluminado as pistas com os candeeiros a petróleo e, chamado um bombardeiro que se encontrava ocasionalmente no Luso (Douglas B-26), para ajudar no combate… Para mais informações, só se contactarmos o Rui Silva. Ele foi o maior protagonista dessa cena. Encontrava-se de serviço na Torre de Controlo e, era um maçarico, na altura.
Um abraço
Vítor OliveiraOPCART

PV 2
Envio-vos a minha visão da tal noite dos OVNIS no AB4. Cito nomes, mas acho que não poderia deixar de o fazer e a história não teria interesse sem os citar. O "Pilas" (Vitor Faria) era meteorologista e tu deves lembrar-te dele muito bem. O capitão Acabado era de facto o comandante do PV2 que foi "combater" os OVNIS. Datas certas posso dizer-te, mas estão num livro de apontamentos que conservo, mas está no meio da papelada antiga que preciso de procurar.
Aqui vai o que me lembro dessa memorável noite dos OVNIS em HC.
O facto aconteceu pouco tempo depois de ter chegado à BA4, já que ainda não estava na Linha da Frente. Lembro-me bem de ter voltado da cidade de uma jantarada, ou bailarico e subitamente me deparar ali no descampado que rodeava a torre de controlo com um relativo ajuntamento de especialistas e quejandos que olhavam para o ar com ar interessadíssimo.



E lá estavam nos céus as tais luzes nos quatro cantos do horizonte. Perguntei o que se passava e foi-me dito (creio que pelo Terrinha MMA) que havia OVNIS postados sobre a base. Para mim OVNIS não eram aviões inimigos, mas sim, obviamente, discos voadores. E lá estavam eles. Um estático no zénite. Brilhante como um pequeno astro-rei nocturno a fazer horas extraordinárias. O outro de cor fulva junto à linha do horizonte para o lado da porta de armas. Dos outros não me recordo, não por causa da Nocal, mas porque já lá vão quase quatro décadas. Mas concedo que a Nocal tenha contribuído para exacerbar a situação e a imaginação também. "Rádio Moscovo” a estação que mais gostava de sintonizar a seguir à South Africa Broadcasting... qualquer assunto: - O OVNI principal encontrava-se a 60 mil pés de altitude! Declarou.
Nesse momento houve um àh... de admiração a toda a roda dos circunstantes iluminados pelos holofotes da torre de controlo onde se encontravam os camaradas “controladores” que sabiam de facto o que estava a acontecer, pensávamos nós. Ainda hoje não faço a mínima ideia de como é que o ”Pilas” fez os cálculos, já que os operou de cabeça perante mim e mais não sei quantos (uma dezena, dezena e meia, sem auxílio de qualquer instrumento, nomeadamente sextante, ou coisa que o valha. Sextantes e Teodolitos são instrumentos necessário para tais observações, julgava eu.
Certo é que os 60 mil pés do “Pilas” pegaram, já que o controlador aéreo de turno (um camarada de que me não lembro o nome, que tinha descido da torre e estava connosco, subiu de novo à dita e comunicou a “sentença” do meteorologista de serviço de HC para o Luso:- O OVNI encontra-se à vertical da base a 60 mil pés de altitude.
Finda a mensagem, em vez de responder a torre do Luso, responde o capitão Acabado, a partir de um PV2 que dali tinha descolado uns 20, ou 30 minutos antes: - 60 mil pés? Como é que eu vou interceptar um OVNI a 60 mil pés se esta caranguejola foi feita para a luta contra os submarinos no Pacífico na Segunda Guerra Mundial, poucos pés acima do nível do mar. Nem sequer temos máscaras de oxigénio! Terá sido mais ou menos assim a mensagem do simpático capitão Acabado, excelente chefe de família, de que me recordo bem de várias missões, acordado a meio da noite para combater OVNIS, enquanto o resto de Angola dormia pacificamente sem cuidar de mais nada a não ser acordar no dia seguinte para os seus afazeres quotidianos.
Nesse momento de “stress de guerra” (stress de guerra?) o mistério adensou-se.
A torre de HC começava a receber uma mensagem em 5 por 5: - “papá, papá, palhota”. “papá, papá palhota”. 


