quarta-feira, 22 de julho de 2015

Schauble e os extraterrestres

Francisco Mourão Corrêa "Exopolítica Portugal"
Onde há fumo há fogo. 
E que os OVNIs também são claramente um problema político.

Durante décadas (e ainda hoje), os OVNI (objectos voadores não identificados) e fenómenos associados, foram sempre ridicularizados, menosprezados, pelos menos oficialmente, uma vez que para além dos estudos que mencionei num outro artigo (A Arrogância do Desconhecido), só os "excêntricos" é que se interessariam por este tipo de fenómenos e a hipótese de sermos visitados por seres vindos de outros planetas.

Ora, a partir dos anos 70, com a implementação, nos EUA, da lei de liberdade de informação, que permitia ao comum cidadão solicitar acesso a documentação que não fosse de domínio público, foi tornado possível aos investigadores obter informação sobre OVNIs, até então, confidencial.

Leis semelhantes foram sendo aprovadas noutros países, e assim fomos assistindo, ao longo dos últimos anos, a várias nações, como o Brasil, Chile, Dinamarca, Espanha, Inglaterra, Nova Zelândia, entre outros, a disponibilizar relatórios e estudos sobre o fenómeno ovni. Apesar de negado e ridicularizado, afinal o tema parecia ter sido alvo de "curiosidade" por grande parte dos países.

O Reino Unido foi o país que, até ao momento, disponibilizou mais "informação".
O seu programa de desclassificação teve início em 2008 e terminou em meados de 2013, tendo ao todo sido tornados públicos 20.000 ficheiros, cada um com diversos documentos, mas que na sua maioria, e tal como seria de esperar, são demasiado vagos e com pouco interesse... chamemos-lhe "palha".

"Palha" e censura, uma vez que alguns dos documentos vêm com tracejados a preto, que inviabilizam a leitura da maior parte do conteúdo, e outros terão sido mesmo "filtrados" à desclassificação, o que até foi recentemente confirmado no caso dos ficheiros ingleses.

Ora, em 1969, nos EUA, o General Carrol Bolender ao encerrar o famoso projecto "Blue Book", afirmou que os casos ovni que envolvessem a segurança nacional (norte-americana), não faziam parte desse projecto (BB). Esta afirmação levanta, obviamente, uma série de questões, e reconhece, oficialmente, que sempre teria havido censura na análise do fenómeno.

Há no entanto um caso que ilustra bem, como a censura, passados 40 anos, está para durar...

Quando o Reino Unido anunciou que iria começar a disponibilizar os seus documentos oficiais, em 2008, os nossos colegas da Exopolítica Alemã solicitaram ao respectivo governo, o acesso a qualquer informação oficial que existisse, sobre o fenómeno ovni.
Wolfgang Schäuble (o actual austero ministro das Finanças) era na altura ministro do interior e rapidamente confirmou a não existência de qualquer estudo, documento ou informação sobre o tema.

Robert Fleischer, coordenador da Iniciativa Germânica de Exopolítica, não ficou convencido e resolveu investigar.
Um ano depois tinha conseguido provas de que o Departamento de Investigação Científica do Bundestag (parlamento alemão) tinha, em tempos, conduzido um estudo, supostamente semelhante ao Relatório Cometa efectuado pelos Franceses (estudo que concluía que alguns ovni teriam origem extraterrestre, e tal situação levantava questões de segurança nacional/mundial).

Com a ajuda de Frank Reitemeyer, colocaram uma acção em tribunal, exigindo acesso ao estudo, ao abrigo da lei alemã de liberdade de informação.
Perante as provas, e sem poder refutá-las, o parlamento tentou fazer a defesa de que o seu departamento de investigação científica não se encontrava abrangido pela referida lei.
No entanto, o tribunal administrativo de Berlim não foi ao encontro dos interesses do Bundestag, tendo, em 2011, julgado a favor dos requerentes e ordenado que a documentação pudesse ser consultada.

Como seria de esperar, foi interposto recurso contra esta decisão, mas agora, em finais de Junho de 2015, o Supremo Tribunal revalidou a sentença de 2011, e o Bundestag terá mesmo de permitir o acesso aos seus "ficheiros secretos".

Não se sabe ao certo quantos documentos são, nem quando serão disponibilizados, o que aliado à pouca vontade de colaboração do parlamento, já levou vários investigadores a duvidarem da eficácia desta decisão.

Schäuble, por seu lado, está "entretido" com a Grécia, e os extraterrestres de certeza que não farão parte da sua lista de prioridades, no entanto, este julgamento abre um precedente, num caso inédito, e que nos mostra que afinal, "onde há fumo há fogo", e que os ovnis, claramente, também são um problema político.

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