Em 2009, o então governo Lula iniciou um movimento para tornar públicos relatórios e documentos sigilosos sobre a aparição de objetos voadores não identificados no País. Encaminhou ao Arquivo Nacional mais de cinco mil páginas desses relatos, cujo prazo de 50 anos para manutenção do sigilo havia expirado. Em 2010, a Casa Civil baixou um decreto determinando que arquivos sobre o tema espalhados em diferentes órgãos fossem reunidos para posterior divulgação. Ainda há, porém, uma lista enorme de inquéritos, fotos, filmagens e depoimentos mantida em total segredo. Apesar de conhecida e informada nos anos 50 e 60, a existência de parte desta papelada é negada pela Marinha, pelo Exército e pelas Forças Armadas.
Essa situação inclui casos notórios. Um deles envolve a Operação Prato, que reuniu trinta militares para investigar as constantes aparições de objetos estranhos no céu da Amazônia entre 1977 e 1978. Os depoimentos armazenados em quatro fitas ainda não vieram a público. O mesmo ocorre com a documentação sobre a Ilha de Trindade, no Espírito Santo, cenário de uma suposta sequencia de aparições de discos voadores em 1958. À época, a Câmara pediu à Marinha acesso a todos os relatórios e fotografias. O então parlamentar Sergio Magalhães (PDT-DF) chegou a avisar publicamente que estava com o inquérito em mãos. Os relatórios, entretanto, não constam entre os que foram entregues ao Arquivo Nacional. “A Marinha não possibilitou o acesso. Sequer fazem referência ao que foi entregue. Cobramos respostas sobre o que temos certeza que existe”, desabafa o pesquisador Marco Antonio Petit. O Ministério da Defesa afirma não ter em seu poder os documentos que especialistas dizem que estão sendo omitidos.
Autor de pelo menos dois requerimentos enviados ao ministério pedindo acesso aos dados omitidos, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) resume o cenário: “Ainda persiste a nebulosa situação sobre o real tamanho dos arquivos e até onde o Comando está disposto a abri-los”. Mas qual seria a preocupação da Defesa? Militares ouvidos por ISTOÉ dizem que não existe interesse do governo em promover novas discussões sobre a existência ou não de extraterrestres. A não divulgação de documentos envolvendo o assunto seria uma maneira de garantir a ordem pública e evitar a instauração desnecessária de pânico, revelam as mesmas fontes. As explicações são rasas e não justificam o descumprimento de uma decisão já tomada pelo próprio governo. Embora questionável, esse controle procura imitar padrões já estabelecidos por países como Estados Unidos e Grã-Bretanha. “Nenhum governo ganha divulgando detalhes sobre operações desse tipo. Há muita coisa em jogo”, diz um militar de alta patente. houve um encontro entre ufólogos e os três comandos da Defesa. O debate foi uma oportunidade de esclarecer de uma vez por todas à população a necessidade da manutenção do sigilo das informações sobre os Óvnis no País.
FONTE: REVISTA ISTO É
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