Consultados os manuais coisa... (creio que era “Sistems”, já que a conhecíamos pela sigla SABS) e que transmitia os últimos êxitos do rock internacional, nomeadamente os “Osy Bisa”, “Janis Joplin” e “Melanie” já para não falar de Bob Dilan e Donovan. O Macedo tinha sempre a última e mais preciosa informação sobre qualquer coisa. Fosse o que fosse, mas em matéria política especialmente. O Macedo era do contra por natureza. Um grande amigo e companheiro. No entanto, nesse ponto, achei que estaria a exagerar.
Mas enfim... era possível! Que “raio”. Tinha 19 anos e estava no meio da guerra. O melhor era acreditar em tudo nomeadamente num ataque da URSS sobre a ignota base de Saurimo (HC). Penso, hoje, que na altura Moscovo se preocuparia mais com uma qualquer base de muito menores dimensões do Vietname onde a guerra-fria se decidia de facto e onde as coisas andavam muito, mas muito mais acirradas do que alguma vez em Angola estariam. Muito menos no nosso perímetro, mais, ou menos anónimo do Leste de Angola.
Nesse momento de cogitação técnico política surge o “Pilas” (outro camarada e amigo). Tão camarada e amigo que não lhe recordo o apelido, nem o nome próprio, mas sim a alcunha porque todos os tratavam assim. E ele fazia gala desse epíteto. Afinal “Pilas” fazia jus à virilidade da nossa juventude. Estive com ele uns anos depois já na vida civil em Lisboa, na Av. Da Igreja em Alvalade. Tinha então deixado as ciências herméticas dos cúmulos-nimbos e dos estratos e dos higrómetros, enfim... Depois disso nunca mais dele tive notícia.
O “Pilas” meteorologista de lei, que estava de serviço, veio pôr ponto de ordem à mesa, ou melhor, ao ajuntamento a esmo que se tinha reunido. E depois de reflectir longamente (meia dúzia de segundos, na verdade, creio eu, se a memória não me falha quatro décadas depois) esclareceu o as de tudo isso me lembro como se fosse hoje. Nesse intróito de cogitação pessoal, comecei a ouvir os “sound bites" (como se diz hoje) dos circunstantes. Ao pequeno grupo inicial foi-se juntando o pessoal que vinha do Clube, da cidade, ou sabe-se lá de onde. Enfim...
Todos pontificavam. O Terrinha que era dos PV2 fazia cálculos e declarava que os OVNIS pairavam muito alto. Achei que o que dizia era correcto. Pairavam alto de facto. Faltava no entanto saber a que nível pairavam como se requeria. Quantos pés, que ângulo?

O Macedo que entendia que tudo no mundo pertencia ao domínio da política, afirmava que o regime e a guerra estavam por um fio porque os OVNIS não eram mais do que aeronaves inimigas altamente sofisticadas que só podiam ser soviéticas. Se calhar tinha ouvido alguma coisa na assunto: - O OVNI principal encontrava-se a 60 mil pés de altitude! Declarou !
Nesse momento houve um àh... de admiração a toda a roda dos circunstantes iluminados pelos holofotes da torre de controlo onde se encontravam os camaradas “controladores” que sabiam de facto o que estava a acontecer, pensávamos nós.
Nessa altura, Luanda decidiu assumir o controlo da situação ordenando à torre de HC que se calasse. A partir dali era o comando da 2ª Região Aérea que tomava conta da situação. O alto comando achava que a situação era grave. Era o momento dos generais tomarem conta da situação. Tratava-se de um caso de segurança nacional e assim foi.Provavelmente terá sido nessa altura que Luanda (algum general zeloso) terá pensado em pedir auxílio aos “primos”(sul-africanos) que com os seus Camberra detinham a tecnologia de ponta que nos faltava para detectar o inusitado ataque.
Ouvi dizer que os F84, da BA9 terão sido postos em alerta, mas não sei se chegaram a descolar. Acho que não.


