"Há mais coisas entre o céu
e a terra do que imagina
nossa
vã filosofia."
Willian Shakespere
Silas Costa(foto) é pescador. De sua casa simples em Peruíbe,
encravada à beira do mangue, tem uma vista privilegiada: a serra do Mar. Possui
píer privativo, onde está ancorado o seu barco. Às 4h30 sai para pescar, e é
nesse horário que costuma ter suas visões: “Do morro em direção ao mar, num
trajeto que não costuma passar aviões e abaixo das nuvens, é comum ver uma luz
forte”, relata. Para ele, essa luz tem uma explicação muito clara: “é um objeto
voador não identificado”. A revelação de que ovinis sobrevoam a cidade não
choca moradores e turistas desse município localizado entre o mar e a montanha,
no extremo sul do litoral paulista, até porque a luz descrita por Silas, também
costuma ser vista por diversas outras pessoas na região.
O relato de Silas, bem como de muitos outros moradores e
visitantes, é encarado com seriedade pela administração municipal de Peruíbe. A
cidade possui um céu límpido graças à falta de indústrias, uma vez que sua área
encontra-se ao abrigo de uma das mais importantes reservas naturais do mundo: a
Estação Ecológica Jureia-Itatins.
O interesse pelo assunto, que já atinge âmbito nacional,
motivou a prefeitura local a instituir um passeio turístico inusitado: o
roteiro ufológico. O itinerário, único de caráter oficial em todo o país, conta
com oito pontos propícios para se avistar os supostos objetos não
identificados. .
As luzes não seguem um único padrão. Podem variar entre
fortes e fracas, assim como ter cores, geralmente vermelho e amarelo.
Avistamentos de bolas de fogo também são comuns e, de forma mais concreta, há
quem afirme que já viu naves de diversas formas geométricas. Silas diz que
chegou a correr de uma delas, com receio de ser abduzido. “Uma vez, uma nave
muito parecida com um ônibus me acompanhou no trajeto de volta para casa. Ela
estava muito próxima, a cerca de 20 metros de distância. Foi a única ocasião em
que senti medo com esses fenômenos”, afirma o pescador.
Autor de dois livros sobre o assunto e fundador do Grupo
de Estudos Ufológicos da Baixada Santista, Wallacy suspeita que a aparição
constante desses ovnis em Peruíbe acontece por causa da Estação Ecológica
Jureia-Itatins. “É uma região preservada que esconde muitos mistérios e é rica
em minérios, que faz com que a casuística seja maior”. Histórias semelhantes
têm levado cada vez mais pessoas à cidade, atrás de experiências com seres
extraterrestres ou, simplesmente, por curiosidade. Ufólogos montam acampamento
no município quando um novo relato é registrado. “Vamos para pesquisar a fundo
casos que aconteceram por lá. Assim, entrevistamos testemunhas e colhemos materiais
para análise. Tentamos fazer uma investigação completa”, explicou o ufólogo
Wallacy Albino, morador de Guarujá.
Ufólogo da capital paulista e autor de livros sobre o
assunto, Paulo Aníbal vai além: “Peruíbe conta com algumas coisas bem
estratégicas que atraem esses ovnis, como a riqueza mineralógica, a geologia,
os produtos genéticos e a natureza abundante”. Aníbal, que há 25 anos estuda o
fenômeno, elogia a forma como a administração pública municipal trata o
assunto: “A única prefeitura em todo o Brasil que tornou esse roteiro oficial é
a de Peruíbe, e isso é muito bom porque nos dá a oportunidade de documentar os
eventos de maneira mais consistente”.
No início de 2001, realizou-se o 1º Congresso Ufológico
de Peruíbe, que reuniu 800 pessoas para discutir o fenômeno. Em abril do ano
passado, o congresso chegou à 8ª edição e contou com conferencistas de todo o
país, além de quatro preletores internacionais. Nesta edição, paralelo ao
congresso, foi realizada a 2ª Conferência Internacional Sobre Vida Extraterrestre
da Jureia. Juntos, os eventos atraíram cerca de 700 pessoas por dia.
A Secretaria de Turismo não tem dados concretos sobre o
número de pessoas interessadas no assunto que vão à cidade exclusivamente por
causa do roteiro alienígena. Contudo, afirma que a procura tem crescido.
Há quem esteja disposto a desembolsar de R$ 20,00 até R$
180,00 pelo passeio em pontos de avistamentos. A única agência de turismo na
cidade que realiza o roteiro é a empresa Na Trilha da Jureia. A excursão pode
levar de quatro horas até o dia inteiro, dependendo do que for fechado com o
participante.
A busca pelo roteiro acontece com mais frequência no
período do congresso, depois diminui. A procura é incipiente, mas curiosa, já
que chega a atrair pessoas que nem acreditam em vida extraterrestre.
Contudo, é um fenômeno que não se pode ignorar, já que
ajuda a aquecer a economia local. Diz João: “Uma pessoa de fora que chega à
cidade atraída por esse roteiro, gasta, em média, R$ 150,00 por dia, fora a
hospedagem. Isso traz retorno para o município”.
