quinta-feira, 15 de maio de 2014

Ainda não estamos prontos para o contato

Por - Salvador Nogueira ( http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br )

A humanidade não está pronta para fazer contato com vida extraterrestre. 
Essa é a conclusão a que chegou o neuropsicólogo Gabriel De la Torre, da Universidade de Cádis, na Espanha, com base em entrevistas feitas com 116 estudantes universitários da Espanha, dos Estados Unidos e da Itália.


O trabalho, recém-publicado no periódico “Acta Astronautica”, sugere que os terráqueos ainda têm muito a aprender para desenvolver o que De La Torre chama de uma “consciência cósmica”.
“Nosso estudo empírico mostra uma deficiência de conhecimento astronômico e relacionado ao espaço entre os participantes da nossa amostra, mas suspeitamos que esse seja um efeito generalizado”, escreve o espanhol.
“É interessante notar que as comunicações globais atuais não parecem afetar nossa consciência global ou cósmica.
Com base nos resultados de nosso estudo, a maioria dos fatores transcendentes para preocupações existenciais continuam a estar relacionados com a religião em vez de a ecologia ou a cosmologia.”

Sem meias-palavras, o estudo mostra que o ser humano, na média, ainda é muito ignorante e supersticioso para lidar com o conceito de vida fora da Terra.
Osso duro de roer, não?

Você pode achar que essa é uma preocupação meio precipitada, uma vez que ainda não encontramos nem uma mísera bactéria alienígena, que dirá uma civilização extraterrestre.
Mas vamos combinar que isso pode mudar do dia para a noite.
Não mais que de repente, a Nasa pode descobrir algo espetacular em Marte, ou os esforços de busca por sinais de rádio alienígena podem finalmente ouvir uma transmissão de outra civilização nas profundezas do espaço.
E aí, o que acontece?


Essa é a preocupação de De la Torre. Não é a primeira vez que o espanhol tenta se manter um passo adiante de um problema cósmico.
Ele participou, por exemplo, do projeto Mars-500.
Conduzido por russos e europeus para testar os efeitos psicológicos de uma viagem tripulada a Marte, o esforço simulou todas as etapas da jornada para ver se humanos não ficam zuretas depois de mais de um ano em isolamento completo, numa apertada espaçonave.

Caso os “simulonautas” ficassem todos malucos, saberíamos que a melhor ação seria evitar uma viagem a Marte e pronto. (Felizmente, eles não ficaram malucos.) Mas essa não é uma opção no caso de um contato com uma civilização alienígena.
Quais seriam os resultados de um contato?
Seria só mais uma notícia espetacular, esquecida no dia seguinte?
Ou a população global seria tomada por um frenesi religioso, interpretando a descoberta como um sinal do fim do mundo ou alguma outra coisa que levasse a um mergulho ainda mais fundo na superstição?
Ou será ainda que o contato nos levaria a fazer uma releitura de nosso papel no cosmos, talvez para melhor?

Não dá para saber.
Mas é justamente para evitar os piores desfechos que muitos comunicadores de ciência — dos quais o maior representante com certeza foi Carl Sagan — tentam há tempos aumentar nosso nível global de “consciência cósmica”.
Ou seja, fazer a humanidade perceber que estamos muito longe de ser o centro do Universo, e ao mesmo tempo nos oferecer um renovado senso de reverência pelo cosmos que habitamos e, com toda probabilidade, compartilhamos com outros seres inteligentes.

A questão é: será que isso explica por que ainda não fomos contatados?

PRIMEIRO CONTATO

SETI
É uma coisa pouco comentada entre os defensores da pesquisa SETI (sigla inglesa para “busca por inteligência extraterrestre”).
Para detectar um sinal, é preciso que a civilização alienígena esteja enviando transmissões exatamente em nossa direção.
Ou seja, eles precisam querer nos contatar.

Os esforços atuais (e poucos) na chamada SETI ativa — em que nós enviamos sinais na direção de outras estrelas, na esperança de, em algumas décadas, receber uma resposta — sugerem que essa transmissão pode ser feita a esmo, sem saber se há alguém lá que possa nos ouvir.
Mas isso não faz muito sentido para alienígenas que, presumivelmente, têm mais tecnologia que nós — ainda que não muito mais.

A própria humanidade está no limiar de desenvolver instrumentos capazes de caracterizar planetas fora do Sistema Solar e, quiçá, identificar neles sinais de vida. Será que o passo seguinte será encontrar sinais de vida tecnológica?
Será que, num horizonte de 100 anos, teremos a capacidade não só de detectar oxigênio, vapor d’água e clorofila num mundo alienígena, como também poderemos identificar, por exemplo, as luzes artificiais de cidades extraterrestres?

É bem possível.
E isso por sua vez implica que é improvável que os extraterrestres transmitam um sinal para nós a estamos, sem ter pelo menos uma vaga ideia de que tem alguém aqui na Terra capaz de a escutar.
Eles podem estar nos espiando nesse exato momento. (Os fãs de ufologia acham até que eles fazem isso pessoalmente, em espaçonaves, mas aí já é algo que foge ao escopo da ciência.)

Por outro lado, qual critério seria adotado por uma civilização alienígena para a busca de contato?
Será que eles simplesmente usam como critério a longevidade?
Olham para a Terra e pensam: “Bem, aí está um mundo com criaturas inteligentes.
Se elas permanecerem por lá nos próximos cem anos e sobreviverem, talvez valha a pena nós os convidarmos para tomar parte na Sociedade Galáctica.”

Ou despacham espaçonaves, a despeito das incríveis dificuldades envolvidas no voo interestelar, para nos ver de perto e medir nosso nível de “consciência cósmica”?

Na clássica franquia de ficção científica “Jornada nas Estrelas”, o primeiro contato só é permitido uma vez que uma civilização adquire capacidade de voo interestelar — ou seja, só quando o contato é inevitável. Será que seria esse o critério adotado por possíveis alienígenas?

Essa ideia de que os extraterrestres estão lá fora, mas deliberadamente evitam contato com a humanidade, é genericamente conhecida como “hipótese zoo”.
É como se vivêssemos numa reserva ambiental, enquanto os alienígenas esperam que estejamos prontos para nos juntar a uma comunidade multiplanetária.

VOLTANDO AO CHÃO

Talvez tudo isso não passe de vãs especulações, e não existam extraterrestres inteligentes num raio de mil anos-luz ou mais. Caso isso seja verdade, é bem possível que jamais passemos por uma situação de contato.
Pelo sim, pelo não, De la Torre indica o que devemos fazer para nos preparar.
Para ele, todo projeto SETI deveria vir acompanhado de um forte componente educacional — um esforço para ensinar a tantas pessoas quantas for possível que somos habitantes de um pequeno globo em meio a um Universo infinitamente vasto, um oceano cósmico que pode ainda ter muitos outros planetas habitados.

Bem, o Mensageiro Sideral não poderia concordar mais.
Este blog nada mais é que um multiplicador de “consciência cósmica”.
O ser humano encontrou na ciência um mecanismo poderosíssimo para a investigação do mundo natural e seria criminoso restringi-lo a uns poucos “escolhidos”, deixando o resto à mercê do obscurantismo e da ignorância.
Mesmo que nunca façamos contato com outras inteligências no Universo, não pode haver mal em tentarmos expandir a inteligência por aqui mesmo.
Vamos nessa?

Ufo Portugal - Será que esse contato não existe já?!!

2 comentários:

  1. Qual era o maluco que queria ser amigo de uma espécie que auto-se destrói?
    Somos a pior espécie no planeta.

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  2. Somos o único ser que cospe na água que bebe.

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