O que sei é que nesse entre tempo o OVNI alaranjado que pairava no horizonte baixo sobre a porta de armas foi subitamente ofuscado por uma névoa que se levantou e dissipou em pouco menos de meia hora. Finda a dita, a tal luz alaranjada desapareceu mais subitamente do que tinha aparecido. 
Simultaneamente o OVNI que pairava (segundo o Pilas) a 60 mil pés à vertical da base perdeu o fulgor. Os outros dois OVNIS em que não reparei de todo devem ter desaparecido igualmente. Devo dizer neste ponto da história que só me lembro de dois OVNIS, embora me recorde esparsamente, de que no murmúrio do ajuntamento se falar em quatro. Entretanto as horas foram-se passando. Seriam já uma onze da noite, ou mais e perante o desvanecimento dos céus e das luzes cada um foi à sua vida. Afinal o ataque dos marcianos não se tinha concretizado. Que chatice!...
Entretanto, vim a saber mais tarde, que o OVNI que pairava à vertical de HC, não era mais do que Canopus, uma estrela da constelação do Cão Maior que pairava bem mais alto do que os cálculos do “Pilas”. 
Estava não a 60 mil pés, mas provavelmente a 60 mil anos-luz. Bem mais distante do que a nossa imaginação dos 19 anos de idade pensaria possível. O facto de a humidade relativa na altura ser maior do que o usual, funcionou como lente fazendo com que Canopus se apresentasse aos nossos olhos inexperientes e sempre expectantes perante maravilhas nocturnas. Por seu turno o flamejante OVNI que surgiu e desapareceu no horizonte sobre a porta de armas não era mais do que o planeta Marte que nessa época do ano faz uma órbita baixa surgindo pouco depois do sol-pôr e desaparecendo a seguir. 
O mesmo efeito de lente provocado pela humidade fora do usual fez com que “planeta vermelho” brilhasse mais e consequentemente captasse a atenção sobre um astro que surgia diariamente, mas em que nenhum de nós reparava. A bruma que se levantou fez com que o planeta vermelho desaparecesse dos nossos olhos ainda mais depressa do que o costume. O facto foi anómalo, mas não passou de uma super coincidência de fenómenos atmosféricos. Finalmente o último mistério, que era a estação de rádio chamando “palhota”, também se resolveu. Afinal tratava-se da torre de controlo da Beira (Papá) que chamava um outro posto qualquer em Moçambique designado “palhota”. 
As mesmas condições meteorológicas que tinham ampliado o brilho de Canopus e Marte, igualmente tinham ampliado as condições de recepção rádio em Angola das comunicações do lado oriental de África. Quarenta anos depois irrita-me que Canopus e Marte não fossem os helicópteros experimentais do Aníbal, ou as armas secretas de Moscovo do Macedo, a pairar sobre nós. Por isso devo dizer a terminar que o que continua a bailar sobre a minha imaginação são os inexplicáveis OVNIS que de facto pairaram nessa noite indelével sobre o Aeródromo Base Número 4, algures nos céus extraordinários do Leste de Angola dos idos da década de 70. Não sabia que esse auxílio tinha sido pedido, mas não me custa acreditar já que o Aníbal (MMA), que diz ter ouvido que os OVNIS seriam helicópteros experimentais o afirma. E o Anibal não discorria em vão, nem o repetiria hoje sem citar fonte credível. 
Deixem-me dizer que o Aníbal, para além de exímio xadrezista, que se confrontava comigo nesta matéria e ganhava muitas vezes (eu também ganhava algumas, diga-se de passagem) era já veterano da guerra nessa altura e lia muito, que não só os jornais. Sabia como estava situação em Angola e no resto do mundo, porque também lia a “Vida Mundial”.
PS – Continuo a não saber bem em que ano foi, mas vou confirmar à minha caderneta militar que tem tudo.
João GuedesMMA

No tempo em permaneci no AB4, fui sempre o responsável pela linha da frente como mecanico de radio, ficando depois o Prates, quando vim para o "Puto" .(nunca fiz destacamentos, só algumas operações e recolha de aviões que cairam, como o do Anibal)
Isto para vos dizer, que confirmo tudo o que a ANIBAL descreve, não me recordo é da data mas recordo como fosse hoje o desassossego que houve nessa noite e nos dias seguintes.
Ainda hoje, não sei defacto o que realmente era aquele brilhar.
Também me lembro, que foi pedido auxilio, não me recordo se a Luanda se ao Luso, pelo peri-pi-pi. auxilio esse que nunca chegou pois com o passar das horas o tal brilhar desapareceu.
BaptistaMRAD

A todos os camaradas que contribuiram com a sua visão sobre o assunto um obrigado.

Por: Aníbal de OliveiraMMA

Fonte: http://ab4especialistas.blogspot.pt/2010_08_01_archive.html


Guiné 63/74 - P15090: (Ex)citações (290): Que ele havia, no meu tempo, coisas estranhas no céu, havia... Se eram aeronaves inimigas ou ovnis, não sei... (Henrique Cerqueira, Bissorã, 1972/74; Alcídio Marinho, Xitole e Bafatá, 1963/65)

Nessa altura,  julho de 1963,  estava eu destacado no Xitole em reforço do Pelotão Independente, não me recordo o dia, fomos fazer uma incursão na região de Mina, quando ouvimos o troar dum F-16 (Sabre) e o alferes Cardoso Pires ordenou que precisavámos de nos deslocar rapidamente para uma clareira pois podíamos ser confundidos com turras.

De facto, o piloto viu qualquer coisa em baixo e voltou a passar rente às árvores para verificar e fez a manobra de balouçar as asas, confirmando que nos tinha reconhecido. Passado pouco tempo ouvimos um troar doutro jacto,  vindo de sudeste, da direcção da Aldeia Formosa. Fizemos a manobra anterior, mas qual é o nosso espanto que o aparelho era totalmente diferente, dirigia-se na direcção do Fiofioli, mas de repente fez uma curva rápida e desapareceu para Sul.

