Nesta secção vou narrar alguns casos ocorridos no Algarve.
É importante referir que, seja em que região for, em Portugal ou no mundo, existem casos que não são reportados às autoridades seja porque as testemunhas não dão demasiada importância ao assunto, seja porque têm medo do ridículo, seja por outra razão qualquer.
Pessoalmente conheço diversos em que isso acontece: as testemunhas “retraem-se” até porque muitas vezes aquilo que viram podia não ser necessariamente uma nave extraterrestre mas sim algo que ficou apenas no plano do “não identificado” o que já não é pouco.
Por ser algarvio, dei prioridade, nesta secção, a casos ocorridos no Algarve.
Os casos são extraídos do livro Ovnis em Portugal (1978) de Joaquim Fernandes da editora Nova Crítica, Porto.
Algoz, Concelho de Silves 10/06/1960
O Sr. Carlos Sabino, alfaiate de profissão, dirigiu-se a Algoz, como era seu costume, assistir à emissão de televisão, que poucas pessoas possuíam na altura, sendo mais comum existir nos sítios públicos: sociedades recreativas e cafés. Despreocupado com as horas na conversa com os amigos, quando deu por si já eram três e meia horas da madrugada e pôs-se a caminho de Silves. Acompanhado por um cão, de nome “Filipe”, fez-se à estrada naquela noite de Lua Cheia.
No sítio de Peras, a pouca distância da povoação, viu o que a princípio supôs ser um automóvel.
Logo se alarmou devido à intensa luminosidade que se desprendia do objecto, um disco voador, e agachou-se, cheio de medo atrás de uma moita, observando as manobras de seis pequenos humanóides, «homúnculos» como lhes chamou o Diário de Notícias do dia 13/06/60, à volta do aparelho. Quanto ao “Filipe”, o rafeiro que o acompanhava, “fugiu a bom fugir!”, assustado com o que presenciara.
Minutos depois o estranho objecto elevou-se na vertical e desapareceu. Carlos Sabino aproveitou essa oportunidade para correr para casa, mas a cerca de 50 m da sua habitação foi outra surpreendido por um objecto voador, talvez o mesmo, que vasculhava o solo com um feixe de luz intensa, finalmente, o objecto desapareceu para não mais voltar.
Durante muito tempo as pessoas da região comentaram esta estranha história, até porque, segundo diziam, Carlos Sabino, sempre se mostrou uma pessoa séria, “amiga da verdade” e, inclusive, nunca gostou de desenvolver muito o assunto acerca do que vira naquela noite.
O seu pavor era real e foi testemunhado por muita gente.
Rio Alvor, Concelho de Portimão
Agosto de 1976
João Marçano, pescador, e Jorge Vidal Marçano, estudante, remavam na Ria de Alvor, ao romper do dia, quando viram surgir um estranho objecto que ao deslocar-se emitia um zumbido, sendo esse zumbido o que primeiro lhes chamou a atenção.
O objecto deslocava-se de Noroeste para Este, tinha cor verde, forma de disco com diâmetro estimado entre oito e dez metros, encimado por uma cúpula e com “luzes intermitentes à volta”, deixava atrás um rasto de chamas.
O objecto deslocava-se a muito baixa altitude e dava a impressão de estar a contornar o terreno.
As testemunhas ficaram com medo à passagem do objecto e até baixaram-se no barco quando aquele passou por cima deles.
A duração total da observação foi de 20 a 30 segundos e terminou com o objecto a afastar-se a grande velocidade.
Praia da Quarteira 25/08/1976
Várias pessoas cujas identidades permaneceram anónimas referiram ter observado cerca da uma hora da madrugada do dia 25 de Agosto de 1976 um objecto luminoso que se deslocava a grande velocidade e a baixa altitude em direcção a sul nesta praia algarvia.
O OVNI, segundo disseram, apresentava muitas cores, sendo a mais frequente ou visível de todas, o vermelho e expelia jactos luminosos.