Conhecida como Capital Nacional do Disco Voador, a
cidade, contudo, não prima pela divulgação e exploração do roteiro. Os pontos
de avistamentos propostos não contam com placas informativas. “Isso é um erro,
pois os que vêm de fora não conseguem chegar sozinhos aos lugares apresentados
nos materiais de divulgação da prefeitura. Muitas vezes, passam pelo ponto e
não sabem que ali é o lugar que procuram. Se, por acaso descobrem, não têm como
conhecer a história daquele lugar sem a ajuda de um morador local”, reclama
Keila Andrea Costa, ufóloga e fundadora do Grupo de Estudos e Pesquisas
Ufológicas de Peruíbe.
Roteiro extraterrestre
Além das luzes coloridas e dos fortes brilhos no céu, há
relatos de pessoas que chegaram a ver seres iluminados que deslizam sem tocar o
chão. Isso vai de acordo com antigas fábulas da cidade. Keila explica que
Peruíbe tem muitas lendas sobre o assunto: “Dizem que no início da história da
cidade uma nave caiu aqui, com um casal extraterrestre e a ‘mulher’ morreu na
queda. O Exército capturou a nave e o corpo. Contam que, até hoje, o
sobrevivente ronda por aí, procurando por sua companheira. Descrevem-no como um
ser esbranquiçado, alto, de uns dois metros, que se move rapidamente”.
Segundo a ufóloga, a
lenda vai além. Ela conta que há quem acredite que ele possa ‘morar’ no
interior da Pedra da Serpente, um dos pontos de visitação sugeridos pelo
Roteiro Ufológico. Ela está localizada na encosta da serra, pela entrada para o
Guaraú. É uma imensa parede rochosa vertical, que possuía em relevo a
ilustração de uma serpente enrolada – hoje ainda dá para ver as marcas do
desenho na rocha. O local é apontado como pródigo em avistamentos de ovnis e de
seres luminosos. Há relatos de que, à noite, é possível observar um desses
seres, além de bolas de luz esbranquiçadas saindo da rocha em direção ao mar.
A região do Guaraú, tanto a praia quanto a serra, também
está inclusa na rota dos ETs. A praia do Perequê é outra que acumula inúmeros
relatos ufológicos. Foi numa praia que João Fioribelli Jr teve seus
avistamentos. Em uma das ocasiões, o secretário estava caminhando pela areia
com sua família, na região das Ruínas do Abarebebê, quando avistou uma imensa
luz esbranquiçada. O fenômeno durou cerca de 15 minutos, chegando a pairar no
céu bem acima da família. No mar, temos o segundo ponto: a Ilha da Queimada
Grande. O local, moradia das temidas e venenosas cobras jararacas-ilhoa, conta
com inúmeros avistamentos de ovnis e seres luminosos que, à noite, saem e
entram no mar. “Alguns ufólogos acreditam que a base submarina desses seres
extraterrenos fica embaixo da ilha”, explica o pescador Silas. Mas Wallacy
contesta: “Isso é bobagem. Não tem como ter uma base ali, porque nosso mar não
é tão profundo para isso”.
A praia de Barra do Una está no itinerário por conta do
relato de um casal local que, de madrugada, viu uma enorme bola de luz branca,
pairando sobre a areia da praia. Segundo narração publicada no site da
prefeitura, dois seres luminosos, que flutuavam bem próximos ao chão, saíram
dessa bola, e um deles foi em direção ao casal, que correu da criatura. Então
os seres voltaram para a nave que levantou voo sem emitir qualquer som.
O bairro de São José conta com uma ocorrência inusitada.
Em 2008, um objeto desconhecido teria pousado num taboal, bem próximo à rodovia
Padre Manuel da Nóbrega. Nesse local, uma marca oval foi constatada na manhã
seguinte, onde a vegetação foi amassada, seguindo o mesmo padrão. Na ocasião,
Wallacy e diversos outros ufólogos foram ao local para estudar as marcas.
A praia de Peruíbe e o Costão também são tidos como
ótimos pontos de avistamentos de ufos. Numa vigília realizada em 2009, um ovni
foi observado, realizando um movimento rápido. Ele saiu de Itanhaém e pairou a
aproximadamente 500 metros à frente das poucas pessoas presentes. Segundo
contam, o objeto voador não identificado afundou no mar.
Em três oportunidades, Ricardo Varela Correa, engenheiro
do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), visitou Peruíbe e achou
inusitada a proposta da prefeitura local. “É um roteiro interessante, pois abre
um leque cultural à parte sobre um assunto que não é muito explorado
turisticamente. Este é um itinerário que chama a atenção e, no turismo, tudo é
válido”, diz.
Se no turismo ele aprova, na ciência a situação é
diferente. Segundo o engenheiro, o Inpe não tem nenhum estudo realizado que
constate tais fenômenos. “Não temos o que dizer sobre tais aparecimentos, pois
cada declaração de avistamento faz parte da verdade subjetiva da pessoa”,
afirma.
APESAR DE SER UMA PROPAGANDA ESCANCARADA DO TIPO TURISMO
UFOLOGICO ACHEI QUE VALIA A PENA TER POSTADO! RONDINELLI.
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