Quando chegamos ao Xitole mandamos um rádio informando o sucedido.

Também no fim de maio desse ano,  num patrulhamento, com actividade diurna e nocturna, na região da Ponta do Inglês, eram cerca da 11 da noite e ouvimos o barulho dum heli, que pairava com uma potente luz apontada para baixo... De repente vimos que baixava, comunicámos rápido para Bafatá, informando o facto. Passada cerca de meia hora levantou e seguiu para Sul.

Mais tarde,  já em setembro ou outubro de 1964, estávmos em Catacunda-Norte, perto de Fajonquito, também perto das 11 da noite,  ouvimos um hélio,  vindo de norte (Senegal), vinha em nossa direção, de repente virou em direção oeste para a região de Cambaju Grande e Banjara. Dizíamos Cambaju Grande para distinguir da tabanca Cambaju que ficava na estrada entre Fajonquito e Colina do Norte, junto à fronteira do Senegal.

Claro que estes aparelhos não podiam ser nossos, pois a nossa Força Aérea não circulava de noite. A única vez que vi atividade aérea, foram um Dakota e uma Auster ou Dornier que vieram buscar uns feridos a Bafatá, já perto das 10 da noite, pois tivemos que fazer a segurança à pista e colocar garrafas de cerveja com mechas acesas.

Normal era actuarmos em sintonia com os T-6 em muitas operações.

Alcidio Marinho
ex-fur mil
CCAÇ 412 - 3º Pelotão
9 abr 1963 / 29 abr 1965





Na noite de 28 de dezembro de 1964 um forte feixe luminoso
irrompeu pelo cockpit do avião do Tenente-Coronel Carlos Marques
Pereira, cegando-o e o deixando a ele e restante tripulação surpreendida durante um voo de rotina em Angola.





Existem histórias de avistamentos incríveis por parte dos militares daquela época.
Um desses combatentes, militar de um grupo de caçadores relatou que todo o seu pelotão foi surpreendido ao observar uma estranha aeronave de dimensões gigantescas, sem produzir qualquer ruído, voando baixinho deixando todos os homens alarmados para estranho fenómeno desconhecido.
Todos os homens deitados e abrigados no chão, observavam intrigados, sem saber se o objeto era amigo ou inimigo.
Desse objeto colossal, sai um segundo objeto, que desce ao solo e recolhe alguma, areia, plantas, solo em concreto.
Após alguns minutos este pequeno objeto se eleva para o interior do primeiro se afastando do local velozmente.
Estupefactos ficam todos os militares ao ver algo de extraordinário guardando na memória algo inesquecível.

Histórias destas existem ainda guardadas a sete chaves, mantidas ocultas no domínio público.
Algumas mantidas certamente em total secretismo militar e governo daquela época.

O UFO Portugal pretende trazer a público todas estas histórias através dos ex combatentes da guerra colonial. 




Luzes inexplicáveis no céu de Luanda

Remonta a África e aos anos 60 uma das mais intensas e estranhas experiência de vida de Carlos Alberto Feliciano Marques Pereira, piloto e ex-tenente-coronel da Força Aérea Portuguesa.

Quando foi colocado em Luanda, o militar tinha como principal missão comandar um destacamento de dois aviões Lockheed P2 VS, também conhecidos por Neptunes.

Estes aviões, «extremamente avançados para aquela época», con­ forme faz questão de frisar o ex-piloto, eram modelos bimotor, de asa média e trem retrátil, especialmente cedidos pela Nato ao exér­ cito português na Guerra do Ultramar para patrulha naval e luta anti submarina.

Por isso, a tarefa principal de Carlos Pereira em Angola era preci­samente percorrer a costa angolana de norte a sul, até uma determi­nada distância de terra, para detectar e identificar todos os navios ou submarinos que circulassem pela zona. «Para sabermos para onde iam e o que faziam, e mapear, dia a dia, a sua posição, rumo, veloci­dade, etc.», explica.

E no contexto da guerra, não seria de admirar que os que mais interessavam à marinha e à aviação portuguesas eram os navios Elint soviéticos. «Quando passávamos por eles durante a nossa rota para norte ou para sul, era vulgar vê-los a pairar com a linha de água bastante acima, o que significa que estavam carregados. Algumas horas depois, quando voltávamos a passar, no regresso à base, os mesmos navios tinham por vezes a proa toda levantada e grossos tubos que, saindo do convés, mergulhavam no mar... por isso, desconfiávamos sempre do que estavam ali a fazer e o que estavam a descarregar, sem transbordo de cargas exequível, pelo menos pelos meios normais. »

Além das cargas suspeitas, multiplicavam-se outros episódios que mantinham os militares atentos às movimentações destes navios.