Depois da passagem do objecto voador, uma das testemunhas resolveu telefonar para o Aeroporto de Faro para indagar se havia ali conhecimento da aterragem ou descolagem de qualquer avião à hora em que o objecto foi visto.
Responderam que não, dado que as aeronaves que ali aterraram e descolaram o fizeram apenas até as 22 horas.
Alguns Casos Que Me Foram Relatados Pessoalmente
Uma senhora que conheço contou-me que viu um OVNI quando ainda era criança.
Era de aspecto metálico e tinha a forma clássica de disco com cúpula.
Vi que ela me descrevia aquilo que o Dr. Hynek chamava “objecto diurno” (é geralmente nesse tipo de visões que os objectos tendem a se apresentar “metalizados” sendo que à noite tendem a aparecer mais sob a forma de objectos luminosos).
Perguntei-lhe “você viu esse objecto de dia, não foi?” o que confirmou.
Ela tinha seis anos, viu o objecto e disse ao pai mas o pai não o viu a tempo ou não ligou.
O objecto desceu para uma quinta perto da casa deles e ela foi ver.
Teve que dar uma volta grande para entrar na quinta por causa de uma cerca e o objecto já não estava lá.
Perguntei-lhe se tinha deixado marca de aterragem.
Ela disse-me que sim e fez um reparo interessante: achou que o objecto era pequeno. Respondi-lhe que o tipo de nave que ela viu – o clássico objecto discóide, comum em 38% das observações segundo o Catalogo Poher (Scornaux e Piens, 1978) costuma ser de pequenas dimensões pois são, ou parecem sugerir, naves de reconhecimento; distinguem-se das “naves-mãe” das quais, por vezes, são vistos a sair, e que, geralmente, apresentam-se cilíndricas ou em “forma de charuto” sendo por isso frequentemente chamadas na ovnilogia de objectos em forma de charuto ou objectos-charutoides.
No tempo dela, e isto foi outra observação interessante que ela fez, utilizava-se pouco a palavra ovni.
“As pessoas usavam mais frequentemente a expressão disco voador”, realçou.
Numa das circunstâncias citadas acima uma senhora, mãe de um amigo meu, o seu marido, já falecido, entretanto, e amigos viram discos voadores.
Digo “discos voadores” porque em duas dessas circunstâncias os objectos TINHAM MESMO a forma de discos ou, como a senhora (não vou citar o nome dela) disse “pratos”.
Ela viu OVNIs em, pelo menos, três circunstâncias diferentes e da primeira vez o seu marido não acreditou nela pois não tinha partilhado a observação mas depois ficou surpreendido porque a notícia acabou por sair no jornal.
Em Portimão, a mãe e a irmã de um amigo meu viram, através da janela da sua casa, um objecto voador em forma de disco pairando por cima de um prédio vizinho e quase a aterrar em cima do mesmo.
Eram pessoas que nunca se interessaram muito pelo assunto dos OVNIs, antes e depois do acontecimento!
Estas são as verificações, que cada um pode fazer.
Se nos interessarmos o suficiente pelo assunto, e se formos intelectualmente honestos, as pessoas sentem-se à vontade para nos contarem as suas observações ou experiências com OVNIs.
Elas não vão contar – e compreende-se o porquê! – a quem não quiser acreditar nelas, estiver predisposto a negar ou a fazer troça do assunto.
A “troça”, diga-se de passagem, é um mecanismo de formação reactiva. Significa que a pessoa que está a ser “espirituosa” sobre certo assunto está a deixar que o lado emocional tome conta do assunto.
No fundo, as supostas implicações do assunto a incomodam.
Insisto em que existência de testemunhas reais e fidedignas permite que o fenómeno OVNI não possa ser encaixado na categoria dos boatos, rumores ou mitos urbanos, como o pretenderam certos autores que, no fundo, demonstram um conhecimento superficial da ovnilogia.
Tudo parece indicar, portanto, que “eles”, sejam quem forem e venham de onde vierem, andam aí (!)
Existe “qualquer coisa”, há um fenómeno a ser estudado.
Agora, resta saber o que é.