«Uma fragata do Comando Naval em serviço na zona começou a detectar repetidamente ecos no sonar, consistentes, móveis e metá­licos, que o navio conseguia identificar e rastrear durante horas.» Ou o aspecto da areia das praias próximas das zonas de contacto, pequenos veículos mecanizados que entravam ou saíam no mar», recorda, alegando que todos os dados apontavam para a presença de «um submarino, provavelmente soviético», em águas territoriais de Angola, que prestava auxílio aos guerrilheiros.

«É curioso que este tipo de ocorrências, as quais eu informava sempre superiormente, parecia não interessar muito aos meus che­fes, que provavelmente já tinham problemas que chegassem com a própria guerra, os terroristas, a colaboração com o exército, etc... », comenta o antigo tenente-coronel.

Mas essa era uma descontracção que estava prestes a acabar... mais concretamente no fatídico dia 28 de dezembro de 1964. Visto que a alvitrada presença de um submarino soviético tão perto das águas territoriais angolanas representava um ato agressivo em termos de significado bélico para Portugal, foi delineada uma estratégia de intimidação.


O almirante ordenou então ao tenente-coronel Carlos Feliciano Pereira que largasse uma carga de explosivos (bombas de profundi­dade) no mar que servisse para mostrar aos russos o descontenta­mento luso com as suas manobras de aproximação, mas que fosse «suficientemente subtil para não desafiar a União Soviética»: Afinal, Portugal já tinha problemas que chegassem!...

A missão seguiu esse plano inicial, em que o Neptune de Carlos Pereira deveria apoiar a acção da marinha: durante a noite, a fragata tentaria localizar a presença do submarino com o seu sonar, enquanto o avião pilotado por Carlos Pereira, com mais oito homens na tripu­lação, deveria permanecer a sobrevoar discretamente as imediações, com rádio, luzes, radares ou quaisquer outros instrumentos electróni­cos apagados para que não fosse detectada a sua presença.

«Se a fragata identificasse o lugar onde estava o submarino, o avião deveria voar imediatamente para o local indicado e iluminar com o farol de 3 000 000 velas se o submarino estivesse visível ou, caso contrário, tentar rastreá-lo por outros meios. Quando a situação estivesse bem definida, a fragata deveria distanciar -se e largar umas cargas de profundidade. Parecia ser a estratégia mais adequada para o caso», salienta o ex-militar.

O fator surpresa, pelo menos, estava garantido «pelo facto de nunca ter havido, antes ou depois, nas nossas guerras em África, alguma operação parecida». Mas o futuro próximo iria ser ainda mais original...

« Voámos no mais total silêncio e na escuridão, tal como era suposto, só se escutando de vez e quando uma ou outra indicação na interfonia, entre o navegador e o piloto. Os oito elementos da tripulação do P2 V5 aguardavam tranquilamente nos seus postos, prontos para operar os respetivos equipamentos», recorda agora, aos 77 anos, sentado na sala de jantar da sua casa junto ao mar, o ex-tenente-coronel, com as mãos pousadas nas fotografias que naquela época tirou junto aos Neptunes da Força Aérea.

«Passado algum tempo, avistámos, para o lado da costa, duas luzes, uma vermelha e outra verde, que ora se aproximavam uma da outra ora se afastavam. Parecia uma dança. Estranhando aquele tráfego naquele lugar e aquele comportamento tão invulgar, resolvemos quebrar o silêncio e usar o rádio para perguntar ao controlo de Luanda se tinha conhecimento de tal situação, a qual, acontecendo aparentemente à nossa altitude, representava um perigo real. O con­trolo respondeu-nos que desconhecia totalmente a presença de outras aeronaves naquela região! Fizemos a mesma pergunta à torre de Luanda, da qual obtivemos exactamente a mesma resposta .»

Para não prejudicar a missão, Carlos Feliciano Pereira e os seus homens prosseguiram o voo, agora com atenção redobrada. «Era a minha primeira missão como comandante e obviamente que não queria que nada falhasse», observa o ex-militar, que pouco depois do 25 de Abril de 1974 deixou a Força Aérea em prol da aviação civil.

Até que o navio enviou a esperada mensagem flash, ou seja, para agir com prioridade máxima, com o código e a posição. A fragata estava finalmente em contacto com o submarino que tanto intrigara os militares portugueses e, por isso, Carlos Pereira deveria dirigir­-se imediatamente para lá.

«Ligámos então o potentíssimo radar do avião, que atingia até 300 quilómetros em toda a nossa volta, ace­lerámos os motores ao máximo e avisámos o navio de que nos iría­mos dirigir imediatamente para lá. O radar começou a varrer tudo rendez-vous em menos de 10 minutos.»

«Passado algum tempo, avistámos, para o lado da costa, duas luzes, uma vermelha e outra verde, que ora se aproximavam uma da outra ora se afastavam. Parecia uma dança. Todos os homens viram aquilo. Era, aliás, impossível não ver. Por instinto, guinei o avião para a esquerda, para evitar o choque.»

A «luz» tinha então parado instantaneamente mas ficara muito próxima do avião e da tripulação portuguesa («parecia a uma dis­tância de mais ou menos 50 metros»), muito nítida, com um cír­culo de luz branco e azul, sem detalhes. O avião continuava todo iluminado por dentro e o detalhe mais intrigante é que, apesar de Carlos Pereira continuar a voar em círculo, o objecto dava a sen­sação de manter sempre e exactamente a mesma equidistância em relação ao Neptune.

A situação era muito estranha . «Aquilo não seria uma coisa exe­quível para um outro aparelho, a não ser que fizesse parte de nós. Por esta altura, dois ou três dos tripulantes disseram qualquer coisa no interfone que já nem me lembro, nem sei se percebi muito bem.

Escu­sado será dizer que um episódio desta intensidade e natureza gerou grande agitação entre a tripulação. Todo o episódio terá durado uns 30 segundos. Mas 30 segundos é muito tempo quando não se conse­gue explicar o que se está a viver. Depois a "coisa" afastou-se a urna velocidade fantástica, até desaparecer completamente. Ninguém mais falou dentro daquele avião. Ainda hoje, nada me tira da cabeça que foi no momento que ligámos o radar que provocámos tudo aquilo», recorda Carlos Pereira.



A seguir o Neptune cumpriu exactamente aquilo que estava pre­visto para a sua missão, dirigiu-se para o ponto indicado pela fragata que, julga o tenente-coronel, terá chegado a lançar ao longe as cargas de profundidade.

O avião, por seu turno, nunca obteve qualquer contacto suspeito com o alegado submarino que rondava a costa.

Mas a saga de Carlos Feliciano Pereira não fica por aqui. Enquanto militar, Carlos Feliciano sentia a impreterível necessidade de relatar superiormente tudo o que acontecera naquela estranha noite. Mas aqueles não eram factos fáceis de contar, sobretudo para quem acabara de chefiar a sua primeira missão operacional e não um mau juízo junto dos superiores.

«Começando a sentir as dificuldades que iria enfrentar ao reportar o incidente, dei ordem a todos os homens para não comentarmos o assunto antes de voltarmos a pôr os pés em solo firme. Depois de aterrarmos, cada um faria um relatório individual, pessoal e independente, para que as perspectivas de um não contaminassem as dos outros.»

E de facto assim aconteceu. Nas instalações da esquadrilha, cada um dos militares redigiu o seu relato sobre os acontecimentos insó­litos daquela noite em separado, mas no final as versões eram quase idênticas. Carlos Feliciano Pereira também escreveu à máquina o seu relatório confidencial de cinco páginas, que ainda hoje guarda em casa e mostra a quem lhe pergunta pelo caso.

Ao pegar-se no velhinho papel-manteiga, salta à vista o carimbo a vermelho de «confidencial» e o croqui que o comandante elaborou sobre a posição e o trajecto desenhado pelo seu avião. No texto, nota-se a tentativa de minimizar a espectacularidade e a emoção dos factos...

Naquele dia, o piloto juntou então os oito relatórios, mandou os seus homens descansar e dirigiu-se à chefia. Mas, para ele, a parte mais difícil ainda não tinha chegado. «Aguardei pela hora de começo do serviço e logo cedo dirigi-me ao gabinete do comandante de Grupo onde, remetendo-me ao silêncio, lhe entreguei o conjunto dos rela­tórios produzidos pela esquadrilha, com um misto de receio e prazer maldoso, acrescentando apenas que lamentava muito aumentar-lhe ainda mais as preocupações», conta Carlos Pereira.

Ouvindo aquilo, o comandante começou prontamente a ler os documentos, com um semblante sério. A determinada altura fitou profundamente o olhar do jovem tenente-coronel que tinha à sua frente e que acabara de liderar a sua primeira missão operacional.

«Parecia que estava a avaliar a minha sanidade mental, com aquele olhar. Ficou de estudar o assunto e decidir-se sobre o respectivo enca­minhamento para instâncias superiores. Foi assim que nos despedi­mentos», recorda Carlos, 50 anos volvidos sobre o episódio que o marcou para sempre.

As reacções, todavia, não se fizeram tardar. E vieram como requintes de entusiasmo e excitação, para grande surpresa do oficial.

Horas depois, Carlos Feliciano Pereira foi novamente chamado com ordem de urgência ao gabinete de comando da base para se apresentar ao Comando da Região Aérea.

«Aí fui recebido pelo general e pelos elementos do seu Estado­-Maior numa grande excitação e fui alvo de muitas e curiosas pergun­tas. A minha tensão, porém, só abrandou verdadeiramente quando o próprio general se dirigiu a mim referindo que muitos anos antes também ele tinha sido testemunha de um episódio igualmente intri­gante e inexplicável, de contornos muito parecidos com aqueles que eu próprio tinha vivido! Durante muitos anos nunca contei estes detalhes mas agora, quando já se passou tanto tempo, acho que já não há problema», confidencia o ex-militar que poucos anos depois daquele episódio saiu da Força Aérea.

Esgotada a conversa com os superiores, o tenente-coronel regres­sou imediatamente ·ao seu posto mas, ainda assim, carregava na alma alguma preocupação: o desempenho da esquadrilha tinha sido muito positivo até à data mas aquele relatório poderia vir a tornar-se incómodo para os comandos superiores. Mas, o que fazer? Os dados estavam lançados e não havia maneira de o jovem coronel retroceder no tempo e mudar os acontecimentos daquela noite. Por isso, intimamente, foi-se preparado para eventuais rea­cções negativas.

Passaram-se 48 horas sem quaisquer notícias. Apenas a rotina da guerra tomava conta dos dias dos militares mobilizados para o con­flito em Angola. Até que no final do segundo dia, Carlos Feliciano Pereira voltou a ser chamado com carácter de urgência ao Comando da Região: «À chegada fui imediatamente recebido pelo general, de quem já não me recordo o nome, e companhia, desta vez quase sor­ridentes. O que se teria passado durante aquelas horas? Eu estava bastante curioso sobre o que tinham para me dizer.»

Em cima da mesa estava pousado um telegrama, conspícuo, meio amarrotado e misterioso. «Olhei-o de soslaio mas nem sequer tive tempo para especular com os meus pensamentos. Era um telegrama da Administração de Cabinda, a cerca de 900 quilómetros de Luanda», suas linhas escorreitas eram, no mínimo, surpreendentes...

Dois dias antes, precisamente à mesma hora em que a tripulação do Neptune tinha sido aturdida pelas indesvendáveis luzes do espaço, o administrador de Cabinda e um grupo de amigos tinham saído para o mato pela calada da noite para uma das suas tradicionais caçadas africanas.

«De súbito, no mato de Cabinda, e para grande susto de todos os presentes, tinha descido sobre a floresta próxima uma grande bola de luz branca e azul... Administrador e companhia ficaram escondidos debaixo de uma árvore... até que a luz desapareceu subitamente», conta o piloto. Ora estes factos aconteceram precisamente uma hora depois da referida pelo relatório redigido pelos militares.

A coincidência (ou algo mais) saltava à vista nas parcas palavras do telegrama. «Daí o regozijo dos meus superiores e, tenho de confes­sar, a razão do meu grande alívio também. Nunca soube se as infor­mações contidas naqueles relatórios foram alguma vez partilhadas com hierarquias superiores.

Nunca soube se houve conclusões a nível nacional ou internacional. Ou se os acontecimentos daquela noite alguma vez chegaram aos ouvidos de Salazar. Se calhar não houve sequer conclusões, como tantas vezes acontece... Talvez eles próprios não o soubessem ou então não me revelaram os seus trâmites, o que também era um sinal claro de que aquela conversa sobre ovnis tinha chegado ao fim», admite.

Carlos Feliciano Pereira continuou a voar tranquilamente até che­gar o dia de finalmente regressar a casa, a Lisboa. Durante o resto do tempo em que esteve no Ultramar, tanto ele como o resto da esqua­drilha não tiveram qualquer percalço e muito menos outro «encontro imediato» de qualquer grau.

Também os navios ELINT não ficaram intimidados pelas mano­bras da Marinha naquela noite, tanto que continuaram a aparecer e a fazer as suas manobras suspeitas...

Por duas vezes no decorrer daquele mesmo ano, Carlos Feliciano Pereira foi louvado pelos bons serviços prestados à pátria. Os ele­mentos da sua tripulação ficaram para sempre ligados por fortes laços de camaradagem, tanto por causa dos eventos acima relatados como de outras experiências de vida e de guerra que passaram juntos.

«Quanto acontece encontrar alguém daquele grupo, sinto uma amizade recíproca forte, apesar de já terem passado tantos anos. No entanto, é curioso... nunca mais ninguém falou do episódio daquela noite», confessa Carlos.

Ele, por seu turno, passou muitas horas da sua vida a tentar perceber o que efectivamente se passou. «Tenho para mim algumas conclusões que julgo mais possíveis que outras. A primeira delas leva-me a crer que fomos interceptados e investigados, intencional­mente, por algo inteligente. Também não creio que se tratasse de nenhum engenho secreto de nenhuma das superpotências porque se o fosse, esses países não esperariam tanto para tirar as respectivas vantagens políticas e estratégicas.


Em relação a aspectos concretos do que aconteceu naquela noite, há ainda uma coisa que não me sai da ideia: desconfio que o que causou tudo aquilo foi o facto de termos ligado o nosso potentíssimo radar, num momento em que ninguém sabia que estávamos ali. A radiação subitamente emitida poderá ter sido considerada um sinal de agressividade por "algo que andasse por ali", daí termos depois sofrido aquela "inspecção", ou seja, aquela luz fortíssima que iluminou todo o avião pode ter sido motivada pela acção do nosso radar», recorda o ex-tenente-coronel Carlos Feliciano Pereira.

Mas como em quase tudo na vida se consegue extrair uma nota de humor, também há detalhes que ainda hoje fazem sorrir Carlos Pereira com bonomia. «Um oficial superior, que pertencia ao staff do general e que por acaso era de todos eles o que tivera a reacção de maior entusiasmo, no meio de toda aquela excitação disse algo tão sensato quanto isto:

 - "Foi uma pena que vocês não tenham partido logo para cima da coisa, agressivamente." Curiosamente foi o mesmo que alguns meses antes desse nosso encontro, ao tomar conhecimento de que andávamos a tentar perseguir e abater um helicóptero que passava a fronteira para abastecer o inimigo, nos sugeriu:

- "Ó pá: vocês são um avião grande... Metem-lhe uma asa e entor­nam o gajo!"»


Carlos Feliciano Pereira conta amiúde a sua história, sempre que a memória lhe é requisitada entre amigos.

Nos arredores de Lisboa, na sua casa perto do mar, guarda ainda as cópias do relatório que levou a palavra «confidencial» a carimbo vermelho e enigmático e as fotos do Neptune que pilotava nessa noite:

«E quase sempre me perguntam por que é que eu não tentei saber mais, porque não exigi que me dissessem qual tinha sido o curso das investigações. É difícil explicar.. . talvez tenha tido que ver com a própria atitude de contenção que se exigia a um militar e pelo facto de estarmos em guerra e de haver preocupações e pro­blemas muito mais urgentes.

Mas eu agora tenho pena de não ter perguntado mais...

Matéria extraída do livro "OVNIs em Portugal", uma investigação de Vanessa Fidalgo, com a participação do UFO Portugal Network em alguns casos no seu fantástico livro.

Imagens extraídas do Google.

Livro OVNIS em Portugal de Vanessa Fidalgo

O UFO Portugal Network tem vindo a fazer um grande esforço no sentido de recolher incidentes desta natureza envolvendo militares portugueses na Guerra Colonial com o fenômeno OVNI.

Se tiver conhecimento de alguma história de um familiar, parente próximo, amigo durante o tempo de missão na guerra poderá nos fazer chegar a informação através do e-mail ufo_portugal@sapo.pt

Se tiver interesse em continuar com estes incidentes durante a guerra, poderá também gostar do incidente BA4 

11 comentários:

  1. Esta é somente uma ponta do iceberg.
    Já durante a guerra do Vietnã acontecia o mesmo.

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  2. Respostas
    1. Ema graças à MUFON ficamos a saber que durante a guerra do Vietname os militares foram atacados por OVNIs.

      https://youtu.be/jwYWkytVllY

      https://youtu.be/9caqm346Bqs

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  3. Boa iniciativa Nuno.
    Na Força Aérea já sabemos que há casos e os mais importantes estão documentados.
    Nas tropas no terreno as coisas são mais raras.
    Pessoalmente no caso exposto e sendo o meio militar um meio em que a brincadeira e o gozo co os camaradas é diário, não me admira que teha havido um aproveitamento das observações para gozar um pouco com o "AIKAMOCA". A sua natureza stressada e de querer fazer bem era certamente um dos alvos de partidas dos colegas.

    No entanto os relatos iniciais dos sobrevôos são com certeza reais.

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    1. No meu ponto de vista estes e outros casos em que envolve ex combatentes, merece uma especial atenção.
      As pesquisas são demoradas, muitas horas perdidas com muito pouco resultados até ao momento.

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